INOVAÇÃO

Plataforma Imapi, concebida em parceria entre UnB e outras instituições, traz dados de 5.570 municípios brasileiros sobre desenvolvimento infantil

 

Imagem mostra desempenho do município do Rio de Janeiro. É possível traçar comparação entre capitais de uma região, municípios de um estado ou, ainda, por porte da cidade. Imagem: Reprodução/Imapi

 

O Departamento de Nutrição da UnB, em trabalho conjunto com a Universidade Federal da Bahia (UFBa) e a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, desenvolveu uma plataforma que mostra a situação em que um município se encontra em relação a indicadores que influenciam diretamente na qualidade de vida das crianças. 

 

Por meio de gráficos de fácil leitura, o Índice Município Amigo da Primeira Infância (Imapi) aponta o estado de atenção à primeira infância por parte das autoridades que constroem políticas públicas. A plataforma, com informações de 5.570 municípios brasileiros, foi lançada no mês de junho, durante um webinário.

 

Para desenhar o indicador, o time interinstitucional levantou dados junto a órgãos municipais e utilizou como referência o modelo de nutrição de cuidados preconizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Foram considerados aspectos de cinco domínios relevantes para a primeira infância: saúde; nutrição; cuidado responsivo; aprendizagem inicial; e segurança e proteção. 

 

As notas para cada um variam de zero a cem. Cada domínio tem uma faixa de valor que corresponde a baixo, médio ou alto e que revela o desempenho do município na execução de medidas que promovam um ambiente oportuno de desenvolvimento.

 

A principal inovação do Imapi foi conseguir sistematizar informações sobre as áreas de atuação relacionadas à primeira infância, uma vez que, normalmente, as políticas carecem de uma visão intersetorial. "Cada gestor costuma conhecer bem a área em que atua, mas é difícil ver o todo", opina a coordenadora da pesquisa na UnB e professora do Departamento de Nutrição, Muriel Gubert.

 

O objetivo do trabalho é facilitar, a governantes e sociedade, a identificação de onde é necessário investir para promover um ambiente favorável ao desenvolvimento infantil. "A população passa a ter ferramentas para cobrar dos executores de políticas públicas", opina Gabriel Ferreira, estagiário do projeto e estudante de Nutrição da UnB.

Os cinco domínios têm cor própria e peso igual na definição da média do índice. Na figura, o tamanho das pétalas indica valor de referência alto, médio ou baixo. Imagem: Reprodução/Imapi

 

No Brasil, o município com o melhor resultado é São Sebastião do Anta (MG), com 72 pontos e desempenho alto em todos os domínios. Já o pior resultado é de Igarapé-Miri (PA), com 19 pontos. A professora Muriel Gubert explica que não há hierarquia entre os indicadores. "Não adianta ter assistência em um e não no outro", diz. O município de Bagre (PA), terceiro pior colocado, por exemplo, tem alto desempenho no indicador de segurança e proteção e baixo nos demais.

 

A leitura por regiões, capitais, estados e porte de município é uma das facilidades trazidas pelo site do projeto, que tem uma identidade visual leve. Dessa forma, pode-se comparar, por exemplo, os dados das capitais do país. Entre elas, João Pessoa (PB) teve o maior desempenho global, com uma média de 56 pontos. Já Macapá (AP) recebeu 30 pontos, dois a menos que Belém (PA) e Porto Velho (RO).

 

Brasília foi equiparada a município para a pesquisa. A capital do país deve ganhar um detalhamento próprio, por região administrativa, no início de julho, quando a equipe planeja lançar os resultados em um webinário.

Cada domínio considera valores diferentes para os níveis baixo, médio e alto. Imagem: Reprodução

 

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR Assim como a abordagem do trabalho parte de ótica diversa, a equipe também agrega profissionais de várias áreas. "Nossa equipe tem formações diferentes. Isso enriqueceu muito o trabalho por meio da troca de conhecimentos, além de ter contribuído para o crescimento acadêmico e profissional", conta Jéssica Pedroso, pesquisadora assistente do Imapi.

 

Os cientistas da UnB envolvidos no projeto são do Departamento de Nutrição e a equipe interinstitucional reúne pesquisadores e especialistas em políticas públicas, profissionais de ciências da saúde, nutrição humana, saúde coletiva e ciências da computação. Além deles, 14 especialistas em políticas públicas e primeira infância ligados a outras universidades e órgãos atuantes na temática auxiliam na atribuição de pesos aos indicadores e domínios.

 

Para Jéssica Pedroso, que fez graduação, mestrado e doutorado na UnB, a participação como pesquisadora assistente auxiliou na compreensão dos inúmeros fatores que podem influenciar o desenvolvimento de uma criança. Ela enfatiza o aspecto prático de aplicação da pesquisa. "O estudo me ajudou a compreender melhor ferramentas que auxiliam gestores na tomada de decisões."

 

Os dados do Índice Município Amigo da Primeira Infância devem render sete publicações em revistas e alavancar a carreira de futuros pesquisadores, como o estudante Gabriel Ferreira. "Ajudarei na escrita e serei coautor", pontua o graduando. Ele acredita que o currículo mais robusto ajuda nas oportunidades que virão caso, por exemplo, opte por seguir a vida acadêmica na pós-graduação. 

FINANCIAMENTO O projeto foi um dos 14 contemplados na chamada Grand Challenges Explorations - Brazil: Data Science Approaches to Improve Maternal and Child Health in Brazil, promovida pela Fundação Bill & Melinda Gates, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). A iniciativa também tem apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).

 

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