INCLUSÃO

Realizado pelo PPNE, o Musicografia Braille transcreve material didático para ser usado no curso de Música

 

Equipe do projeto do PPNE responsável pela adaptação do material a ser usado por Carolina Lima (ao centro). Foto: André Gomes/Secom UnB

 

No dia 4 de janeiro, é celebrado o Dia Mundial do Braille, em homenagem ao criador do sistema de escrita tátil, o francês Louis Braille. O código é utilizado por pessoas com deficiência visual, como é o caso da estudante Carolina Lima, que está no quarto semestre de licenciatura em Música na Universidade de Brasília.

 

Até o primeiro semestre de 2019, a graduanda recorria à Escola de Música de Brasília (EBM), de onde é egressa, para trazer a transcrição do material usado no curso da UnB, e a Coordenação de Apoio às Pessoas com Deficiência do Decanato de Assuntos Comunitários (PPNE/DAC) realizava as impressões em Braille. Mas as coisas mudaram desde agosto, com a entrada em exercício de projeto de adaptação de materiais acadêmicos para o Musicografia Braille.

 

Realizada pelo PPNE, a iniciativa se dá em parceria com o Laboratório de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual da Faculdade de Educação (LDV/FE) e o Departamento de Música do Instituto de Artes (MUS/IdA). O projeto também conta com o apoio da Escola de Música de Brasília (EMB).

 

Com equipe formada por seis estudantes bolsistas, dois voluntários e uma revisora de textos Braille do PPNE, o projeto adaptou os materiais a serem utilizados por Carolina Lima ao longo do segundo semestre de 2019. Foram produzidos: uma apostila de coral com dez partituras de canto; cinco cânones para a disciplina Linguagem e Estruturação Musical; método de flauta; três partituras de piano; material e gráficos de matrizes para regência.

 

O projeto começou em agosto e seguiu até dezembro de 2019 e foi financiado com recursos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Para a empreitada foram usados softwares gratuitos desenvolvidos por universidades brasileiras: Braille Fácil, MusiBraille e Monet.

 

Carolina Lima avalia que o material adaptado facilitou a jornada dela como estudante. “Também tornou mais ágil meu processo de aprendizado”, disse. A ideia é que o projeto produza materiais transcritos para outros estudantes que manifestem interesse. Cada adaptação é feita de forma personalizada, de acordo com as limitações de cada estudante. Thaís Imperatori, coordenadora do PPNE, informa que a UnB tem, na atualidade, registro de 43 estudantes com deficiência visual.

Carolina Lima conta que o processo de aprendizado tornou-se mais fácil com o material adaptado. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

O material para regência, por exemplo, demandou soluções criativas da equipe, já que o foco é criar um conteúdo acessível para a pessoa com deficiência e com o mesmo nível de desafio do que a versão impressa tradicional. “A pessoa com a limitação visual deve ter as mesmas possibilidades que a pessoa sem limitação. O objetivo do Braille é não favorecer e também não prejudicar”, explica Carolina Pinheiro, revisora de textos em Braille do PPNE.

 

Também integraram o projeto os estudantes de Música Lucas Pinheiro, Marcelino da Silva Cruz e Victor Hugo Queiroz, e os estudantes do Instituto de Letras (IL) Mariana Medina, Ana Karoline Versiane e Vanderval Lopes.

 

Para participar do projeto, é necessário ter conhecimentos sobre música e Braille. Quem explica é a revisora Carolina Pinheiro: “existem algumas codificações do Braille que é necessário conhecer”. E saber algo sobre programação também é um diferencial, detalha a servidora.

 

Carolina Pinheiro explica que a UnB pode produzir quatro tipos de materiais transcritos para estudantes com limitações na visão: transcrição em Braille  feito pelo PPNE  , tamanho ampliado, formato digital acessível e áudio com sintetizador de voz  os últimos três desenvolvidos pelo LDV.

 

>> Conheça mais sobre o trabalho realizado pelo LDV 

 

A experiência com os materiais desenvolvidos para a estudante Carolina Lima fizeram o grupo perceber a necessidade de dominar técnicas de adaptação e de criar soluções inovadoras para alcançar o resultado esperado. Foi o caso, por exemplo, da criação de uma codificação para a partitura para flauta doce. A tarefa é descrita por Ana Karoline, do curso de Língua de Sinais Brasileira/Português como Segunda Língua, como uma das mais difíceis realizadas pela equipe.

Coordenadora do PPNE Thaís Imperatori explica que o plano é ampliar a oferta de materiais adaptados para outros estudantes que solicitarem. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

FORMAÇÃO – Thaís Imperatori, coordenadora no PPNE, avalia que o projeto, além de gerar material necessário para os estudos de Carolina Lima, também foi bastante proveitoso para os bolsistas, que precisaram estudar bastante e desenvolver vários conhecimentos e habilidades. Foi o caso de Vanderval Lopes, no quarto semestre de Letras, e também estudante da EMB, que aprendeu Braille ao longo da execução do projeto. Ele conta que também foi necessário descobrir recursos de regência e estudar coral e flauta.

 

Mariana Medina, de Letras, conta que as partituras tradicionais contêm relativa liberdade de formatação de códigos, mas que, para a transcrição para o Braille, é necessário fazer adaptações. Além disso, Ana Karoline conta que o grupo precisou criar estratégias para a própria impressão do material, de forma que o conteúdo impresso em uma folha fosse coerente e compreensível para a leitura de Carolina Lima.

 

Aliás, a existência de uma impressora de Braille no PPNE foi uma das ferramentas que possibilitou a realização do trabalho. “Quando começamos o projeto, não sabíamos o tamanho do desafio, nem o tanto que demoraria para conhecer cada partitura”, conta Carolina Pinheiro.

 

EDITAIS 2020 – Para dar continuidade aos trabalhos do projeto em 2020, serão selecionados dez bolsistas para desempenho de atividades de adaptação de materiais de notação musical para Musicografia Braille. O edital 03/2019 prevê a possibilidade de formação de cadastro reserva. Os bolsistas devem cumprir carga horária de 12 horas semanais, com previsão de reuniões de acompanhamento e de avaliação com a equipe do PPNE/DAC. O projeto ocorrerá de janeiro a dezembro de 2020. As inscrições estarão abertas de 6 a 15 de janeiro.

 

>> Outras informações no edital 03/2019

 

Outros dois editais estarão abertos no início do ano. O edital 05/2019 selecionará dez bolsistas, preferencialmente, dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Desenho Industrial e afins para projeto de levantamento das condições de acessibilidade arquitetônica e urbanística na UnB. As inscrições também vão de 6 a 15 de janeiro.

 

E em fevereiro, o edital 04/2019 selecionará 30 bolsistas para produção de materiais acadêmicos em formato acessível para estudantes com deficiência visual. O foco serão estudantes, preferencialmente, dos cursos de Pedagogia e Letras em quaisquer de suas habilitações e licenciaturas em quaisquer áreas.

 

Confira matéria da UnBTV:

 

 

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