MAIS HUMANA

Aula inaugural deste semestre letivo, #InspiraUnB começa às 10h do dia 7 de março, no Centro Comunitário Athos Bulcão. Todos estão convidados

 

Recepção aos estudantes para o 1º/2018 acontece em 7 de março. Arte: Secom UnB

 

Na próxima quarta-feira (7), a Universidade de Brasília realiza sua aula inaugural, a #InspiraUnB. Serão recepcionados mais de 4 mil estudantes, que ingressaram por diferentes processos seletivos, como o Programa de Avaliação Seriada (PAS), o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), o vestibular de Habilidades Específicas (VHE), entre outros. O evento buscar reunir a comunidade acadêmica, em especial os calouros, no Centro Comunitário Athos Bulcão.

A #InspiraUnB faz parte da iniciativa Boas-Vindas aos Calouros, pela qual a instituição se propõe a acolher os estudantes com diversas ações nos dias do registro acadêmico, na primeira semana de aula, e por meio do site www.boasvindas.unb.br. Neste ano, o tema da campanha UnB Mais Humana, que ressalta valores, como respeito, solidariedade, compromisso, equidade, humanidade e cidadania, norteia as ações.

A atriz, poetisa, cantora e ativista das Nações Unidas (ONU Brasil) Elisa Lucinda é a convidada para conversar com os alunos. Lucinda é graduada em Jornalismo, mas deixou de exercer a profissão quando se mudou para o Rio de Janeiro para se dedicar às artes. Atuou no teatro, cinema e ficou reconhecida por seu trabalho na TV. Sempre ligada à escrita, lançou seu primeiro livro de poesias em 1994.

É por meio das palavras que Lucinda desempenha sua missão como ativista dos Direitos Humanos. O título da palestra desta quinta (7) evidencia essa vivência: Palavra é poder!. Na entrevista a seguir, a convidada fala sobre os trabalhos a que tem se dedicado em prol das pessoas e sobre as relações entre arte e impacto social. “Sou artista porque acredito que a arte é a maior educação informal que existe e a melhor tradutora da realidade”, destaca.

Que experiências do seu trabalho você pretende trazer como contribuição à nossa busca por uma UnB Mais Humana?
Temos um projeto chamado Versos de Liberdade, que é desenvolvido há seis anos pela minha instituição, a Casa de Poemas. Em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que é ligada à ONU, lidamos com meninos que cumprem medidas de prisão, com pessoas da comunidade trans, com travestis. Sempre assim, na linha dos mais excluídos, dos indivíduos que estão fora do traço de cidadania. Nosso objetivo é interferir de maneira positiva no trajeto desses jovens na migração do nada, da exclusão, para a cidadania. E a universidade, a educação de maneira geral, está diretamente ligada ao caminho para a cidadania.

Então você entende que o conhecimento é uma ferramenta transformadora para a sociedade?
Sem dúvidas. Todo o trabalho que desenvolvo se dá através da palavra. Sem palavra, sem narrativa, não existe cidadania. É muito difícil ter noção dos seus direitos, ter tecido narrativo da sua própria história, sem o conhecimento da palavra. Eu e minha equipe fazemos uma oficina de cinco dias, escolhendo poemas, pensando em palavras: quais são as palavras que mais uso, que mais gosto, que escutei e deixaram cicatrizes no meu peito. Pode parecer banal esse trabalho, mas produz poder de ação. As pessoas recebem informação técnica por diversos meios de formação, mas uma boa parte dessas mesmas pessoas é reprovada em entrevistas de emprego por não saber se expressar, não saber dizer a que veio. Ou seja, o indivíduo sabe fazer as coisas, mas não levanta a cabeça, não sabe organizar o discurso, dizer quem é. A própria resposta a essa pergunta “Quem é você?” precisa trazer uma narrativa. Com um repertório pequeno de palavras, você traduz de forma menor aquilo que você realmente é.

Ativista pelos Direitos Humanos, Elisa Lucinda é convidada da #InspiraUnB. Foto: Vitor Nogueira/Divulgação

 

Nesse contexto da valorização da palavra, é impossível encarar a poesia como uma linguagem meramente acessória. Como você definiria a importância da poesia?
Gosto de trabalhar com poesia porque poesia é minha vida, mas não apenas por isso. Percebi que a poesia tem poder de traduzir a vida e o mundo, o sentimento humano. Ao trazer o testemunho de poetas tímidos, excluídos, pretos, gays, a poesia exibe diferentes exemplares humanos. No projeto oferecemos vários poetas, um arsenal de poesia. Ali descobrimos que muitos nunca ouviram falar de Drummond, de Cecília Meireles. Há um túnel invisível e direto que liga a evasão escolar à cadeia. A partir dessa experiência com poemas, muitos começaram a querer ler, voltar a frequentar a escola. As instituições socioeducativas deveriam fazer de seus espaços um grande colégio interno, porque é isso que as pessoas que estão ali nunca frequentaram.

Que mensagem você pretende deixar para os estudantes que já trilharam outro caminho, venceram etapas e agora estão começando a vida universitária?
Tive uma avassaladora formação humanista. Tudo o que faço é pela via do prazer, não faço nada de que não goste. Ir à Universidade de Brasília e falar a esses jovens estudantes é uma dessas coisas que farei com satisfação. Entendo que a universidade deve formar cidadãos que vão interferir na sociedade. Uma universidade pública, federal, como a UnB, tem esse compromisso aumentado. É necessário contribuir na consciência da formação, para que o estudante se questione sobre a finalidade disto: Para que fazer universidade? Quais parâmetros para escolher profissão? Como usar a formação para contribuir para o mundo? A escola e a formação profissional tradicionais têm uma noção de que é preciso ser o melhor. Nessa perspectiva, o colega de profissão tem que ser derrotado, como em uma guerra. Esse paradigma precisa ser transformado.

BOAS-VINDAS Para ouvir mais de Elisa Lucinda sobre o poder da palavra como elemento transformador, basta comparecer ao Centro Comunitário Athos Bulcão, no campus Darcy Ribeiro, na próxima quarta-feira (7), às 10h. Essa e outras atividades de recepção aos estudantes são organizadas pela Comissão de Boas-Vindas aos Calouros, composta por servidores de diferentes setores da Universidade. Ao longo da primeira semana de aula, haverá atividades específicas nos campi do Gama, de Ceilândia e de Planaltina.

>> Saiba mais no site do Boas-Vindas.

 

 

*Estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

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