DISCUSSÃO

Nesta semana, UnB sediou evento do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior (ForProex)

Representantes de pró-reitorias de extensão das instituições públicas de educação superior. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

A UnB recebeu, entre os dias 27 e 29 de maio, o 45º Encontro Nacional do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (ForProex), com tema Os 50 anos da publicação de Paulo Freire “Extensão ou Comunicação”.

“A extensão é a prática que melhor traduz o retorno da Universidade à sociedade, embora isso também ocorra nas atividades de ensino e pesquisa. Com a extensão, temos a oportunidade de estreitar laços com a comunidade, trocando experiências e prestando serviços de grande relevância, que contribuem para uma formação cidadã e comprometida com a transformação social”, destacou a reitora Márcia Abrahão, presente na abertura do evento.

Ela sugeriu que os participantes pensassem no estabelecimento de um Dia E da Extensão, aos moldes do que já acontece com o Dia C da Ciência, organizado por diversas associações científicas e universidades. “Esse tipo de ação ajuda a popularizar ainda mais o nosso trabalho, em um momento em que o papel das universidades vem sendo duramente questionado.”

Eleita para a coordenação nacional do ForProex na gestão 2019-2020 como vice-presidenta, Olgamir Amancia, decana de extensão da UnB, participa do Fórum desde 2016.

“Quero registrar minha alegria em participar do fórum mais revolucionário da educação brasileira, cuja marca é a transformação da realidade”, celebrou a decana. Ela destacou o papel de referência da UnB para a construção de um projeto de desenvolvimento nacional e prometeu: “o diálogo vai ser o elemento a definir nossas ações”.

O encontro do ForProex foi marcado por diversas discussões sobre o papel da extensão universitária na relação com a sociedade, além de apresentações culturais de artistas e coletivos ligados à extensão, como o Hamaca – Coro da Diversidade Cultural da UnB, o Canto Coletivo e Improvisado e a Batalha da Escada.

MOVIMENTOS SOCIAIS Hoje na Universidade da Cidadania, vinculada ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Chico Alencar foi deputado federal por quatro mandatos (2003-2018).

Ele questionou como o saber acadêmico pode ter um encontro democrático com o saber popular. Em outras palavras: “como construir a universidade popular?”, perguntou aos palestrantes. Esse foi o centro da discussão da roda de conversa sobre Extensão Universitária e Movimentos Sociais, uma das muitas atividades realizadas durante a programação do ForProex.

Jarbas Vieira (MAM), Eliene Vaz (FUP), Márcia Regina Alvarenga (UEMS), Bruno Milanez (PoEMAS) participaram de debate sobre extensão universitária e movimentos sociais. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Federal de São Carlos e doutor em Política Ambiental pela Lincoln University (Nova Zelândia), Bruno Milanez sugeriu que universidade e movimentos sociais têm a missão de construí-la juntos.

Bruno é um dos fundadores do Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS), que surgiu da discussão sobre o modelo de mineração brasileiro, com objetivo de compreender o papel social, econômico e ambiental da extração mineral em escala local, regional e nacional. Realizando atividades de pesquisa e extensão, o grupo foi fundado em parceria com movimentos sociais. “O papel da universidade é ser um espaço de encontros”, disse.

Jarbas Vieira participa do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) desde 2012. O MAM tem como objetivo organizar as populações atingidas pelos projetos de mineração e debater na sociedade o modelo de mineração adotado no país.

“Antes do rompimento da barragem de Mariana, quem aqui já tinha discutido sobre problemas minerais na sua cidade?”, questionou Jarbas. “É enriquecedor ter esse espaço, principalmente nessa conjuntura difícil da mineração no Brasil.”

Para Eliene Vaz, docente no curso de Licenciatura em Educação do Campo da Faculdade UnB Planaltina (FUP), é fundamental a reflexão sobre papel da universidade em sua relação com a população. “Os conhecimentos produzidos precisam dialogar com o território, construir alternativas para transformação da realidade”, argumentou.

Além da atuação acadêmica, ela também participou por dez anos do Movimento de Organização Comunitária. Ele explica que a Licenciatura em Educação do Campo nasceu da luta de movimentos sociais rurais, e hoje tem estudantes quilombolas, do território Kalunga, e de assentamentos da reforma agrária.

INSERÇÃO CURRICULAR Outra roda de conversa, sobre a implementação das Diretrizes Nacionais de Extensão Universitária, discutiu os 10% no currículo das Universidades para a extensão.

Durante o evento, foi apresentado o mapeamento da inserção da extensão no currículo das Instituições Públicas de Educação Superior, com a maioria, 42, ainda em processo de discussão das normativas.

A resolução do Ministério da Educação (MEC) aprovada no ano passado está de acordo com a meta 12.7 do Plano Nacional de Educação (PNE) – que assegura 10% dos créditos curriculares para projetos de extensão – e traz definições para as políticas de extensão da educação superior brasileira.

As instituições de educação superior têm até 14 de dezembro de 2021 para adequar-se às normas e reservar 10% da carga horária para atividades de extensão. De acordo com a resolução, são consideradas atividades de extensão programas, projetos, cursos e oficinas, eventos e prestação de serviços.

Ana Lívia Coimbra (UFJF) e Alexandre Pilati (UnB) falaram sobre a percentagem da extensão no currículo das universidades. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Ana Lívia Coimbra, pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) destacou que a inserção da extensão nos currículos é importante para formação integral dos estudantes e também para a relação entre universidade e sociedade.

Tendo como centro o diálogo, o evento também teve participação de Alexandre Marino Costa, presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação (ForGrad). “Temos que trabalhar para que o estudante tenha uma formação que leve em consideração as demandas da sociedade”, argumentou.

Diretor-técnico de Extensão da UnB, o professor Alexandre Pilati falou sobre o andamento do processo na UnB, que está acontecendo com diálogos constantes com o Decanato de Ensino de Graduação (DEG) e Câmara de Ensino de Graduação (CEG). São três frentes: informação, debate e formulação.

“Essa discussão vem em um momento de mudança cultural, para que o tripé da universidade – ensino, pesquisa e extensão – funcione de maneira mais ativa”, disse.

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