OPINIÃO

Nagib Mohammed Abdalla Nassar é botânico, geneticista e professor emérito da Universidade de Brasília. Graduado pela Universidade do Cairo, mestre em Genética pela Universidade de Assiute e PhD em Genética (comajor em botânica) pela Universidade de Alexandria. Sua pesquisa concentra-se no melhoramento da mandioca.  É Fellow do Linnean Society-London (FLS). Recebeu em 2014 o prestigiado prêmio Kuwait International.

Nagib Nassar

 

Sinto-me honrado pelo convite do portal da UnB para escrever sobre minhas reflexões e sentimentos quanto ao convite do Kuwait Foundation for Advancement of Science (Kfas). O convite é para integrar Academia de Ciências do mundo árabe. Uma honra reservada para ganhadores do prestigiado Kuwait Prize, e um dever para eles oferecem consultas sobre assuntos científicos relacionados aos programas e projetos de desenvolvimento patrocinados pelo Kfas e outros fundos monetários árabes.

 

Neste momento minha memória me leva há 46 anos, quando iniciei os primeiros passos em direção a nossa Universidade de Brasília e meu atual programa de pesquisa.  Isso foi em 1974, quando o Egito  me indicou para representá-lo no acordo bilateral com o Brasil. Naquele ano, este não foi, contudo, o primeiro momento que o Brasil esteve na minha mente.

 

Três anos antes, exatamente em 1971, o Brasil me tocou profundamente, quando li, traduzido para o árabe, o famoso livro do eminente pernambucano, Josué de Castro, intitulado A geografia da fome.

 

Foi naquele ano que nasceu em mim o interesse pelo estudo da cultura da mandioca e pela pesquisa do seu melhoramento; um anseio que me acompanhou por toda minha vida.

 

O Josué projetou com habilidade a dependência das pessoas pobres do nordeste pela comida feita da mandioca e apontou a sua carência em proteína. Mas ele não imaginou que a própria mandioca poderia ser melhorada para conter um alto valor de proteína.

 

Como professor do Institute of African Studies da Universidade do Cairo, no início da década 1970, eu tive a cultura da mandioca como assunto lecionado por mim. Assim, fui atraído pelo o que Josué escreveu e escolhi a pesquisa para minha missão ao Brasil.

 

Com o apoio dos Centros Internacionais IDRC e IITA, em 1975 e do próprio Itamarati, comecei meu programa em 1974 e ele durou além da década 1970 com apoio do CNPq e patrocínio da UnB até esse momento.

 

Depois de passados 46 anos, olho para traz e vejo o quanto à missão foi difícil, mas não menos fascinante e gratificante, pois todo o empenho, esforço foi bem compensado por resultados impressionantes.

 

Tive que coletar sozinho as espécies silvestres da mandioca, numa topografia e cultura completamente diferentes da minha, propagar sementes que não germinam facilmente e, finalmente, hibridizar espécies que se cruzam com muita dificuldade.

 

O melhoramento da cultura evoluiu bastante durante os 46 anos, passando por várias fases, começando por desenvolver primeiros clones apométicos da cultura da mandioca e de todas as culturas, de raízes e tubérculos. o aumento do conteúdo protéico, do caroteno e de micronutrientes como o ferro e o zinco. Ultimamente, desenvolver tipo periclinal que leva a produtividade a um patamar muito alto. 

 

Os resultados foram documentados em trabalhos originais publicados em periódicos de alto impacto. 

 

Sinto que realizei um sonho que me acompanhou antes e após a minha vinda para o Brasil, e que consegui contribuir com algo para a melhoria das condições alimentares dos menos favorecidos da população.

 

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