BIOSSEGURANÇA

Universidade sediou 1ª reunião de grupo de trabalho sobre o tema. Objetivo é reforçar fiscalização em portos, aeroportos e fronteiras do país e evitar entrada de pragas e agentes infecciosos

Foto: Mariana Costa/UnB Agência

 

Fiscais federais da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) – órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – que atuam no aeroporto de Brasília devem receber a ajuda de cães farejadores até 2016, ano das Olimpíadas. A equipe é responsável por evitar a entrada no país de pragas e agentes infecciosos, como vírus e bactérias.

 

Segundo Cristiano Melo, diretor de pesquisa da UnB, cães serão treinados para fiscalizar as bagagens de passageiros de voos internacionais. "A ideia é que os animais ajudem a detectar produtos vegetais e animais que transitam internacionalmente. Transportados de modo clandestino, são maiores as chances de eles trazerem larvas, bactérias e outros agentes infecciosos", diz.

 

A fiscal federal Edilene Cambraia aponta que cerca de 40 pragas entraram na China durante as Olimpíadas. "Com o aumento do fluxo de passageiros, os riscos de que esses agentes ingressem no país também aumentam", ressalta.

 

Para se ter uma ideia do poder de destruição desses invasores, Cristiano Melo cita o caso da peste suína africana, no final da década de 70, no Rio de Janeiro, quando "mais de 60 mil porcos tiveram de ser abatidos com prejuízos de mais de 40 milhões de dólares”.

 

Ele relata também os problemas causados por duas pragas agrícolas no nordeste brasileiro: o bicudo do algodoeiro, na Paraíba, e a vassoura de bruxa, na Bahia. “Houve uma grande devastação das plantações e das economias dessas regiões", alerta.

 

"O uso de cães no aeroporto de Brasília faz parte de um projeto piloto", acrescenta Melo, que há sete anos trabalha com o tema em colaboração com a Vigiagro. "A ideia, contudo, é expandir o projeto para todo o país e reforçar a fiscalização nas áreas de maior risco, o que inclui portos e áreas de fronteira. É uma questão de biossegurança."

 

CÃES DE FARO – Os técnicos acreditam que, em dois anos, o Centro Nacional de Cães de Detecção da Vigiagro estará em funcionamento. "Os cães devem receber treinamento em Brasília e serão enviados para as regionais", explica o fiscal federal Marcos Sá.

 

Entre as vantagens, ele destaca a velocidade dos animais na detecção de produtos clandestinos. “Um cão farejador acompanhado de seu condutor pode realizar o trabalho equivalente ao de quatro fiscais", estima.

 

Para definir a melhor forma de usar os animais, o grupo de trabalho, composto por fiscais de vários Estados, esteve reunido no Centro de Desenvolvimento Tecnológico da UnB (CDT) na semana passada. Esta é a primeira vez que o grupo se encontra para discutir o tema. A iniciativa conta com o apoio científico da universidade.

 

"As pesquisas científicas ajudam a embasar as decisões de governo", afirma Sá, que, em 2012, defendeu tese sobre o assunto na UnB. Outro projeto da UnB em parceria com a Vigiagro identificou, por exemplo, voos e perfil dos passageiros internacionais que costumam transportar produtos proibidos. "Os dados vão ajudar no trabalho de fiscalização", diz.

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