ACOMPANHAMENTO ON-LINE

Oficinas de meditação, círculos de diálogo, qualificação em saúde e grupos terapêuticos são algumas das práticas oferecidas pela iniciativa

Objetivo é colaborar para os cuidados psicológicos da comunidade acadêmica e externa. Imagem: Reprodução/Site do projeto e-Terapias

 

Com a pandemia do novo coronavírus e suas consequências, como as medidas de isolamento social, cresce a atenção quanto aos impactos psicossociais deste contexto nas pessoas. Para dar suporte às demandas de cuidado com a saúde mental, docentes da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), da Bahia, deram início ao projeto e-Terapias, que oferece várias modalidades de apoio psicológico e emocional, além de orientações sobre como lidar com a covid-19 e pessoas infectadas.

 

O projeto funciona com a oferta de terapias on-line, conduzidas por professores da UnB e da UESC, além de profissionais das secretarias de Saúde (SMS) e de Desenvolvimento Social (SDS) do município de Ilhéus (BA), entre psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionista, educador físico. Todas as práticas são gratuitas e abertas à participação da comunidade externa. 

 

As intervenções são divididas em quatro categorias. As e-terapias de promoção de bem-estar envolvem a realização de oficinas de meditação, círculos de diálogos temáticos e bate-papos literários; já nas e-terapias de apoio psicossocial, são oferecidas conversas sobre qualidade do sono, autoconhecimento, uso de álcool e drogas, além de terapia comunitária e promoção da saúde mental a estudantes universitários.

 

Há ainda as e-terapias de apoio matriarcal, que contam com oficinas de saúde mental para lideranças religiosas, qualificação on-line em saúde e grupo de apoio a trabalhadores das redes dos sistemas Único de Saúde (SUS) e Único de Assistência Social (SUAS). A ação e-terapias de expressivas: escrita terapêutica e arteterapia desenvolve atividades com grupos terapêuticos específicos para pessoas diretamente afetadas pela covid-19, jovens indígenas e familiares em luto. 

Josenaide dos Santos coordena a equipe da UnB no projeto e aponta que a proposta visa promover o bem-estar e acolhimento para minimizar os efeitos do isolamento social. Foto: Arquivo pessoal

 

"O projeto converge para que uma rede de solidariedade e vínculos se fortaleçam no cenário de isolamento social. E, para tanto, utiliza tecnologia para minimização do sofrimento e promoção de bem-estar durante o enfrentamento da pandemia causada pela covid-19", frisa a professora Josenaide dos Santos, à frente da equipe da UnB.

 

"Esperamos que o projeto promova mudanças nas pessoas, seja na comunidade universitária e externa de Ilhéus (BA) e Distrito Federal, com acolhimento, formação de vínculos, fortalecimento de resiliência, empoderamento e transformação pessoal e coletiva no cenário provocado pela covid-19", completa.

  

Josenaide, que também é coordenadora de Articulação de Rede para Prevenção e Promoção da Saúde (CoRede) da Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária (Dasu/DAC) da UnB, argumenta que a pandemia acaba trazendo situações de apreensão devido ao medo do contágio.

 

"Os relatos de escassez de equipamentos médicos e leitos hospitalares causam também enorme preocupação de adoecer na população. Outro aspecto diz respeito às medidas de isolamento social em grande escala, que causaram um efeito psicossocial negativo, pois o distanciamento, à medida que protege, é uma ameaça real a nossa necessidade humana básica de conexão. Daí, as pessoas podem experimentar estresse incomum, ansiedade e até graves problemas de saúde mental, em resposta à situação que a pandemia impõe", alerta.

 

CONTRIBUIÇÕES – Algumas das ações a serem realizadas pelo projeto, além da oferta das e-terapias, são a caracterização de demandas psicossociais da comunidade, a identificação das ações terapêuticas virtuais que podem ser adotadas nos contextos públicos, a descrição da eficácia dessas estratégias e a análise das narrativas dos participantes das atividades.

 

"O projeto pretende oferecer apoio psicossocial frente aos crescentes problemas, como depressão, ansiedade, estresse e risco de suicídio. No âmbito de alcance social, o projeto poderá atingir públicos para além dos entornos das universidades envolvidas", destaca a professora Terapia Ocupacional da UnB Daniela Rodrigues, uma das colaboradoras do e-Terapias.

 

Daniela acrescenta que "as pandemias estão associadas a uma gama de estressores psicossociais, como ameaças à saúde mental, interrupções nas rotinas diárias, separação da família, perda de salário e isolamento social". Também docente de Terapia Ocupacional da UnB e integrante do projeto, Ioneide de Oliveira Campos ressalta que as mulheres têm tendência maior a sentir os impactos da pandemia na saúde mental.

Ioneide de Oliveira Campos, colaboradora do projeto, enfatiza que as mulheres podem estar mais susceptíveis às consequências da pandemia para a saúde mental devido à sobrecarga de tarefas. Foto: Arquivo pessoal

 

"Elas correm um risco importante porque têm uma sobrecarga de tarefas bem considerável no contexto doméstico, principalmente as mulheres que estão com seus filhos em casa fazendo um malabarismo entre a questão da educação dos filhos e as atividades domésticas. Muitas vezes essas mulheres são cuidadoras dos seus pais e de pessoas idosas", comenta a professora.

 

"Há uma dificuldade de organização dessas tarefas e de negociação com os familiares, então é importante observar os impactos com relação ao desenvolvimento de transtornos mentais relacionados à ansiedade e depressão", completa Ioneide Campos.

 

A professora Josenaide dos Santos aponta como o projeto pode contribuir para a saúde mental dos participantes. "As estratégias ofertadas estão associadas ao aumento da resiliência psicológica, promoção de bem-estar e prevenção do estresse, assim como ao incentivo dos indivíduos a viver e ter atividades saudáveis, meditação, aconselhamento, escuta, entre outros. Outro ponto que melhora a saúde mental são as informações fidedignas sobre a pandemia. O objetivo é alívio do sofrimento e a prevenção de depressão, ansiedade e estresse", pontua.

 

PARTICIPAÇÃO – A oferta de parte das abordagens terapêuticas tem início nesta semana. Os interessados devem se inscrever pelo site do projeto. Para algumas das modalidades, as inscrições ocorrerão em fluxo contínuo; outras têm limite de vagas, por isso o registro das solicitações de participação ocorrerão em prazos específicos e será reaberto mediante ao término das atividades. Mais informações sobre o e-Terapias e as práticas ofertadas estão disponíveis na página www.eterapias.uesc.br.

 

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