UnB 55 ANOS - CIÊNCIA E OUSADIA

Lançamento de livro da Editora UnB abre série de celebrações à trajetória do militante estudantil, que teria completado setenta anos nesta terça-feira (28)

 

Evento na Faculdade de Tecnologia homenageia Honestino Guimarães. Atividade integra comemorações pelos 55 anos da Universidade. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB 

 

Na tarde desta terça-feira (28), a UnB iniciou uma série de celebrações em homenagem à memória de Honestino Guimarães. A data da cerimônia foi escolhida pelo simbolismo: neste dia o militante estudantil completaria setenta anos se estivesse vivo. Símbolo da resistência contra a ditadura militar, Honestino foi o primeiro colocado no primeiro vestibular para Geologia realizado na UnB, em 1965. O estudante foi visto pela última vez em 1973. O evento realizado no Auditório Roberto Salmeron da Faculdade de Tecnologia (FT) foi marcado pelo lançamento do livro Paixão de Honestino, escrito por Betty Almeida e publicado pela Editora UnB (EDU).

 

O lugar estava tomado por contemporâneos de Gui – como era conhecido. Amigos, familiares e jovens estudantes assistiram a interpretações artísticas, palestras e ao documentário Arquivo Honestino, produzido pelo CUCA/UNE e dirigido por Paula Damasceno. A diretora da EDU, Germana Henriques, iniciou o encontro falando sobre o livro. “Este material contém a história coletiva da UnB e do Brasil. Ele nos traz a esperança de melhores tempos e nos leva a refletir: O que queremos do nosso país? Que tipo de estudantes queremos formar aqui?”, questionou.

 

A mesa de abertura do evento contou ainda com as presenças da reitora Márcia Abrahão e do vice-reitor Enrique Huelva. “Neste 55 anos da UnB, resolvemos trazer à memória esta pessoa marcante para a Universidade que foi Honestino”, destacou Huelva. Em seguida, a reitora parabenizou a EDU pela sensibilidade demonstrada ao publicar o livro. “Como ex-aluna de Geologia, considero que não poderíamos deixar de falar de Honestino”, disse.

 

Uma intervenção artística dirigida pelo professor André Luís Gomes, do Programa de Pós-Graduação em Literatura (PósLit), e a declamação de um poema de Adeilton Lima fizeram parte das atrações.

Mesa de abertura do evento em homenagem a Honestino Guimarães. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

Na sequência do evento, formou-se uma mesa de discussão composta pela autora Betty Almeida; pela prefaciadora do livro, Maria de Nazaré; pelo ex-reitor da UnB José Geraldo de Sousa Junior; pela diretora da EDU à época da publicação, Ana Maria Fernandes; pela vice-presidente local da União Nacional dos Estudantes (UNE/DF) Luiza Calvette e pelo sobrinho de Honestino, Mateus Guimarães.

 

COMOÇÃO – Muito emocionada, a autora Betty Almeida – contemporânea de Honestino – relembrou outros dois estudantes da UnB que permanecem desaparecidos desde o período do governo militar: Ieda Delgado e Paulo de Tarso.

 

Professora aposentada da UnB e amiga de Gui, Maria de Nazaré falou em seguida. “Com a perda de Honestino, perdemos grande parte da inocência do mundo. A expressão viva de valores que ele incorporava. Nós perdemos uma chama, que, no entanto, permanece presente. Não podemos fazer nada sem a classe trabalhadora, que tanto sofre”, comentou.

 

“Essa é uma cerimônia difícil e também necessária”, afirmou o ex-reitor José Geraldo. “É o resgate de um percurso de sofrimento e de sacrifício, para que as coisas não voltem a acontecer. Todavia, elas nos rondam. O dia de hoje marca a ressignificação do que essas histórias representam para nós. Honestino Guimarães não é biografia. É um percurso solidário, coletivo."

Professores da Universidade e representante do movimento estudantil participaram de mesa de debate, juntamente com a autora do livro. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

Representante da UNE/DF, Luiza Calvette se disse honrada por estar no meio de “grandes lutadores da Universidade”. “É uma grande honra vestir a mesma camiseta de Honestino e lutar a mesma luta, pelos mesmos ideais”, afirmou. “Honestino nunca foi um jovem neutro, sempre se mobilizou. Hoje, em 2017, nos vemos, de novo, frente a ameaças à nossa democracia. Nossa grande homenagem é continuar a luta."

 

Por fim, o sobrinho Mateus Guimarães comentou sobre o impacto da morte do tio para a família. “Para nós não foi uma surpresa o desaparecimento de Gui. Ainda assim, é estarrecedor o tamanho do erro do Estado, do sistema”, resumiu. “Vivemos um momento de resgatar e refletir valores e desafios. Este é um momento de olhar para dentro. Crescer dói. É muito mais difícil olhar para dentro do que para fora, mas é necessário. O momento é para isso, para avaliar nosso sistema democrático”, opinou.

 

Além do evento realizado na FT, compõem as homenagens duas sessões de exibição do filme Honestino, dirigido por Maria Coeli. A primeira aconteceu nesta quarta-feira (29). A última será nesta quinta (30), às 19h, no Museu Nacional Honestino Guimarães (Museu da República).

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