OPINIÃO

Virgílio Caixeta Arraes é professor do Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília e presidente da Associação dos Docentes da UnB (Adunb). Possui graduação, mestrado e doutorado em História, todos pela Universidade de Brasília. Tem experiência na área de História, com ênfase em Estados Unidos. É revisor de periódico da Revista Brasileira de Política Internacional e da Sociedad y Discurso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais e membro do corpo editorial da Revista Noctua.

Virgílio Arraes

 

Chega-se ao final de 2015 com a perspectiva de que a crise política e econômica do Brasil lamentavelmente perdurará. O ambiente nada animador se estendeu ao longo do ano à educação superior, com greves de duração de meses em algumas universidades de todo o território nacional.

 

Mesmo assim, não houve por parte do governo federal indicação substantiva de dialogar de maneira diferenciada com os servidores da área – professores e técnicos – em função da especificidade das atividades desenvolvidas, ou seja, de modo simultâneo ensino, pesquisa e extensão.

 

Crises de diferentes dimensões na história contemporânea são recorrentes. Uma delas chegou a durar quase um quarto de século, a de 1873. A de 1929 ainda ecoa por causa do desmedido impacto nas sociedades em todo o mundo – desemprego maciço, alto número de sem teto, incontáveis falências, diminuição da produção industrial e agrícola etc. Isto tudo ocasionaria a queda abrupta do produto interno bruto.

 

Como resultado, houve mudança de governos como no caso do próprio Brasil, onde ocorreu um golpe de Estado em outubro de 1930, ou até de regimes como na Espanha e Alemanha.

 

Respostas a crises também têm sido distintas. Em 1932, ao ser eleito, Franklin Roosevelt rodeou-se de intelectuais, alguns dos quais professores universitários de carreira, para assessorá-lo no enfrentamento das adversidades com formulações novas.

 

O conjunto de medidas executado pelo antecessor, Herbert Hoover, havia-se amparado no ideário tradicional. Com ele, apesar de não se conseguir a superação da crise, não se ousou em ir adiante, em busca de caminhos diferentes devido à gravidade da situação naquela época.

 

O grupo de Roosevelt tornou-se conhecido como BrainTruste e muito contribuiu com suas alternativas para amenizar os intensos efeitos daquela crise.

 

Ainda que em escala menor àquela dos Estados Unidos, o Brasil passa por um período muito adverso. As prescrições adotadas até o presente ponto não reduziram o problema pelo qual atravessa o país. Por que não valer-se dos professores das universidades federais, bastante qualificados, para a busca de soluções em um momento de turbulências econômicas?

 

Nesse sentido, a Universidade de Brasília poderia ser uma das referências. Com quase dois mil e quinhentos docentes, há anos forma parte significativa dos melhores quadros da burocracia especializada dos três poderes, a despeito de não desfrutar das melhores condições de trabalho e de não ter a remuneração adequada em vista da escolaridade exigida para o ingresso na carreira.

 

15 de outubro é o Dia do Professor, momento singular para que a população possa mais uma vez refletir sobre a especial importância deste profissional no desenvolvimento do Brasil.

 

Nota da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) em homenagem ao Dia do Professor, escrita pelo presidente da entidade, Virgílio Arraes

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