DIVERSIDADE

Até a próxima quinta (18), estudantes de diversas etnias partilharão pesquisas e vivências da vida acadêmica

 

Celebração no Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas (Maloca) abriu Semana dos Acadêmicos Indígenas. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Músicas, cocares e pinturas corporais indicavam: o dia era de celebração das culturas indígenas na Universidade de Brasília. Mas não apenas. “Esse é um momento de mostrar para estudantes e professores não indígenas quem nós somos e que podemos contribuir muito para a vida acadêmica e para a UnB”, disse o aluno de Ciências Biológicas Leonel Atikum.

Ele era um dos presentes na abertura da V Semana dos Acadêmicos Indígenas da UnB, na manhã desta terça-feira (16). Até quinta (18), os estudantes vão partilhar informações sobre seus cursos, pesquisas e vivências na Universidade. Também vão discutir a melhoria das condições de permanência na instituição.

A adaptação e a conclusão do curso são desafios para esses estudantes. “Sofremos um choque cultural muito grande e temos muita saudade de casa”, contou o aluno de Engenharia Florestal Poran Potiguar. “É muito traumático voltar sem ter concluído, carregando uma culpa que não é nossa, mas do sistema, que não nos acolhe.”

ACESSO – A UnB foi a primeira universidade pública do país a criar um processo seletivo específico para indígenas. Em 2017, após quatro anos de interrupção, o vestibular indígena foi retomado. O ingresso, contudo, é apenas o primeiro passo para melhorar o acesso desses jovens ao ensino superior. O Ministério da Educação (MEC) paga uma bolsa permanência aos estudantes indígenas, mas já aconteceu de novas solicitações demorarem a ser processadas pela pasta.

Para que a voz seja ouvida: estudantes indígenas promovem semana temática sobre cultura e vida na Universidade. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

“Sabemos que não é um momento fácil para a UnB, mas vamos continuar lutando pelo vestibular indígena e pelas políticas de permanência. Nossa luta é diária”, comentou a presidente da Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB, Jenifer Tupinikim.

A entidade vem assumindo uma posição de vanguarda na defesa dos direitos dos estudantes indígenas de todo o Brasil.

PRIORIDADE – Presente na cerimônia de abertura, a reitora Márcia Abrahão lembrou o compromisso histórico da instituição com os indígenas. “Me sinto feliz pelos passos que foram dados. Em um cenário de dificuldades orçamentárias, temos que decidir o que é prioritário e a questão indígena é uma nas nossas prioridades”, garantiu.

Ela destacou que há uma comissão, no âmbito do Decanato de Ensino de Graduação, responsável por articular as políticas de ingresso e permanência para estudantes indígenas. O decano de Assuntos Comunitários, Ileno Izídio da Costa, também saudou o evento e disse estar analisando a viabilização da concessão de três bolsas de auxílio emergencial para os novos estudantes indígenas, que chegarão à UnB no segundo semestre. “O DAC é da causa e está com a causa”, afirmou.

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