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OPINIÃO

Ricardo Toledo Neder é professor da Faculdade UnB Planaltina (FUP). Coordena o Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina e a ITCP - Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (da rede universitária de ITCPs brasileiras), ambas com atuacão na Universidade de Brasilia, operando a partir da Faculdade UnB Planaltina. Graduado, mestre e doutor em Sociologia e Políticas Públicas com Pós-doutorado em Neocorporativismo e Teoria da Regulação, Desenvolvimento Territorial e Regional Sustentável e Filosofia da Tecnologia.

 

Sociólogo e economista político, professor associado da UnB. Editor-chefe da Revista Ciência & Tecnologia Social  e da coleção Construção Social da Tecnologia ambas vinculadas aos Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia no Brasil, e ao PLACTS – Pensamento latinoamericano de Ciência, Tecnologia, Sociedade, associados ao grupo de pesquisa Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina. Coordena o Núcleo de Pesquisa NP+CTS (Políticas CTS – Ciência, Tecnologia, Sociedade) CEAM/UnB, e o Programa de Extensão Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (da rede ITCP de incubadoras universitárias no Brasil) sediada na UnB Planaltina.

Ricardo Neder

 

Os Estudos Ciência, Tecnologia, Sociedade (ECTS) têm adquirido crescente importância no cenário mundial diante da insuficiência das abordagens de natureza econômica, produtiva e tecnológica para avaliar as relações entre tecnologia & sociedade. Numa série de três artigos, apresentaremos, nesse espaço, breves análises sobre a importância dos Estudos CTS no diálogo com as grandes áreas epistêmicas na atualidade.

 

Para entender a relevância dos ECTS convém iniciarmos pelas linhas mais familiares do debate disciplinar entre comunidades acadêmicas, cuja divisão mais óbvia tem sido entre os que são das áreas tecnológicas e se perfilam pela política de produtividade identificada com o vinculacionismo econômico Universidade-Empresa para realizar a inovação tecnológica (embora muitos nem saibam exatamente do que se trata quando separam o social do tecnológico).

 

Noutro campo disciplinar, estão as comunidades epistêmicas e de práticas profissionais identificadas com profissões e carreiras na sociedade que demandam sua formação mediante o trabalho de docentes e pesquisadores das Humanidades, Artes, Arquitetura e Ciências Sociais (ainda que muitos sejam ou avessos ao debate sistemático das relações entre ciência tecnologia e sociedade, ou o incorporem como administração pura)

 

Não podemos acreditar piamente no que diz o folclore acadêmico da disputa de recursos como divisor de águas entre nós. Na prática sociocultural e econômica real tanto o primeiro grupo forma profissionais que dependem de outros profissionais do segundo grupo, quanto o segundo não pode entender e “fazer” a sociedade sem que seus segmentos participem de projetos tecnológicos.

 

Tal interdependência tem sido, aliás, o principal tom, para não dizer o cerne, dos Estudos CTS. Como seria impensável uma sociedade sem tecnologia, igualmente são inconcebíveis soluções tecnológicas impostas à sociedade capaz de gerar riscos sociais o que, via de regra, depõem contra as próprias pesquisas e inovações porque destabiliza seu regime de legitimação pública (este sim, que regula acesso a créditos, financiamentos, projetos e apoios externos a universidade).

 

Três abordagens econômico-produtivas e tecnológicas encontram-se em choque na universidade brasileira. Duas defendem o vinculacionsimo da inovação tecnológica com os mercados econômicos A terceira defende que a produção científica e tecnológica em seus vários campos disciplinares necessita de um novo regime de fortalecimento das articulações Ciência-Tecnologia-Sociedade, nas quais a ciência se torne ainda mais pública.

 

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