OPINIÃO

Marco Antônio Almeida de Souza é professor voluntário, pesquisador colaborador e orientador credenciado do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da Universidade de Brasília. Graduado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Paraná, mestre em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo, doutor em Engenharia Ambiental (PhD) pela Universidade de Birmingham, Inglaterra. Atua nos temas: tratamento de águas de abastecimento e residuárias, reúso de água, qualidade da água e análise de decisão com múltiplos objetivos e múltiplos critérios. É consultor ad hoc da CAPES/MEC, do CNPq, FACITEC, FAPEMAT, FUNASA, e da FAP/DF. Participa do Conselho Editorial Científico da Revista Engenharia Sanitária e Ambiental e parecerista dos periódicos Revista Liberato, Cadernos de Ciência e Tecnologia da EMBRAPA, Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas e GESTA - Revista Eletrônica de Gestão e Tecnologias Ambientais.

Marco Antônio Almeida de Souza

 

Antes do princípio, Deus quis criar algo que fosse fluido, que permeasse toda a Terra e todos os seres viventes, e que fosse fonte e sustentação da Vida. Então juntou duas partes de um gás com uma parte de outro gás, formando um líquido.

Mas Deus viu que ainda não era bom, pois ele precisava de um líquido que, uma vez resfriado, se solidificasse com uma densidade menor do que a sua forma líquida. Do contrário, quando o mundo se resfriasse, todo o líquido viraria sólido, e a vida não seria possível.

Precisava Deus, ainda, de um fluido que se evaporasse para permear a atmosfera. E que tivesse a capacidade de sustentação da Vida nele imersa.

Então Deus soprou tão forte sobre aquele líquido que entortou a ligação entre as partes dos gases que o formavam, criando a Ponte da Vida. E chamou Deus aquele fluido de Água. E viu Deus que isso era muito bom.

Então, no princípio, criou Deus os céus e a terra. Depois, Deus, misturando bastante Água com um pouco de pó da terra, criou todos os seres viventes. Então formou o Senhor Deus ao Homem, também de muita Água e um pouco de pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o Homem passou a ser alma vivente.

E Deus, com a Água, fez chover sobre a Terra e formou quatro rios, que mantiveram a vida no Éden.

Então o Homem resolveu comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. E, dentre outras coisas, inventou uma forma de se livrar de suas fezes usando a nobre Água no seu fim menos nobre. Usou a Água para lançar os seus resíduos, provocando Poluição. Mas essa é outra “história”, não pertence ao livro de Gênesis, mas ao livro de Apocalipse. Não merece ser contada neste Dia Mundial da Água.

 

EXPLICAÇÃO: A molécula de água é formada por dois átomos de Hidrogênio e um átomo de Oxigênio. A ligação química entre os átomos de Oxigênio e Hidrogênio é desbalanceada eletricamente e a ligação não é linear, apresentando uma angulação de cerca de 104 graus, o que confere à molécula de água um elevado momento dipolar.

 

Esse momento dipolar faz com que exista uma forte atração entre o átomo de Hidrogênio de uma molécula e o átomo de oxigênio de outra molécula, produzindo uma união das moléculas de água conhecida como Ponte de Hidrogênio, que é responsável pelas propriedades totalmente anômalas que a água apresenta.

 

Essas propriedades peculiares da água são responsáveis pela manutenção da vida no planeta Terra. Por causa da formação de cristais, devido à Ponte de Hidrogênio, formam-se no gelo canais hexagonais vazios, fazendo com que o gelo tenha densidade menor do que a água na forma líquida, e todos os ecossistemas aquáticos dependem desse fato para sua sobrevivência.

 

Não fora esse arranjo angular da molécula de água, o composto água se comportaria normalmente como membro da série química dos compostos de Hidrogênio ou de Oxigênio, e, de acordo com o seu peso molecular, teria pontos de fusão e de ebulição negativos, o que, se não inviabilizasse totalmente a vida na Terra, a faria totalmente diferente do que é.

 

É importante também notar que a água é a maior parte do corpo humano e dos outros animais e vegetais.

 

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