INTERNACIONAL

Vice-reitor ressalta importância da universidade e da ciência na cooperação entre os países. Discurso reuniu representantes dos cinco países que compõem o bloco

Enrique Huelva representou a Universidade de Brasília em evento do Brics para 200 pessoas na capital federal. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Integrantes do agrupamento Brics, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul foram responsáveis, juntos, por quase 3,5 milhões de artigos científicos publicados entre 2016 e 2019 por cerca de quatro milhões de autores. E esses números podem aumentar com ações desenvolvidas em parceria pelos cinco países.

 

A avaliação é do vice-reitor da UnB, Enrique Huelva, que apresentou os dados, retirados da base Scopus, em discurso na última quarta-feira, durante o Fórum sobre Intercâmbios Culturais e Pessoais do Brics. O evento fez parte da programação de atividades da 11ª Cúpula do Brics, ocorrida em Brasília, entre os dias 13 e 14 de novembro.

 

Segundo Huelva, a colaboração entre as nações do bloco econômico foi de 22,8%, no triênio 2016-2019. “É um dado muito importante, porque mostra que, no âmbito de produção científica, de intercâmbio acadêmico, há colaboração entre os países que formam o Brics."

 

“As ações envolvem as universidades, os centros de pesquisa e especialmente as pessoas que neles atuam. É uma colaboração que tem de ser destacada, levada em consideração no panorama mundial atual. É suficiente? Eu diria que não. Ainda podemos melhorar muito nas nossas colaborações científicas, tecnológicas e acadêmicas”, avalia.

Huelva apresentou dados da cooperação Brasil-China e provocou os demais países do bloco a estreitar relações. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Como exemplo a ser seguido, Huelva citou a parceria entre Brasil e China, responsável por 1,5% dos artigos publicados aqui. “É um percentual ainda relativamente pequeno, mas o impacto nessa modalidade é altíssimo", esclarece.

 

"O chamado Impacto Ponderado por Área indica que a produção científica em colaboração entre os cientistas dos nossos países atinge uma qualidade quatro vezes superior do que aquela produzida individualmente ou por outros cientistas do mundo”, aponta.

 

“A conclusão que podemos tirar disso é que a colaboração entre os pesquisadores dos diferentes países é um caminho claro para a qualidade da produção científica", resumiu.

 

"Colaborando entre nós atingimos patamares de qualidade muito superiores (na média) do que atingiríamos apenas colaborando entre cientistas dentro de cada um dos países que integram o Brics”, disse. Huelva destacou ainda a necessidade de qualificar a relação entre os países por meio da formação de lideranças, outra frente de atuação capaz de trazer respostas a muitos dos desafios comuns entre os cinco membros do bloco.

 

“Certamente nossas instituições têm muito a contribuir para a formação desses líderes, seja por meio do ensino propriamente dito, seja na investigação e no desenvolvimento de novas tecnologias de aprendizagem. Nesse sentido, é importante que o fortalecimento da cooperação internacional compreenda, também, a colaboração interinstitucional, com o intercâmbio de estudantes e docentes, programas de bolsas de estudos e estímulo à formação bi ou trinacional”, acredita Enrique Huelva.

 

O vice-reitor, que tem pesquisas relevantes na área de Linguística e é também um dos diretores da unidade do Instituto Confúcio sediada na UnB, defende investimento em política linguística atenta às necessidades do mundo contemporâneo. O objetivo deste centro é fortalecer a cooperação educacional e cultural entre Brasil e China, por meio de ações de apoio e promoção do desenvolvimento da língua e da cultura para aumentar o entendimento mútuo entre os povos desses países.

 

“Com o Instituto, promove-se não apenas o idioma, mas também a cultura chinesa, algo que ajuda a aproximar brasileiros de seus parceiros no país asiático. É inegável que esse tipo de iniciativa também ajuda a derrubar preconceitos. Um caminho é tomar isso como inspiração e fortalecer, também, a formação de professores para o ensino do português para além de nossas fronteiras”, sugere Huelva.

Os diretores Tiago Arakilian (Brasil), Nastia Tarasova (Rússia), Rima Das (Índia) e Shane Vermooten (África do Sul) aceitaram o convite para produzir um documentário em conjunto com o diretor-geral Lu Chuan (China). Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

O Fórum sobre Intercâmbios Culturais e Pessoais do Brics, focado no terceiro pilar de cooperação do bloco – fortalecimento dos laços entre as culturas e os povos dos países do agrupamento –, contou com a presença de um público aproximado de 200 pessoas.

 

A intenção era mostrar como as relações entre pessoas e a aproximação cultural podem promover o desenvolvimento dessas nações. Representantes dos cinco países apresentaram propostas como: intensificação do turismo; aumento de intercâmbio entre pesquisadores, cientistas e esportistas; expansão das trocas literárias e audiovisuais.

 

DOCUMENTÁRIO – Para provar que é possível fortalecer o lado humano e cultural no bloco econômico, foi feito um documentário de 20 minutos, uma coparticipação de cinco renomados diretores oriundos do Brics. Cada um ficou responsável por um episódio de Crianças e Glória, filmado nos cinco países para retratar adolescentes e crianças em busca de seus sonhos.

 

O trailer (abaixo) foi exibido na abertura do fórum e a partir de agora o documentário poderá ser exibido nos países do agrupamento. O bloco promete fazer, futuramente, uma nova versão do filme para o cinema a ser distribuída mundialmente.

 

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