GEOCIÊNCIAS

Estudos multidisciplinares buscam evidências sobre a datação de rochas e minerais. Atividades são acompanhadas pela indústria do petróleo

Foto: Arquivo Pessoal

 

Análises científicas realizadas na Argentina podem contribuir para a definição mais precisa dos limites entre as eras geológicas. As pesquisas, com participação da Universidade de Brasília, têm potencial para revelar o período de desaparecimento de espécies animais e fornecer informações sobre formações rochosas. “Com o uso de novos métodos e a integração de conhecimentos buscamos calibrar a escala do tempo geológico e dar fim a algumas incongruências”, explica o professor do Instituto de Geociências Márcio Pimentel, um dos idealizadores do Laboratório de Geocronologia da UnB.

 

Segundo Pimentel, informações preliminares publicadas em papers internacionais do grupo de pesquisa dão conta de que o Período Jurássico pode ter sido mais longo e o Cretáceo reduzido, em relação ao que hoje é referenciado. Os estudos são realizados a partir da retirada de amostras brutas de sedimentos das regiões da Patagônia e de Salta, província no noroeste do país vizinho. Os minerais são analisados na UnB e no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), com o apoio das universidades de Buenos Aires e de Salta.

 

A observação de cristais do mineral Zircão recebe atenção especial por ser o mais adequado para determinar a idade de formações de rochas e auxiliar na datação de mudanças dos ecossistemas e evolução da vida na Terra. “Avaliamos as amostras com métodos diferentes e, depois, compartilhamos as informações”, explica o professor Márcio Pimentel.

 

Ilustração: Marcelo Jatobá/UnB Agência

 

A parceria internacional para pesquisa em território argentino teve início em 2007. Além dos geólogos, os trabalhos envolvem a atuação de profissionais das áreas de Paleontologia, Química e Física.

 

PETRÓLEO – As pesquisas contribuem para o avanço das geociências e despertam o interesse da indústria do petróleo. O conhecimento do tempo e do modo de formação das rochas subsidia o setor. “O estudo não leva a achar petróleo, mas fornece informações importantes para atividades exploratórias por aprimorar o conhecimento sobre a evolução das bacias sedimentares”, diz Márcio Pimentel.

 

Trabalhos de campo similares aos realizados na Argentina serão desenvolvidos na Bacia do Rio Parnaíba, no Piauí. As pesquisas serão lideradas por Reinhardt Adolfo Fuck, professor emérito da Universidade de Brasília.

Professor Márcio Pimentel (D) e estudante Rafael Neiva no Laboratório de Geocronologia. Foto: Marcelo Jatobá/UnB Agência

 

INFRAESTRUTURA – As análises na UnB são amparadas pelo Laboratório de Geocronologia. O espaço de 1400 m² sedia atividades de professores, pesquisadores e estudantes de pós-graduação e de iniciação científica. Salas climatizadas abrigam equipamentos modernos como espectrômetros de massa, utilizados para identificar composição e idade de minerais e rochas.

 

O laboratório foi concebido em 1995. “Funcionávamos em três salas adaptadas no subsolo do ICC [Instituto Central de Ciências]”, lembra o professor Pimentel. Dez anos depois, com aporte de recursos da Petrobras, os estudos de geocronologia ganharam espaço próprio em área próxima ao Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico. A maioria dos equipamentos é adquirida por meio de editais das agências de fomento à pesquisa e da Petrobrás . A manutenção das instalações é feita pela universidade.

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