DIVERSIDADE

Seminário, debates, parada, mostras de filmes e rodas de conversa seguem até sexta-feira (29)

 

Seminário organizado pelo Núcleo de Estudos da Diversidade Sexual e de Gênero (Nedig/Ceam) faz parte da Semana LGBT. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Em comemoração ao Dia do Orgulho LGBT, mundialmente lembrado nesta quinta-feira (28), a UnB recebe programação diversificada sobre cidadania, respeito e valorização das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneras – abarcadas pela sigla. Organizada pela Diretoria da Diversidade (DIV/DAC), a Semana do Orgulho LGBT é realizada em parceria com coletivos estudantis.

 

De acordo com a coordenadora da Diversidade Sexual da DIV, Maria Célia Selem, a iniciativa busca promover um ambiente plural e acolhedor em consonância com a campanha UnB Mais Humana. “A importância está no fortalecimento das ações para enfrentamento da intolerância no contexto acadêmico, para que possamos efetivar na prática o que preconiza o regimento institucional.”

 

As atividades tiveram início no dia 25 e estendem-se até esta sexta-feira (29), com rodas de conversa, performances, exibição de filmes e oficinas nos campi Darcy Ribeiro, Ceilândia (FCE) e Planaltina (FUP). Um dos momentos mais esperados é a Parada do Orgulho LGBT, cujo trajeto vai do Instituto Central de Ciências (ICC) ao Restaurante Universitário (RU), por via externa. 

Parada LGBT reuniu membros da comunidade acadêmica nesta quinta-feira (28). Clique na foto para ver mais imagens. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“Anualmente, são promovidas atividades acadêmicas e também de extensão em parceria com os movimentos sociais em torno da conscientização e da necessidade de garantia de direitos à população LGBT”, informa a professora Tatiana Lionço, coordenadora do Núcleo de Estudos da Diversidade Sexual e de Gênero (Nedig/Ceam).

 

O setor esteve à frente do seminário Resistência LGBT e democracia no Brasil contemporâneo, nesta terça-feira (26), que debateu representatividade política e ativismo nas universidades.

 

Um dos convidados do seminário foi o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Leandro Colling. Ele destacou como a própria dinâmica de pesquisa tem colaborado com a resistência LGBT dentro das instituições de ensino superior. Sua fala teve como foco a contribuição dos estudos queer (termo usado para designar pessoas que não seguem o modelo de heterossexualidade ou do binarismo de gênero). “A partir de novos grupos de estudo e eventos acadêmicos, as pesquisas constituem-se num grande esforço de luta e transformam a universidade num ambiente menos careta.”

 

No ponto de vista do docente, a produção acadêmica ajudou a defender a não patologização das pessoas trans, por exemplo. “Os estudos cada vez mais diversos mostraram que o debate nesse caso era muito mais de cunho ideológico do que biológico”, destacou. Ele propõe uma reconfiguração das metodologias tradicionais e a promoção de mais estudos de natureza multidisciplinar. “Temos que sair de uma orientação heteronormativa, questionar saberes consolidados e construir novos conhecimentos de uma perspectiva LGBT”. 

 

Para Colling, não há divergências entre ativismo e academia. “Cada um tem suas especificidades, mas sempre houve muito diálogo.” Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Política Social da UnB, Kaic Ribeiro discute a temática em sua pesquisa e elogiou o debate. “Essa discussão na universidade, de um ponto de vista mais institucional, possibilita ir além da efervescência dos coletivos e movimentos”, opinou.

 

EXPERIÊNCIA ATIVISTA  A discussão também teve a participação da presidente da Associação Nacional das Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson. A militante apresentou parte do dossiê elaborado pela Antra, com levantamento dos assassinatos de pessoas trans no Brasil. Em 2017, foram registrados 179 homicídios e em 2018, já foram 80.

 

“Esse diagnóstico será levado às cortes internacionais para constranger as autoridades políticas brasileiras. As travestis e transexuais são assassinados com requintes de crueldade e não tem uma autoridade pública no país que faça algo”, lamentou. Para ela, o movimento precisa perceber que essa luta é coletiva e não individual. 

Keila Simpson, presidente da Associação Nacional das Travestis e Transexuais, dividiu suas experiências com comunidade universitária. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Keila citou como marcos da luta política pelos direitos da comunidade LGBT o Programa Brasil sem Homofobia e a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, ambos dos anos 2000. “São ações recentes. Durante muito tempo essas garantias ficaram silenciadas. As pessoas ainda têm dificuldade de aceitar o outro.”

 

Outra discussão foi sobre engajamento político, que teve a presença do coletivo Vote LGBT, representado pelos integrantes André Chalom e Fernanda Fortes. “Nosso objetivo é aproximar eleitor e eleitora LGBT à política nacional, principalmente no Legislativo”, explicou André. Segundo ele, culturalmente, foca-se muito mais na eleição do Executivo, abandonando as outras campanhas.

 

O coletivo também busca traçar um perfil sociodemográfico e político de quem frequenta as paradas LGBT pelo país. “Já fizemos essa pesquisa em grandes cidades, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Tentamos diagnosticar o perfil dessa população, mapeando temas tabus e outras opiniões desse público”, apontou Fernanda.

 

28 DE JUNHO  A data faz alusão ao episódio conhecido como A Revolta de Stonewall Inn, ocorrido em Nova Iorque, em 1969. Pessoas LGBT que frequentavam o bar estadunidense reagiram contra as frequentes discriminações e repressão policial no local, efeito de uma política estatal. O levante contra a perseguição policial durou mais duas noites e, no ano seguinte, resultou na organização da primeira Parada do Orgulho LGBT, realizada em julho de 1970.

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