EXTENSÃO

Dia de atividades pelos dois anos do museu virtual do bioma promoveu troca de conhecimento na Faculdade de Educação

Foto: André Gomes/Secom UnB.
Plantas, frutos e sementes do Cerrado foram expostos na entrada do evento comemorativo. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

Uma árvore cheia de folhas mudou a paisagem interna no prédio 5 da Faculdade de Educação (FE) na última quarta-feira (19). Ao lado da árvore, uma bancada com sementes e frutos chamava atenção: baru, jequitibá-do-cerrado, pimenta-rosa, olho-de-cabra, fruta-do-lobo, jatobá exibiam cores e formas variadas. A exposição integrou as atividades em comemoração aos dois anos do Museu do Cerrado, plataforma virtual que reúne informações sobre o bioma.

 

Na programação, palestras, rodas de conversa e mesa-redonda reuniram estudantes, docentes e especialistas de entidades dedicadas ao meio-ambiente em debates de temas, como a reserva da biosfera do Cerrado. Exposições e memorial dos povos cerratenses somaram riqueza à agenda do dia, junto ao sarau cultural que trouxe três bandas, de ritmos variados com composições sobre o bioma.

 

Fundadora do museu e docente da FE, Rosângela Corrêa falou sobre a importância da ferramenta. “Com o Museu do Cerrado conseguimos dar visibilidade ao bioma, principalmente junto às escolas. Ele é espaço de pesquisa para qualquer educador ou estudante, além de ser meio de divulgação de conhecimento e projetos desenvolvidos por escolas, ONGs, universidades e outras instituições públicas”, comentou a professora, na abertura do evento.

 

A festividade também inaugurou a nova interface da plataforma virtual, que ganhou recursos mais interativos e novas funcionalidades. “Temos pessoas de todo o Brasil e de fora do país acessando o conhecimento científico e o conhecimento dos povos indígenas e tradicionais disponibilizado no museu. Estamos muito felizes de fechar o semestre com o site de cara nova”, compartilhou Rosângela. 

A professora Rosângela Corrêa ao lado da pesquisadora da Embrapa Araci Alonso. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

EXPERIÊNCIAS – A exposição Sementes e Frutos do Cerrado foi promovida pela Embrapa Cerrados. “Aqui o público encontra vários tipos de frutos e sementes do Cerrado. A pimenta-rosa é usada na gastronomia; a bolsa-de-pastor é usada para restauração ecológica, alimento de araras, uso decorativo”, exemplificou Araci Alonso, pesquisadora da Embrapa.

 

Participante da iniciativa desde sua concepção, Bruno Corrêa é graduando em Ciências Biológicas na UnB e destaca outros benefícios da plataforma. “A internet tem muita informação, mas que nem sempre é segura para ser usada no meio acadêmico. Com o museu, passamos a ter informação confiável reunida em um único local”, comenta o estudante.

 

Outra conquista é apontada por ele: no último semestre, o Museu do Cerrado foi transformado em projeto de extensão. “Temos 11 alunos de cinco cursos diferentes participando: Ciências da Computação, Ciências Biológicas, Pedagogia, Gestão Ambiental, Ciências Ambientais. Isso fortalece a iniciativa e valoriza a extensão”, opina Bruno.

 

Estudante de Agronomia, Gislane Medeiros de Lima participou do evento e considera necessário ampliar os diálogos sobre o bioma. “Um dos problemas atuais é não nos sentirmos pertencentes ao Cerrado. Moramos no ambiente urbano e achamos que o Cerrado é algo fora da cidade. Mas vivemos nessa região, que é Cerrado. Então essa aproximação é importante”, comentou.

 

O colega Mattheus Mota, graduando de Artes Visuais, também aprovou a iniciativa. “É uma oportunidade de nos aproximarmos da cultura do Cerrado. Eu estou pensando em possibilidades para trabalhar a educação ambiental vinculada às Artes Visuais”, compartilhou o jovem.

Foto: André Gomes/Secom UnB.
Kamuu Dan Wapichana apresentou livro de sua autoria, destinado ao público infantil, sobre o valor das sementes na cultura indígena. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

CONSCIENTIZAÇÃO – Graduando em Ciências Ambientais e membro da Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB, Kamuu Dan Wapichana participou da mesa de abertura do evento. “Sou do Cerrado de Roraima. A vegetação lá é bem rasa e meu povo costuma chamar de lavrado. Fico muito feliz em estar aprendendo mais sobre o bioma na Universidade”, disse.

 

Wapichana lembrou que os povos indígenas e as comunidades tradicionais têm muito a contribuir para a ciência. “Para nós o Cerrado é vivo. Ele não pode ser visto na academia apenas como objeto de pesquisa. Precisamos sentir a dor de cortar o Cerrado, de acabar com a sua água. Temos que sentir agora, porque quando tudo estiver destruído não vai mais adiantar”, alertou o indígena.

 

Para o assessor de sustentabilidade ambiental da UnB, Pedro Zuchi, o museu aproxima as pessoas do Cerrado ao reunir, por exemplo, conceitos das espécies e seus usos culinários e fitoterápicos. “Essa experiência deve ser fortalecida e compartilhada. É aproximando as pessoas das informações sobre o ambiente que vivemos que conseguiremos sensibilizá-las para a importância da conservação.”



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