EXTENSÃO

Palestra de Márcio Pochmann abre o evento, às 9h30. Atividades científicas e culturais da SemUni pretendem integrar academia e sociedade

 

Arte: DEX/UnB

 

Tem início nesta segunda-feira (23) a XVII Semana Universitária da UnB (SemUni), com cerca de 400 atividades gratuitas nos quatro campi da instituição. A abertura oficial terá a presença do economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Márcio Pochmann. A conferência ocorre às 9h30, no anfiteatro 9 do ICC Sul, no campus Darcy Ribeiro, e traz como tema os 55 anos da UnB.

 

Ciência, ousadia e integração social: conhecimento, democracia e resistência é o mote central desta edição da SemUni, que deverá movimentar mais de dez mil pessoas até o dia 27 de outubro. Estudantes de graduação e pós-graduação, professores, técnicos administrativos e comunidade externa poderão conhecer um pouco mais da diversidade da produção acadêmica da UnB. 

 

>> Confira aqui a programação geral da SemUni 

Exposição de trabalhos na Semana Universitária de 2016. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

“Essa é a oportunidade de a UnB apresentar-se para a sua comunidade naquilo que realiza no âmbito da pesquisa, do ensino e da extensão e de suas múltiplas experiências, mas também de integrarmos nossa sociedade, para que ela saiba o que a Universidade faz”, afirma a decana de Extensão, Olgamir Amancia.

 

O neurocientista e professor da Universidade de Columbia (EUA) Carl Hart; o diretor geral do Ministério da Educação da Noruega, Sture Berg Helgensen; e o secretário-geral da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), Paulo Speller, são alguns dos convidados confirmados.

 

PROGRAMAÇÃO – O público terá a chance de discutir temas relevantes da atualidade em palestras, mesas-redondas, seminários e eventos da Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Além disso, poderá participar de atividades diversas, como oficinas, mostras, exposições e cursos, em diferentes áreas do conhecimento.

 

Destinados à exposição de trabalhos acadêmicos e científicos e à divulgação dos cursos da Universidade, as tradicionais Mostra Científica (Pibic) e de Extensão (Pibex) e a Mostra de Cursos de Graduação são destaques na agenda da SemUni, além do III Congresso do Projeto Rondon e do ciclo de diálogos América Latina e Europa, promovido pelo Departamento de Estudos Latino-Americanos (ELA).

 

A UnB também integra o Dia C da Ciência, que insere suas atividades na SemUni durante a quarta-feira (25). A ação mobiliza universidades e instituições de pesquisa de todo o país para mostrarem à sociedade a importância das pesquisas e a influência delas no cotidiano.

 

Como parte das iniciativas culturais, a comunidade também conhecerá os vencedores do 17º Festival Universitário de Música Candanga (Finca). A grande final será disputada na sexta-feira (27), no Centro Comunitário Athos Bulcão, e encerra a SemUni. 

Márcio Pochmann discutirá situação das universidades diante da crise econômica na abertura da SemUni Foto: Sérgio Silva/Divulgação

 

ABERTURA – Márcio Pochmann é doutor em Ciência Econômica, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, pela Unicamp.

 

Também dedicado à carreira política, é presidente da Fundação Perseu Abramo e já esteve à frente da Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade de São Paulo (2001-2004) e do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) (2007-2012).

 

Na abertura da SemUni, ele discutirá os impactos da atual crise econômica no Brasil sobre a ciência e as universidades. Em entrevista à Secretaria de Comunicação da UnB, Márcio destacou a recuperação da economia e atuação da sociedade como fatores importantes para retomada dos avanços na educação e a inserção dos jovens no mercado de trabalho.

 

Secom: Como você avalia a atual situação da educação e, em especial, das universidades, nesse momento de recessão enfrentado pelo país?

 

Márcio Pochmann: A decisão de colocar a educação no centro da política brasileira foi feita nos anos 2000, quando o Plano Nacional de Educação passou a ser um vetor do desenvolvimento nacional. Ele não só estabelece um horizonte para a educação, como também metas a serem cumpridas e fontes de financiamento. O paradoxo é que, uma vez feita essa construção, quando pudemos dar um salto quantitativo e qualitativo na educação, terminamos em um ato de regressão. Isso após a aprovação da emenda constitucional que estabeleceu, para os próximos 20 anos, a impossibilidade do crescimento real dos recursos para a educação. O resultado é imediatamente perceptível, não apenas pela queda de financiamento nas universidades públicas, mas pela ameaça crescente de privatização.

 

Secom: Quais são as perspectivas para os investimentos em educação, ciência e tecnologia nos próximos anos? Como isso deverá impactar a economia?

 

Márcio Pochmann: Não se deveria pensar de forma fragmentada em educação, ciência, tecnologia e desenvolvimento econômico, pois eles caminham de maneira articulada. Na recessão em que vivemos, não apenas a economia encolheu, com consequências no aumento do desemprego, pobreza e exclusão social, como também, os recursos do setor público para a área social e para a educação foram contingenciados. A ciência e a tecnologia, inclusive, foram as mais afetadas. Uma perspectiva econômica dependerá da retomada do caminho escolhido pela população para a educação e avanço tecnológico. Até porque, num horizonte internacional, a chamada sociedade do conhecimento pressupõe um novo salto civilizacional, em que educação e tecnologia são os elementos propulsores.

 

Secom: O desemprego afeta atualmente quase 30% dos jovens no Brasil. Como reverter esse panorama e incluir mais esse grupo no mercado de trabalho?

 

Márcio Pochmann: O desemprego atual dos jovens resulta de dois aspectos. Primeiro, da redução do nível de ocupação no país, da qual eles são os mais afetados. O segundo diz respeito ao fato de os jovens que não estavam no mercado de trabalho, mas que, em geral, estudavam, diante do desemprego dos pais, abandonarem a situação de estudante para, de forma solidária, procurar emprego e elevar a renda da família. Se não mudarmos o cenário rapidamente, o risco é de o Brasil perder uma geração, que não poderá completar seu ciclo educacional e encontrar postos de trabalho para o acolher. O Brasil tem a mão de obra mais qualificada de todos os tempos, com jovens nas universidades. Mas esse esforço termina não sendo compensado pela situação de resistência à volta do crescimento da economia.

 

SERVIÇO Para conhecer mais as ideias de Márcio Pochmann, basta comparecer ao anfiteatro 9 do Instituto Central de Ciências, no campus Darcy Ribeiro, na próxima segunda-feira (23), às 9h30. Ele é o palestrante da abertura oficial da SemUni, que traz à reflexão o tema UnB 55 anos: ciência, ousadia e o futuro. O evento possui inscrição prévia.

 

 

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