DEBATE

Mesa no 2º FFI abordou desafios das universidades brasileiras para melhorar competitividade científica. Encontro teve participação de pró-reitor da USP

Professor da USP, Sylvio Canuto manifestou preocupação quanto ao corte orçamentário das agências e instituições de pesquisa do país. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Na última quarta-feira (11), a mesa Internacionalização, Pesquisa e Inovação trouxe à comunidade acadêmica discussões sobre cooperação internacional e impacto científico. Mediado pela decana de Pesquisa e Inovação (DPI) da UnB, Maria Emília Walter, o debate fez parte do 2º Fórum e Feira de Internacionalização da Universidade, e teve exposições do pró-reitor de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), Sylvio Roberto Canuto, e da diretora de pesquisa do DPI, Cláudia Amorim.

 

Sylvio Canuto apresentou diferentes dados para contextualizar a situação atual das atividades de pesquisa em todo o país. Desde 2014, o Brasil vive uma queda no orçamento das principais instituições de financiamento científico. Ele também mencionou a possibilidade de corte de quase 90% do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para 2020.

 

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Mesa foi composta pela diretora de pesquisa do DPI Cláudia Amorim, pela decana de Pesquisa e Inovação (DPI) da UnB Maria Emília Walter e pelo pró-reitor de pesquisa da USP Sylvio Canuto. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“É uma preocupação muito grande, tendo em vista que se trata de um arsenal de ciência e tecnologia do Brasil”, disse em referência ao desembolso que o CNPq, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e a Finep Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), juntos, vem sofrendo nos últimos quatro anos.

 

De acordo com o docente, a produção científica brasileira tem tido um crescimento positivo, especialmente em relação aos vizinhos da América Latina. Mas o país ainda precisa melhorar os indicadores, uma vez que fica atrás de Argentina, Chile, Uruguai e Peru quando se compara a relação entre fator de impacto e colaboração internacional.

 

O pesquisador citou o recente relatório divulgado durante o evento Research Excellence Awards Brazil, pela empresa Clarivate Analytics. O documento aponta que 60% do conhecimento científico nacional é produzido por 15 universidades públicas – 11 federais e quatro estaduais –, entre as quais estão a USP e a UnB.

 

Para Canuto, é preciso desmistificar algumas informações que têm circulado na mídia e redes sociais. “Embora se divulgue que grande parte do financiamento de pesquisa em países de primeiro mundo seja proveniente de empresas, o total investido com recursos públicos nos Estados Unidos é da ordem de 60% e, na Europa, 77%”, apontou. O valor de fonte privada do meio empresarial corresponde a apenas 6% na nação americana e também na União Europeia.

Entre as ferramentas para encorajar a colaboração internacional, Claudia Amorim destacou redes estratégicas, plataformas on-line e líderes de pesquisa, que seriam, em sua visão, não apenas os pesquisadores, mas também os temas universais. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Diretora de pesquisa do DPI, Cláudia Amorim discutiu a importância da internacionalização para a pesquisa e inovação. “É preciso sempre lembrar que a internacionalização é um meio e não um fim em si mesma. Além de aumentar a qualidade da educação e da pesquisa, possibilita também rompimento das barreiras culturais e a proposição de soluções comuns para problemas em diferentes contextos”, expôs. 

 

Além de apresentar dados sobre a produção científica, Amorim também mencionou que está sendo feito atualmente um levantamento da infraestrutura de pesquisa da UnB, que conta com 625 grupos certificados pelo CNPq. O material será divulgado em breve. Outra iniciativa em desenvolvimento é a elaboração de uma política de inovação, frisado pela diretora juntamente com o primeiro Plano de Internacionalização da Universidade de Brasília.

 

INTERAÇÃO – Coordenador geral da Conferência Regional de Educação Superior para a América Latina e Caribe (Cres), Francisco Tamarit indagou os expositores se as universidades têm buscado colaboração específica com países do hemisfério sul. Sylvio Canuto disse que, no caso da USP, há algumas parcerias consolidadas com a Argentina e Chile, por exemplo, mas que ainda é pouco se comparado aos acordos com vigentes com nações do norte.

 

A decana Maria Emília Walter informou que a UnB possui muitos convênios com instituições da América do Sul, sobretudo nas ciências humanas e sociais. “Jamais podemos perder a nossa identidade regional. Muitas vezes temos uma atitude subserviente com países de primeiro mundo, mas temos que reconhecer nossas capacidades.” 

Representante de evento regional, Francisco Tamarit estava interessado em saber mais sobre a colaboração Sul-Sul. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Ex-aluno da UnB, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Laerte Ferreira perguntou como resolver os gargalos para que a pesquisa no país resulte em mais inovação, considerando um cenário ideal sem problemas orçamentários.

 

Para Canuto, a solução é investir em áreas estratégicas. No entanto, ele se diz preocupado quanto ao futuro da ciência e tecnologia, uma vez que a falta de investimento público coloca o sistema sob risco, pois a confiabilidade fica ameaçada.

 

Na opinião da professora Cláudia Amorim, uma possível iniciativa é profissionalizar a captação de recursos da universidade e que cada instituição tenha consciência e clareza quanto aos potenciais parceiros.

 

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