INGRESSO

Seleção incentiva alunos do nível médio a articular conhecimentos na construção do pensamento crítico. Provas mais recentes ocorreram no fim de semana

Vestibular encerra processo formativo na educação básica e prepara os estudantes para o universo da academia. Foto: Secom UnB 

 

Debate sobre temas da atualidade, integração entre conhecimentos, aplicação prática de saberes acadêmicos e do cotidiano. Os elementos não só ganharam destaque no vestibular de 2019 da Universidade de Brasília, realizado no último fim de semana, como refletem o compromisso da instituição com a qualidade de seus exames de seleção ao longo de décadas. Requisitos como esses consolidam as diretrizes do tradicional processo seletivo, uma das principais formas de ingresso na instituição.

 

Nesta edição, mais 13 mil pessoas compareceram às provas de conhecimento e de redação em língua portuguesa nos últimos sábado (1) e domingo (2). A aplicação ocorreu em 19 localidades do Distrito Federal, de Goiás e de Minas Gerais. Em cada dia, os candidatos tiveram cinco horas para resolver 150 questões de diferentes áreas do conhecimento. Para isso, foi necessário demonstrar capacidade de leitura crítica e analítica nos temas propostos, com base em saberes cotidianos que extrapolam os currículos abordados no ensino médio. 

 

Ao longo dos anos, o vestibular da UnB tem aproximado estudantes da educação básica das discussões presentes nas salas de aula da Universidade e estimulado a construção do pensamento humano e cidadão. A etapa prepara os alunos para uma mudança de realidade: a passagem para a vida acadêmica. “Mais do que uma prova de seleção, o vestibular é um momento formativo no percurso do aluno em direção à UnB”, diz Alexandre Pilati, professor do Instituto de Letras e diretor técnico no Decanato de Extensão (DEX).

 

O docente acompanha há mais de dez anos a realização do processo seletivo. Ele ressalta como mérito do exame o incentivo à diversidade do pensamento, característica que dialoga com o próprio papel da Universidade. “Assim como na vida acadêmica, as questões das provas, mesmo as mais complexas, são colocadas para debate. Por isso, a avaliação representa muito bem esse espaço democrático de reflexão, em que o problema não é escondido, mas abordado das mais variadas perspectivas”, avalia.

 

Pilati destaca ainda a pluralidade de linguagens e gêneros textuais como atributos que dão dinamismo aos conteúdos abordados. São quesitos que demandam dos candidatos grande leque de habilidades para a resolução das questões. A intertextualidade é também considerada um diferencial.

 

Para o professor do Departamento de Matemática Antônio Luiz de Melo, a variedade de conhecimentos envolvida nas questões requer dos estudantes a construção de raciocínio que ultrapassa respostas prontas. “Exige-se do candidato capacidade de articular ideias e conhecimentos de áreas distintas, necessários para a formação de um profissional de nível superior”, opina.

 

Marcelo Henrique Sousa, professor na Faculdade de Ceilândia, defende que a interlocução entre as diferentes áreas do conhecimento favorece a contextualização dos diversos itens. O docente ministra aulas de química no curso de Farmácia e também acompanha há uma década a realização do processo seletivo. “No geral, as provas não são conteudistas, pois trabalham outras habilidades e competências. É exigida pouca memorização e é possível se deparar com itens mais práticos e lúdicos”, aponta. 

Decano do DEG, Sérgio de Freitas acredita que nível da prova de vestibular reflete a excelência da Universidade. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

A composição dos conteúdos também estimula os candidatos à reflexão sobre as funcionalidades dos saberes adquiridos ao longo do ensino médio, a partir de qualidades valorizadas pela instituição. O decano de Ensino de Graduação (DEG), Sérgio de Freitas, enfatiza que as avaliações estão calcadas nas metodologias e políticas de excelência acadêmica que direcionam as atividades de ensino, pesquisa e extensão da UnB.

 

Tal fato se reflete no alto nível dos discentes selecionados. “Em termos práticos, observamos que isso se traduz no ingresso de estudantes capacitados e preparados para entender a diversidade do pensamento humano, nas mais variadas áreas do conhecimento, e capazes de executar as pontes entre os conhecimentos nos diferentes cursos que a UnB oferece”, avalia o decano.

 

BALANÇO DA EDIÇÃO – Em 2019, o vestibular da UnB ofereceu 2.105 vagas em 98 graduações diurnas e noturnas, distribuídas nos quatro campi da instituição – Darcy Ribeiro, Ceilândia, Gama e Planaltina. Todas as oportunidades são para ingresso no segundo semestre letivo. Os índices de abstenção foram de 8,10% e 9,17% no primeiro e segundo dia, respectivamente.

 

Questões de Língua Estrangeira, Língua Portuguesa e Literaturas, Geografia e História, Artes, Filosofia e Sociologia marcaram o sábado de provas. Os candidatos também tiveram que produzir redação em língua portuguesa sobre o tema Muros: um símbolo de medo. No segundo dia, foram respondidos itens nas áreas da Biologia, Química, Física e Matemática.

 

Professora de redação em escola de ensino médio do Distrito Federal, Priscilla Santos concorda que as questões exigiram leitura, interpretação e raciocínio mais amplos dos candidatos. “Os textos da prova promoviam reflexões sobre o conteúdo e a sociedade em que estamos inseridos. Essa avaliação não foi apenas um instrumento de seleção, mas um elemento formador de um cidadão crítico e socialmente consciente”, corrobora.

Nos dois dias de provas, estudantes colocaram em prática habilidades e competências necessárias às diversas áreas do conhecimento. Foto: Rodrigo de Oliveira/Cespe

 

Sobre a proposta de redação, a professora destaca a qualidade da abordagem, com textos motivadores que permitiam aos candidatos explorar reflexões individuais e coletivas. “Inicialmente, o tema nos remete aos muros físicos que criamos para nos proteger de todo o perigo e dos medos que o exterior nos causa. Já os textos motivadores levam ao tema a possibilidade de abordar a questão sob o viés psicológico”, analisa.

 

Medicina (bacharelado) foi o curso de maior concorrência, com total de 212,8 candidatos por vaga. Em seguida, vem o curso de Psicologia (bacharelado/licenciatura), que ultrapassou Direito como o segundo mais procurado, com 28,04 candidatos por vaga.

 

Nos demais campi da UnB, as principais concorrências são para as graduações de Fisioterapia (bacharelado – 5,72), em Ceilândia, e Gestão Ambiental (bacharelado – 0,90), em Planaltina. Na Faculdade do Gama, a concorrência registrada para o curso de Engenharias é de 2,38 candidatos por vaga.

 

Os gabaritos oficiais preliminares dos itens tipo A, B e C já podem ser acessados na página do Cebraspe, responsável pela seleção. No dia 20 de junho, serão disponibilizados os resultados provisórios dos itens tipo D e da prova de redação.

 

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