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OPINIÃO

Sinara Pollom Zardo é professora do Departamento de Teoria e Fundamentos da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). Diretora da Diretoria de Acessibilidade do Decanato de Assuntos Comunitários da UnB.

Sinara Pollom Zardo

 

Dia 04 de janeiro comemora-se o Dia Mundial do Braille, data escolhida em homenagem ao nascimento de Louis Braille (4/1/1809 – 6/1/1852), criador do sistema de leitura e escrita para pessoas cegas. Louis Braille tornou-se cego aos três anos de idade, ao ferir seu olho esquerdo com uma ferramenta, na oficina de seu pai. Acometido por uma infecção que se alastrou também para o olho direito, Louis Braille tornou-se cego total.


A condição de cego não foi impedimento para Louis: sua família o incentivou à escolarização e sua dedicação aos estudos lhe proporcionou uma bolsa de estudos no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris, onde estudou e publicou um sistema de leitura e escrita para cegos (1829), mundialmente conhecido pelo seu nome.


O Sistema Braille é um código universal de escrita e leitura tátil para pessoas cegas, que consta da combinação de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos. O espaço ocupado pelos seis pontos forma o que se convencionou chamar "cela Braille". Para facilitar a sua identificação, os pontos são numerados da seguinte forma: do alto para baixo, coluna da esquerda: pontos 1, 2, 3; do alto para baixo, coluna da direita: pontos 4, 5, 6. O Sistema Braille possibilita a formação de 63 símbolos diferentes, usados em textos literários nos diversos idiomas, como também nas simbologias nas áreas da Matemática, Química, Música e Informática. A escrita do Sistema Braille pode ser manual – com a utilização de reglete e punção, com máquina de escrever braille, ou ainda com impressora braille.


Apesar dos avanços tecnológicos que promovem acessibilidade à informação para as pessoas com deficiência visual, entende-se que o conhecimento do Sistema Braille é fundamental para a alfabetização de crianças cegas, bem como para a aprendizagem de línguas estrangeiras. Nessa perspectiva, a disseminação do Sistema Braille e de recursos e serviços de acessibilidade para as pessoas com deficiência visual nos cursos de formação de professores no Brasil ainda é um desafio.


A Universidade de Brasília, comprometida com a acessibilidade e a inclusão das pessoas com deficiência visual, possui em sua estrutura organizacional o Laboratório de Apoio às Pessoas com Deficiência Visual (LDV), localizado na Faculdade de Educação. O LDV tem como objetivo promover apoio especializado às pessoas com cegueira e baixa visão da UnB e fomentar ações de ensino, pesquisa e extensão na área da deficiência visual.


Dentre as ações desenvolvidas no laboratório, destacam-se: i) produção de material informacional acessível nos formatos braille, caractere ampliado, áudio e digital acessível; ii) oferta de cursos de formação continuada para a comunidade acadêmica sobre recursos e serviços de acessibilidade para pessoas com deficiência visual; iii) orientação aos docentes sobre promoção de acessibilidade nos materiais pedagógicos, nas metodologias de trabalho e nas avaliações; iv) orientação aos estudantes com deficiência visual sobre recursos de informática acessível; v) desenvolvimento de ações no âmbito da pesquisa e da extensão na área da deficiência visual.


Importante destacar que as ações desenvolvidas para os estudantes com deficiência visual da UnB são promovidas a partir do estabelecimento de parceria entre o LDV, a Coordenação de Apoio às Pessoas com Deficiência (DAC) e a Biblioteca Digital Sonora/Biblioteca Central (BDS/BCE) da UnB. Para além do direito à educação, o trabalho desenvolvido orienta-se pelos princípios da autonomia dos sujeitos, do reconhecimento dos diferentes estilos e percursos de aprendizagem e da deficiência como uma condição humana que demanda recursos e serviços de acessibilidade para a Que o dia 04 de janeiro seja um momento de homenagem à vida de Louis Braille e sua contribuição para as pessoas com deficiência visual, bem como uma oportunidade para a reflexão sobre os desafios que precisam ser enfrentados para a garantia dos direitos das pessoas com deficiência visual.


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