BOAS-VINDAS

Em aula magna, a ecologista e docente da UnB destacou o papel dos jovens e das universidades na construção de soluções para os desafios da sociedade

 Palestra virtual com Mercedes Bustamante (acima, à direita) acolheu estudantes e inaugurou o 2º/2021. Representantes da administração superior – entre eles, a decana de Extensão, Olgamir Amancia (erquerda) – participaram da atividade. Imagem: Reprodução/UnBTV

 

O semestre letivo (2º/2021) da Universidade de Brasília teve início na última semana com acolhida calorosa e repleta de reflexões. No final da tarde de sexta-feira (21), estudantes foram recepcionadosdurante o #InspiraUnB, com palestra virtual de Mercedes Bustamante, cientista da UnB, ecologista premiada e referência no bioma Cerrado e em mudanças climáticas. Durante a apresentação, a docente destacou a importância da ciência e da atuação dos jovens universitários na construção de soluções para os desafios da sociedade. A aula magna foi transmitida pelo canal da UnBTV no YouTube.

 

O tema da palestra, A Ciência e o Nosso Futuro Comum, fez referência ao documento Nosso Futuro Comum (Our Common Future), ou Relatório Brundtland, de 1987, que popularizou o conceito de desenvolvimento sustentável. Resultado final dos trabalhos da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 1983 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o relatório leva o nome da presidente da comissão, Gro Harlem Brundtland, então primeira-ministra da Noruega.

 

O documento descreve que existe um planeta e vários mundos, mas que o ideal seria um planeta e apenas um mundo, pois reconhece as desigualdades entre as regiões e os grupos sociais. Na contramão desses aspectos, é defendida a justiça e a equidade entre as gerações. “Não podemos deixar hoje condições piores para as futuras gerações do que aquelas que os nossos pais nos deixaram”, elucidou a ecologista.

Mercedes Bustamante apresentou pesquisa da ONU sobre prioridades dos jovens para o futuro. Imagem: Reprodução/UnBTV

 

A docente vinculada ao Instituto de Ciências Biológicas da UnB defendeu a ciência como uma ferramenta relevante na resolução dos desafios complexos que se perpetuam entre as diferentes gerações, como as mudanças climáticas, a poluição, a perda da biodiversidade, entre outros. No entanto, como resolver tudo isso? Para responder a questão, a ecologista afirmou que é importante olhar para o que pensam os jovens. Ela apresentou uma pesquisa realizada pela ONU, com participantes do mundo inteiro, para saber as prioridades dos jovens para o futuro. O item número um da lista foi a proteção ambiental.

 

Mercedes ressaltou a relevância da participação dos jovens, em todas as áreas do conhecimento, na promoção de mudanças. “Hoje, eles entendem a desigualdade entre as gerações, que todas as crises sistêmicas diminuem as suas oportunidades no futuro e que é a geração atual que tem a obrigação de conduzir essas transformações. É isso que nos vai dar a garantia de futuros planetários mais justos e sustentáveis”, projetou a docente.

 

Segundo a ecologista, as universidades podem contribuir para esse processo ao envolver a comunidade interna e externa para “ajudar a moldar novos caminhos para o mundo, educando cidadãos globais e entregando conhecimento e inovação à sociedade”.

 

Para explicar a função da ciência, fez uma analogia à cartografia. Ela pediu ao público que imaginasse um mapa que prepara a melhor rota para chegar a um destino, aponte os engarrafamentos e as áreas de perigo. Segundo a docente, é assim que a ciência atua, ao auxiliar as pessoas "a ler e compreender melhor o mundo e suas dinâmicas e a apontar e planejar opções de trajetórias futuras".

 

Mercedes demonstrou que a análise crítica e o planejamento de novos caminhos são importantes em tempos desafiadores. Como exemplo de períodos críticos, mencionou a pandemia de gripe espanhola de 1918, a crise financeira global de 1929 e a década de 1968, marcada por movimentos sociais.

 

Na opinião da cientista, atualmente a sociedade está passando, ao mesmo tempo, por três momentos marcantes similares àqueles do século 20, com o enfrentamento da pandemia de covid-19, de uma crise econômica e outra social. “A gente percebe como a pandemia exacerbou desigualdades históricas, e hoje essas desigualdades se colocam tão claramente que a sociedade precisa fornecer soluções para essas demandas”, apontou.

 

Ela ponderou que o cenário é de convergência de crises sistêmicas e que não há um único caminho para enfrentar esses problemas, mas sim três alternativas: ideias inovadoras, novas abordagens e mentes frescas. “E é exatamente a combinação desses três fatores que encontramos numa universidade, que tem em seu bojo a formação de jovens profissionais, pesquisadores e professores”, reforçou.

Na palestra, Mercedes enumerou as crises sistêmicas vivenciadas globalmente na atualidade. Clique na imagem para vê-la ampliada. Imagem: Reprodução/UnBTV

 

PASSADO, PRESENTE E FUTURO – Em referência ao início da jornada acadêmica dos estudantes, Mercedes Bustamante salientou que, ao entrar em uma universidade, o indivíduo passa a integrar uma comunidade ampla, conectada com várias partes do planeta, na produção de conhecimento. Assim, procurou mostrar que os avanços e as descobertas científicas são resultado da contribuição de muitos agentes.

 

A palestrante abordou a importância da ciência na compreensão do mundo, por fornecer as declarações mais confiáveis em relação às diversas áreas do saber. Porém, atentou para a existência de movimentos negacionistas que afetam a confiabilidade no potencial transformador da ciência.

 

Para ela, a educação é essencial no combate ao negacionismo científico não apenas em relação à difusão do conhecimento, mas também de habilidades e ferramentas para analisar criticamente as informações e avaliar a veracidade desses dados.

 

Mercedes mencionou, ainda, a responsabilidade dos pesquisadores nesse processo, com destaque à necessidade de haver uma comunicação clara com a população sobre os conceitos científicos. "A ciência tem um papel fundamental, estabelecendo esse diálogo com a sociedade e colocando o conhecimento produzido a serviço dela”, enfatizou.

 

ACOLHIDA DA GESTÃO – O evento também contou com a participação de membros da administração superior. O vice-reitor Enrique Huelva frisou que a recepção aos calouros sempre é uma ocasião regada de alegria. “É momento de celebrar esta nova etapa de todos vocês. A concretização, tenho certeza, de muito esforço e dedicação. De braços abertos, a UnB espera estar à altura de todos os sonhos que a vida universitária convoca, que o conhecimento pode concretizar”, disse.

 

Olgamir Amancia, decana de Extensão, pontuou o compromisso de Mercedes Bustamante com os preceitos basilares da instituição. “Penso que você traz a essência do que os fundadores desta Universidade sempre defenderam e que é aquilo que nós acreditamos como UnB: uma universidade que seja inovadora, criativa, mas que se coloque para de fato contribuir com as transformações que a nossa sociedade, particularmente a brasileira, tanto precisa.”

 

Com fala direcionada aos estudantes que acompanhavam o evento, Olgamir Amancia acrescentou: “Vocês foram brindados com uma fala extremamente inspiradora e desafiadora para esse próximo tempo que temos pela frente, neste semestre que iniciou. É uma experiência que vocês irão vivenciar no cotidiano da UnB.”

 

Via chat do YouTube, Ileno Izídio da Costa, decano de Assuntos Comunitários (DAC), escreveu: “Palestra inspiradora sobre o nosso papel como universidade e produtora de ciência e conhecimento. Clareza maior impossível!”.

 

Confira o #InspiraUnB com Mercedes Bustamante:

 

*Estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

 

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