CELEBRAÇÃO

Com 31 núcleos temáticos, um projeto especial e diversos professores envolvidos, Centro é um dos pioneiros na disseminação da multidisciplinaridade no Brasil

 

Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Pesquisadores, professores e ex-diretores do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) da Universidade de Brasília movimentaram o auditório da Reitoria nesta sexta-feira (3) para comemorar 30 anos de atividades. Conferência, lançamento de livros, mesas-redondas e workshop também marcaram as celebrações.

 

Em memória às conquistas e avanços estimulados pelo Ceam, unidade ligada à Reitoria da UnB, os fundadores e professores Aldo Paviani, José Geraldo de Sousa Júnior (ex-reitor da UnB) e Nielsen de Paula Pires (vice-reitor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – Unila), além do atual diretor do Centro, Gustavo Baptista, se reuniram durante a solenidade de abertura do evento. O reitor Ivan Camargo também esteve presente.

 

“A Universidade deve reconhecer a importância estratégica da multidisciplinaridade, apesar de a UnB ainda ter um caráter de suas unidades acadêmicas muito disciplinar”, acredita Gustavo Baptista, que inaugurou as falas da manhã. O diretor do Ceam iniciou sua trajetória acadêmica como bolsista de iniciação científica no Núcleo de Estudos Ambientais. Destacou o crescimento do Centro tanto na graduação e pesquisa, com a oferta de disciplinas e implantação de programas de pós-graduação, quanto na extensão e na integração dos docentes, que somam 10% do quadro total da Universidade.

 

O pioneirismo da iniciativa no Brasil – proposta similar era desenvolvida somente pela Universidade de São Paulo na época – também foi lembrado pelo professor emérito Aldo Paviani. “Nossa história, em termos universitários, não é longa, mas acredito que essas três décadas serão consolidadas e fortalecidas, porque o Ceam é importante não só para Brasília e para o Brasil, mas ela tem uma extensão para o exterior”.

 

Nielsen de Paula, também fundador, se emocionou ao analisar o patamar alcançado pelo Centro com trabalho coletivo, após as adversidades enfrentadas para sua concretização. Para o vice-reitor da Unila, a intenção de “romper com a compartimentação do conhecimento” e “trabalhar a interatividade e interdisciplinaridade” está sendo cumprida com êxito.

 

“Considero um Centro estratégico da Universidade de Brasília. Temos que renová-lo”, foi um dos elogios do reitor Ivan Camargo pela consolidação da multidisciplinaridade no espaço universitário. Ele concordou com a ideia de elaborar uma memória coletiva do Ceam e propôs que fosse apresentado um balanço das realizações durante esses 30 anos no Conselho Universitário (Consuni).

 

José Geraldo defende fortalecimento de iniciativas para valorizar a multidisciplinaridade. Foto: Luis Gustavo Prado

PERSPECTIVAS – Desafios do passado e do futuro. Esse foi um dos focos da conferência com o tema Ceam: trajetória e perspectivas, ministrada pelo ex-reitor José Geraldo. Segundo o professor, foi em meio a uma complexa conjuntura política e ideológica, que exigia repensar os espaços de debate e instituir alternativas ao pensamento acadêmico, que foi concebido o centro de estudos. A partir daí, os núcleos constituídos encabeçaram discussões e contribuíram em questões sociais diversas como, por exemplo, na construção de políticas públicas para o país, caso do Núcleo de Estudos de Saúde Pública, que elaborou um dos capítulos da Constituição Federal voltados para a área.

 

Para o docente, é necessário que, para os próximos anos, integrantes do Ceam pensem ações que contribuam para ampliar as propostas multidisciplinares na UnB, como a criação de um curso de graduação com esse perfil, e a abertura das pós-graduações para a interinstitucionalidade. “Precisamos salvaguardar a espontaneidade e permitir que o horizonte do campo epistemológico mobilize as iniciativas”, afirmou José Geraldo e completou: “Estamos caminhando para um sistema de redes”.

 

A programação da comemoração dos 30 anos do Ceam teve sequência com o lançamento de livros publicados por pesquisadores dos núcleos temáticos e duas mesas com os temas: Questão urbana, direitos e saúde pública e Questão agrária, Amazônia, educação e organizações internacionais. Na parte da tarde, foi realizado workshop interno para discutir o papel do Ceam na relação entre núcleos temáticos e pós-graduação.

 

HISTÓRIA - Fundado em 1986, o Ceam foi idealizado para articular e disseminar a multidisciplinaridade no âmbito acadêmico e social. Entrou em funcionamento com cinco núcleos, número que cresceu substancialmente. Somam-se hoje 31 núcleos de estudos sobre as mais diversas temáticas e um projeto especial, o Observatório da Juventude. Além de pesquisas, também realizadas pelos dois programas de pós-graduação criados nos últimos anos – Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional (PPGDSCI) e Direitos Humanos e Cidadania (PPGDH) –, o Centro oferece disciplinas de graduação, com cerca de 800 vagas, e cursos de extensão.