AULA MAGNA

Criador da Turma da Mônica fala sobre sua trajetória como desenhista para cerca de 2,5 mil pessoas durante evento de boas-vindas da Universidade de Brasília

Foto: Isa Lima/UnB Agência

 

"Acredite em você". Essa foi a principal mensagem deixada pelo desenhista Mauricio de Sousa nesta segunda-feira (10) aos 2,5 mil estudantes, entre calouros e veteranos, que participaram da aula magna realizada no Centro Comunitário Athos Bulcão, localizado no campus Darcy Ribeiro.

 

O evento de boas-vindas teve apresentações musicais, pipoca e algodão doce e contou com a participação do reitor Ivan Camargo, da vice-reitora Sônia Báo e dos decanos da Universidade.

 

Conhecido como “Pai da Turma da Mônica”, Mauricio de Sousa criou cerca de 400 personagens, a quem ele chama de filhos. Segundo o desenhista, cada um deles foi inspirado em parentes ou em pessoas e animais que conviveram com sua família.

 

“O Bidu nasceu da lembrança do meu cachorrinho, meu companheiro de brincadeiras. Um sobrinho meu usava uma franjinha, virou o menino com esse mesmo nome. Depois de uma leva de personagens masculinos, alguém me perguntou pelas meninas. Na época, trabalhava em casa e olhei ao redor: Mariângela, minha filha mais velha, estava brincando. Ela virou a Maria Cebolinha. A Mônica arrastava o seu coelho e assim surgiu a famosa dentucinha e seu bichinho. E a Magali comia uma melancia inteirinha, então criei a nossa querida comilona”, revelou.

 

Foto: Isa Lima/UnB Agência

 

TRAJETÓRIA – Sousa afirmou que a vontade de ser desenhista de história em quadrinhos apareceu por volta dos seis anos de idade. “Quando eu era criança, peguei um gibi rasgado na cesta de lixo, sem capa nem nada, e fiquei maravilhado com o que vi. A partir daquele momento, comecei a sonhar em fazer revista em quadrinhos, criar meus personagens, escrever minhas histórias. Durante os 20 anos seguintes, me aperfeiçoei e sempre busquei desenhar e escrever melhor”, conta e acrescenta que em sua adolescência lia um livro por dia. “Hoje o que ficou de toda essa leitura brota na minha cabeça na hora de criar as histórias”.

 

Mas o Pai da Turma da Mônica nem sempre se dedicou a essa atividade. No início de sua carreira, foi repórter policial de um jornal impresso. “Eu nunca tinha pensado em ser repórter, mas era o emprego que havia no jornal, não tinha como ir direto para a história em quadrinhos. A experiência foi muito boa. A reportagem me ensinou a concisão e, se eu não tivesse aprendido isso, não teria conseguido escrever dentro dos balões das histórias em quadrinhos, senão extravasava”, relembrou.

 

O desenhista veio do interior de São Paulo e decidiu trabalhar com história em quadrinhos em uma época que a atividade não era difundida no país e não existiam personagens brasileiros. “Ninguém acreditava que ia dar certo. Aliás, só minha avó e meu pai, um pouquinho”, contou bem-humorado.

 

Mauricio de Sousa disse aos estudantes que é importante gostar daquilo que se faz para conseguir atingir o sucesso e os incentivou a sonharem e persistirem. “Eu tinha objetivo e foco no que eu queria fazer. Vocês estão no primeiro encontro na universidade. A partir daqui, começam a ter certeza do que vão querer ser ou realizar na vida. Então, procurem dar o melhor de si, porque basta essa vontade para que se realizem, sejam vitoriosos e possam viver dignamente com o que fazem”, aconselhou.

 

CERIMÔNIA – Depois de responder às perguntas realizadas pelo professor de Comunicação da UnB e jornalista Paulo José Cunha e pelos estudantes, Mauricio de Sousa recebeu do reitor, Ivan Camargo, uma condecoração da Universidade de Brasília.

 

Ao dirigir-se aos calouros, o reitor ressaltou que a UnB é um local de muito trabalho e estudo, mas não é feita apenas disso. “Há muitas atividades na Universidade de Brasília e os inúmeros profissionais que se formam ou dão sua contribuição por aqui – como eu e tantos outros – transformam a sociedade de Brasília e do Brasil”, afirmou o reitor.

Foto: Gabriela Studart/UnB Agência

 

Os decanos da Universidade reforçaram, em suas falas, a campanha #UnBeucuido. “A UnB tem subido cada vez mais nos rankings nacionais e internacionais. Recentemente, foi eleita a décima universidade da América Latina e, pela primeira vez, aparecemos entre as mil melhores do mundo. Essa é a universidade que acolhe vocês hoje. Por isso, elegemos o lema desse semestre #UnBeucuido. Precisamos que vocês nos ajudem a cuidar desse patrimônio, material e imaterial”, disse o decano de Ensino de Graduação, Mauro Luiz Rabelo.

 

O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Guilherme Zapponi, também deu as boas-vindas aos calouros do segundo semestre de 2015. “Aqui você é livre, chefe do seu destino, autor da sua história. E o responsável pelas suas decisões. A UnB precisa que vocês se descubram para que continue sendo uma das dez melhores universidades da América Latina e a segunda do Brasil,” conclamou.

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