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OPINIÃO

Alex Calheiros atualmente é diretor de Difusão Cultural (Casa da Cultura da América Latina e Casa Oscar Niemeyer) do Decanato de Extensão. É professor adjunto da Universidade de Brasília. Possui graduação em Filosofia (2002) e doutorado em Filosofia ambos pela Universidade de São Paulo (2009). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia, Filosofia Política e Estética.

Alex Calheiros

 

Criada logo depois do Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (Flaac), para justamente dar continuidade às ações que animaram a cidade por iniciativa da Universidade de Brasília (UnB), a Casa da Cultura da América Latina (CAL), ligada ao Decanato de Extensão (DEX), sempre gozou de boa estima dos artistas brasilienses. Parte perene da cena cultural brasiliense, a CAL deu a muitos jovens artistas a oportunidade de apresentação de seus trabalhos, mas também sempre foi um espaço privilegiado de artistas já estabelecidos.


Ao longo dos anos, na falta de um museu universitário, a Casa da Cultura da América Latina, além de apresentar mostras e as atividades a elas relacionadas, tornou-se lugar de guarda das obras de arte que de diversas maneiras chegavam à Universidade. Hoje a CAL, como é por todos conhecida, conta com acervo de cerca de 3 mil obras em franco crescimento. Fazem parte do acervo da CAL a coleção inicial remanescente do primeiro Festival Latino-Americana de Arte e Cultura que lhe deu origem; a coleção de arte indígena do professor Galvão, além de uma série de outros trabalhos, os mais diversos.


Há três anos, com a nova administração, a CAL vem sofrendo uma série de transformações administrativas e políticas, visando recuperar e ampliar sua presença na cena local, infelizmente perdida nos últimos anos, alcançar visibilidade nacional e dar seus primeiros passos para inserção internacional. A primeira iniciativa foi criar a Diretoria de Difusão Cultural, da qual a Casa da Cultura da América Latina e a Casa Niemeyer agora fazem parte. Esses espaços que hoje compõem o Programa de Extensão Casas Universitárias de Cultura, passaram a abrigar diversos projetos que os tornaram espaços vivos e frequentados pela população e reconhecidos pela mídia local e nacional. Fato notório, por exemplo, na premiação que acabou de receber da revista Select como Melhor Exposição Institucional de 2019, pela mostra Triangular, homenagem a ex-professora Ana Mae Barbosa do antigo Instituto Central de Artes (ICA), que apresenta a nova coleção de arte contemporânea da Universidade de Brasília.

 

O acervo da Cal e uma política séria de aquisição sempre foi uma de nossas maiores preocupações, não somente por causa de sua importância inestimável, mas principalmente porque ele é sem dúvida o embrião de parte de um futuro museu, desejo acalentado por esta Universidade desde sua origem. Deste modo, mobiliário moderno e mais adequado foi adquirido, assim como mais espaço para abrigar a coleção, que tem tido franco crescimento quantitativo e qualitativo nos últimos anos.

 

Outra iniciativa, desenvolvida graças a projetos de extensão fomentados pela Diretoria de Difusão cultural por meio do edital Casas Universitárias de Cultura, foi a documentação e digitalização do acervo que está praticamente completo e disponível no repositório Tainacan, conferindo visibilidade ao acervo e possibilitando aos pesquisadores e ao público em geral livre acesso ao nosso rico acervo. Juntamente ao acervo, encontra-se também disponível o histórico das exposições realizadas ao longo dos mais de 30 anos de existência da CAL, além de documentos e fatos importantes.


No âmbito das atividades, além das mostras que são atividades perenes tanto da Casa da Cultura da América latina quanto do nosso novo espaço, a Casa Niemeyer, há também exposições que, diga-se de passagem, têm ganhado importância e relevo, já que nossos editais de ocupação das galerias têm se esforçado por fazer ampla divulgação nacional e internacional, aumentando a oferta de boas exposições. Os efeitos deste trabalho podem ser constatado pela presença permanente de nossas atividades na mídia especializada em arte brasileira, algumas vezes figurando na agenda nacional de exposições que merecem visitação, colocando Brasília e sobretudo, a UnB, num lugar de visibilidade até agora inédito.

 

Fomentamos, por meio de editais públicos, diversos projetos de extensão que hoje atuam a plenos pulmões em nossas salas. Curiosidade à parte, embora a CAL seja um espaço de extensão, nunca tínhamos tido projetos de extensão que ali atuassem. Hoje nossos professores e estudantes podem trabalhar e desenvolver suas atividades, as mais diversas no âmbito da arte e da cultura, com uma atuação direta da diretoria nas atividades diversas que propomos.

 

Além da extensão institucional, propriamente dita, por meio dos projetos de extensão dos nossos professores e alunos, abrimos uma nova frente, dando concretude à certeza de que a extensão não se faz apenas de dentro da Universidade para fora dela, mas sem dúvida de fora pra dentro também, isto é, a universidade forma e é formada pela sociedade na qual está inserida.

 

O edital Casa Coletiva tem recebido em nossos espaços diversos coletivos com atuação condizente com nossa proposta. Esses grupos têm trazido novas dinâmicas ao mesmo tempo que têm democratizado os espaços antes quase unicamente voltados para o público universitário, relegando o público externo a apenas uma participação passiva, como mero expectadores das atividades acadêmicas. Deste modo, a Diretoria de Difusão Cultural conseguiu dinamizar suas atividades de modo orgânico e estratégico, transparente e republicano, sem perder de vista a excelência que deve ser própria das atividades promovidas pela Universidade.


Por fim, gostaria de sublinhar uma última iniciativa, a meu ver, fundamental para este novo momento que vive a arte e a cultura na Universidade de Brasília. Em busca de atender as estratégias de internacionalização e assumir o papel da universidade como espaço de criação, debate e reflexão, criamos o Programa de Residência Artística Internacional (Oca), que tem trazido a Brasília jovens e promissores artistas.

 

O Oca é uma iniciativa pioneira em âmbito universitário, mas que tem mostrado seus frutos, já trouxemos artistas de todo o Brasil e de diversos países da América latina, como México, Guatemala, Costa Rica, Colômbia, Peru, Chile e, em breve, Argentina. O programa de residência tem sido um importante espaço de interação entre artistas estrangeiros e brasileiros, e entre artistas e estudantes do Distrito Federal. Enfim, a Universidade de Brasília, podemos dizer, tem sido fiel à sua missão no âmbito da preservação, promoção e difusão da arte e da cultura, sendo espaço de trabalho ao mesmo tempo rigoroso e ousado.

   
 
   
         
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