NO BRASIL E NO MUNDO

Roda de conversa promovida pelo CDS reuniu representantes de entidades públicas e privadas

Profissionais, pesquisadores e estudantes reuniram-se no jardim do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) para roda de conversa. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

As mudanças climáticas em curso no planeta foram tema de debate nesta quinta-feira (6), no Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da UnB. Por ocasião da Semana do Meio Ambiente, a unidade organizou uma roda de conversa baseada no Diálogo Talanoa, processo liderado pelas Ilhas Fiji que, desde 2017, tenta conscientizar países de que é preciso tomar medidas mais arrojadas para conter o avanço da temperatura média da Terra.

A composição da mesa deixou claro que debater mudanças climáticas não é responsabilidade apenas de grupos ligados ao meio ambiente. No encontro, mediado pelo professor João Nildo Vianna, do CDS, foram contemplados representantes de setores econômico, industrial e jurídico. Para todos, as ameaças ao meio ambiente representam forte impacto.

A diretora do Instituto Planeta Verde, Márcia Leuzinger, considera que o contexto brasileiro é dramático, à beira de uma catástrofe. No instituto, ela presta assistência jurídica a organizações voltadas à proteção do meio ambiente. Leuzinger considera que medidas adotadas desde 2003, permitindo a entrada da soja transgênica e redução de competências de órgãos responsáveis pela proteção ambiental, abriram as portas para a situação atual.

“O que vemos hoje é um total desmonte de toda estrutura ambiental que levamos décadas para construir: áreas protegidas sendo vistas como as grandes vilãs do desenvolvimento, desmatamento apontado como ponte para o progresso e afirmações sobre a inexistência do aquecimento global”, enumera.

Para Márcia, esses retrocessos estão consolidados no novo código florestal, que anistia quem degradou a floresta tropical de forma criminosa sem exigir recomposição. “A lei anterior, feita em 1965, era razoável. Tinha pouca efetividade, mas esse é um problema que se resolve aplicando e não mudando a lei”, lamenta.

Ao lado do professor Nildo Vianna, Márcia Leuzinger apontou os meios jurídicos para defesa do clima. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Andreia Bolzon, representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), alertou para a ameaça de empregos gerada pela falta de compromisso com a preservação ambiental. “Cerca de 1,2 bilhão de empregos estão ameaçados pela degradação do meio ambiente. Eles estão situados, principalmente, na agropecuária e dependem de um ambiente preservado e de proteção ambiental para serem garantidos”, disse. Ela acrescentou que o aumento do estresse térmico tem impactado com redução das horas de trabalho, sobretudo na agricultura e nos países em desenvolvimento.

O representante do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Marcelo Khaled Poppe, atua na inteligência do sistema nacional de inovação e destacou as oportunidades promovidas à sociedade por meio do desenvolvimento de pesquisas no campo da sustentabilidade. Para Marcelo, o alinhamento com acordos ambientais é importante para um “novo caminho ao planeta”.

VIRTUDES Rafael Guerreiro Osório, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) trouxe como contribuição a importância dos estudos e das pesquisas para fomentar projetos em diversos campos da sociedade.

O pesquisador conta que outros países reconhecem projetos do Brasil como inovadores, por possuírem encaminhamentos sociais alinhados a políticas econômicas. “Mencionam o Bolsa Verde, que foi cancelado em 2017. Em outra ocasião falaram sobre o Seguro Defeso, que inclusive leva o nome criado aqui para várias partes do mundo”, compartilha.

Para o representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcos Vinícios Cantarino, as indústrias brasileiras são muito organizadas e são as “mais eficientes do mundo”. De acordo com Marcos, quando os valores da indústria estão preocupados com as mudanças climáticas, há grandes chances de alavancar a produção e torná-las mais eficientes.

 

*estagiário de Jornalismo na Secom/UnB.

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