DEBATE

Reitora Márcia Abrahão relembra ideais do fundador da UnB e a repressão militar

Atualidade do pensamento de Darcy Ribeiro esteve em pauta em evento promovido pela Unifesp. Reitora Márcia Abrahão esteve entre convidados. Imagem: Reprodução


Em A universidade necessária, o antropólogo Darcy Ribeiro propõe inovações para o ensino superior por acreditar que a modernização do currículo e o crescimento autônomo das universidades eram o caminho para a transformação social da América Latina. No livro, ele evoca a responsabilidade política da comunidade acadêmica e a importância de se defender a democracia e a livre convivência entre todas as correntes de pensamento dentro do ambiente universitário.

 

Ainda atual, o pensamento do fundador da Universidade de Brasília (UnB) foi tema de uma mesa no Congresso Acadêmico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) 2022, em debate sobre as perspectivas de futuro das universidades e também sobre a realidade atual das instituições. Uma das participantes da mesa, a reitora Márcia Abrahão enfatizou os desafios históricos enfrentados pela UnB, especialmente as invasões no período da ditadura militar. Lembrou do colega Honestino Guimarães, então estudante de Geologia, vítima da repressão. “A Universidade foi muito agredida na época da ditadura militar. Não queremos rever este passado no futuro”, disse.

Reitora Márcia Abrahão mencionou desafios recentes vivenciados pela UnB. Imagem: Reprodução

 

A reitora lembrou ainda do quanto os ideais de Darcy Ribeiro se mantêm na Universidade. “A UnB sempre procura seguir seus princípios sendo extremamente democrática e muito preocupada com a inclusão social. A Universidade fez sua expansão por meio do Reuni e avançou para cidades fora do Plano Piloto, com os campi de Ceilândia, Gama e Planaltina, foi pioneira nas cotas raciais, teve a primeira reitora em 2016 e segue avançando em ações de sustentabilidade, direitos humanos, inclusão e democratização de acesso ao ensino”, detalhou.

 

Entre os desafios atuais enfrentados pela Universidade, Márcia Abrahão listou: a tentativa de parcela da sociedade e de governantes de desacreditar a ciência e o ensino das universidades, reduções e cortes orçamentários, além da ausência de legislação que assegure o financiamento para as universidades federais independentemente de governos. Ela disse ainda que entre os caminhos para manter viva a utopia de Darcy Ribeiro estão a busca pela autonomia administrativa e de gestão financeira e orçamentária, uma maior aproximação com a sociedade e o fim da lista tríplice para nomeação de reitores.

 

A professora Maria Beatriz Luce, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), reforçou que a democratização do acesso à universidade representa democratização do conhecimento. “A universidade necessária precisa ser um espaço-tempo extremamente importante e valioso para compreender e ser capaz da reflexão crítica sobre essa realidade, para que a gente possa alinhavar e trabalhar a noção de educação como bem público, que contribui para a promoção da justiça e da equidade social”, defendeu.

 

A mesa A Universidade Necessária: a evolução da educação superior e ciência e tecnologia no Brasil e reflexões sobre o futuro, do II Congresso Acadêmico da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) foi realizada na tarde desta quarta (29) e contou ainda com a participação de Carlos Eduardo Bielschowsky, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); de Pedro Fiori Arantes, coordenador do Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (SoU_Ciência) da Unifesp; e mediação de Maria Angélica Minhoto, coordenadora do SoU_Ciência da Unifesp.

 

Confira a mesa na íntegra:

 

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