OPINIÃO

Márcia Abrahão Moura é reitora da Universidade de Brasília e professora do Instituto de Geociências. Doutora em Geologia pela UnB.

Márcia Abrahão Moura

 

Desde que assumi a Reitoria, ainda no primeiro mandato, no final de 2016, sempre me perguntam qual a importância de ser a primeira mulher a comandar a Universidade de Brasília. Uma gestão de qualidade independe do gênero, é claro, mas é inegável o simbolismo de ser uma reitora, especialmente para as jovens que sonham em ser cientistas ou que acabam de ingressar na Universidade. Representatividade importa, especialmente quando o assunto são cargos de liderança.

 

Na área acadêmica, faço parte de uma profissão historicamente ocupada por homens, a geologia. Dados recentemente levantados pelo projeto Open Box da Ciência mostram que as mulheres são 40,3% dos pesquisadores com doutorado do Brasil. As áreas onde somos menos numerosas são as engenharias, com 26%, e as ciências exatas e da terra (onde está a geologia), com 31,1%.

 

Na UnB, a presença de mulheres nos três segmentos é praticamente equânime em relação aos homens. Somos hoje um pouco mais numerosas entre os estudantes de graduação (50,9%), de pós-graduação (53,3%) e entre os técnicos (51,2%). A exceção se dá no segmento dos docentes, no qual ocupamos 45,2% das vagas.

 

A pesquisa da UnB, contudo, é liderada por uma maioria feminina. De um total de 607 grupos de pesquisa certificados, de várias áreas do conhecimento, 323 são coordenados por mulheres, conforme levantamento do Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI). Também somos maioria (por pouco) em projetos de pesquisa, inovação e extensão de combate à covid-19. Dos 203 projetos, 105 são coordenados por pesquisadoras e 98, por pesquisadores.

 

Ainda há espaços a serem ocupados, principalmente em funções de direção e gestão. Dados recentes do Decanato de Gestão de Pessoas (DGP) mostram que as mulheres estão com 46,9% das funções gratificadas e cargos comissionados disponíveis na Universidade.

 

Nesse montante, estão as direções das unidades acadêmicas, cuja configuração reflete a desigualdade de gênero em postos de comando, algo comum em outras instituições, públicas e privadas, país afora. Dos 26 institutos e faculdades, apenas oito são dirigidos por professoras.

 

Em contraponto, na Administração Superior, há mais mulheres na liderança: cinco dos oito decanatos têm decanas à frente – entre eles, os dois responsáveis pela gestão orçamentária e financeira, algo que, até o final de 2016, era inédito na história da Universidade.

 

Para além dos números, é importante compreender a diversidade das mulheres que compõem a comunidade da UnB e suas muitas realidades e necessidades. Temos feito ações institucionais com essa percepção, a exemplo da discussão de uma política de direitos humanos – que deve ser submetida ao Conselho Universitário (Consuni) em breve.

 

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