RECONHECIMENTO

Com vasta experiência em cartografia, docente aposentado do Instituto de Geociências (IG) foi um dos fundadores do curso de Geologia

Onildo Marini exibe o título de emérito entregue pela reitora Márcia Abrahão. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

“Essa é talvez a cerimônia de emérito com mais pessoas de cabelo branco”, brincou o mais novo professor emérito da Universidade de Brasília, Onildo João Marini. Certamente, grande parte do público era formada por ex-alunos e colegas de profissão. Eles prestaram homenagens ao docente na tarde desta terça-feira (28), no auditório da Reitoria.

 

Há três meses de completar 80 anos, o agraciado fez um discurso improvisado, relembrando parte de sua trajetória e das histórias que marcaram sua carreira. “Se pudesse voltar no tempo, pouca coisa teria feito diferente. Agradeço aos que viveram e batalharam junto comigo e também aos meus ex-alunos, meu grande orgulho”, declarou.

 

Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1963, o geólogo trabalhou na Petrobrás no Recôncavo Baiano. Ele também acumulou experiências na Comissão da Carta Geológica do Paraná, ficando encarregado pela cartografia da Folha Geológica de Araucária.

 

Entre 1968 e 1971, foi professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, onde cursou o doutorado sob orientação do professor alemão Heinz Ebert. O pós-doutorado foi realizado no Canadá nos anos de 1986 e 1987.

 

O contato com a UnB deu-se em dois momentos diferentes: em 1965 e em 1971. Da primeira vez, Onildo Marini ajudou a fundar o curso de Geologia, mas ficou apenas um semestre, pois fez parte do grupo de docentes que seguiram o professor Roberto Salmeron na demissão em massa. 

Onildo Marini foi saudado por comitiva antes de sentar-se à mesa da solenidade. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

Em 1971, ele retornou à instituição liderando diversas iniciativas e coordenando projetos, como a reestruturação do trabalho final de graduação e a viabilização de convênios com organizações, entre elas o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e a Eletronorte.

 

Além disso, o docente também marcou época com duas importantes conquistas: a criação do mestrado em Geologia e a transformação do Departamento de Geociências no Instituto de Geociências (IG), passando a ser o primeiro diretor. Na UnB, atuou até 1991, quando se aposentou.

 

HOMENAGENS – Durante a solenidade, o professor Onildo Marini foi recepcionado por uma comitiva, formada por seis figuras importantes ligadas à sua vida acadêmica e pessoal: o seu filho, professor do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia, Miguel Ângelo Marini; os professores eméritos do IG, Reinhardt Fuck e Augusto Cesar Bittencourt; o professor, também do IG, Nilson Botelho; o ex-professor do Departamento de Geologia Geral e Aplicada do IG, Paulo Roberto Meneses e o diretor-presidente da Geos, Elmer Salomão.

 

O discurso de apresentação do currículo foi feito pelo professor Reinhardt Fuck, com quem estudou na graduação e compartilhou importantes momentos de sua carreira. O amigo lembrou de outros importantes reconhecimentos que o mais novo emérito da UnB recebeu, como a Medalha Pandiá Calógeras em 2008, pela Sociedade Brasileira de Geologia (SBGeo); as homenagens da Brazil-Canada Chamber of Commerce e da Adimb e a conquista de personalidade do ano do setor mineral pela revista Brasil Mineral

Professor Reinhardt Fuck apresentou ao público os feitos do homenageado. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

“Vários dos trabalhos do professor Onildo, sobretudo os de revisão, foram e são marcos no avanço do conhecimento geológico do Centro-Oeste e do Brasil”, avaliou Reinhardt. Onildo Marini publicou três livros, cinco capítulos de livros, dez cartas geológicas, 60 artigos completos e orientou quatro mestres.

 

Ele também presidiu o Núcleo de Brasília da Sociedade Brasileira de Geologia, tendo também presidido a SBGeo nacionalmente, contribuindo para o Plano Energético do Carvão Mineral. Após a aposentadoria, foi pesquisador do DNPM, tendo sido diretor da Divisão de Geologia durante dois anos.

 

Foi um dos responsáveis pela criação da Agência para Desenvolvimento da Indústria Mineral Brasileira (Adimb), atuando como secretário executivo até 2018: “Em sua gestão, Marini estimulou parcerias e viabilizou projetos de cooperação e promoveu 160 cursos em exploração mineral e mineração, formando mais de dois mil profissionais”, lembrou Reinhardt Fuck.

 

EX-ALUNOS – Dentre os ex-alunos do professor, dois estavam na mesa da solenidade: a reitora Márcia Abrahão e o diretor do IG, José Eloi. “Para mim é uma honra ter presidido as reuniões que iniciaram o processo de indicação”, alegou Eloi. A aprovação do título de emérito deu-se na reunião do Conselho Universitário (Consuni) em março de 2019.

Familiares, amigos e ex-alunos lotaram o auditório da Reitoria para prestigiar o professor emérito. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

Ele foi aluno da última turma de Marini e disse que lembra com detalhes das aulas sobre roteiro de geologia do Brasil: “à noite, tínhamos que chegar e pintar o mapa. Foi um período marcante”. José Eloi considera-se “filho geológico” do docente e diz seguir o estilo rigoroso com seus alunos também. 

 

Para a reitora, um dos principais legados do emérito é o esforço de aproximação com a sociedade, especialmente em sua atuação na Adimb. “Ele que iniciou o movimento de buscar parcerias com o setor privado e aproximar as empresas da universidade”, enfatizou.

 

Com a outorga desta terça, o IG passa a contar agora com quatro professores eméritos: Othon Leonardos, Reinhardt Fuck, Augusto Cesar Bittencourt e Onildo Marini.

 

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