SEMANA DA MULHER

Entre os destaques estão debates abordando mulheres negras e trans, roda de conversa com a participação de Ellen Oléria e programação especial do CineCAL

 

Até o dia 10 de março, diferentes unidades da Universidade de Brasília promovem eventos para pensar a condição da mulher na sociedade contemporânea. As ações reforçam o significado do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, e visam evidenciar questões transversais vividas pelas mulheres, como violência, e outras específicas decorrentes de etnia, por exemplo.

 

O Cinema da Casa da Cultura da América Latina (CineCAL) faz  homenagem às mulheres do continente latino-americano.

 

>> Confira a programação do CineCAL

 

Para Susana Xavier, diretora da Diversidade (DIV/DAC), os eventos são importantes para chamar a atenção da comunidade para o papel social da mulher. “A semana foi construída em conjunto com coletivos e com nossas quatro coordenações: a LGBT, a negra, a indígena e a da diversidade sexual.”

 

Segundo a diretora, uma das finalidades da discussão é o empoderamento das mulheres. “Atuamos respeitando as peculiaridades de cada grupo. Como trabalhamos em conjunto com os coletivos, cada um teve a chance de abordar sua temática e apresentar a realidade que encaram no cotidiano.”

 

(DES)IGUALDADE – Suzana afirma ainda que o empoderamento leva em conta a diferença de realidade da mulher negra e a branca, por exemplo. De acordo com o relatório Retrato das Desigualdades Gênero e Raça, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na última segunda-feira (6), a média salarial da mulher negra, apesar de quase ter dobrado nos últimos 20 anos, ainda corresponde a cerca de 47% da média salarial nacional e a 50,43% da média salarial das mulheres brancas.

 

Quando comparadas aos homens brancos, o cenário de desigualdade se repete: as mulheres recebem, em média, cerca de 62% dos salários dos homens, e quando se compara mulheres negras a homens brancos, respectivamente as menores e maiores médias salariais, a renda recebida cai para cerca de 30%.

 

Íris Marques, integrante do grupo Afroatitude, ligado ao Centro de Convivência Negra da UnB (CCN), ressalta a importância de inserir mesas específicas com recorte racial no debate. “No Brasil, o segmento da mulher negra não é respeitado e é encarado como algo negativo na visão social, não na nossa.” Íris ainda lembra que as questões sociais pesam muito sobre um corpo negro. “Vemos mais mulheres negras na base da sociedade, ligadas aos afazeres domésticos, e queremos equidade. Enquanto as mulheres negras lutavam nos EUA em meados dos anos 60 para poderem trabalhar, as negras já eram subempregadas, e o mesmo se repetiu na nossa história”, completa.

 

ETNIA, MAS TAMBÉM GÊNERO – Além da questão racial, a semana irá abordar ainda reflexões sobre gênero. Lucci Laporta, mulher trans e integrante do coletivo Juntas, acredita que o momento trará a oportunidade de dar visibilidade ao transfeminismo. “Existe uma invisibilização muito grande das mulheres trans dentro do movimento LGBT e feminista. A mesa será no Ceubinho, para que mais pessoas participem da discussão. Precisamos voltar a pensar naquilo que o feminismo já reconhece: o gênero é uma construção social, ser mulher não é nascer mulher. Então o feminismo também não deve seguir uma abordagem determinista”, defende.

 

>> Confira aqui a programação da DIV

 

DIÁLOGO – A Biblioteca Central (BCE) irá aproveitar a data para iniciar o ciclo de conversas Precisamos falar sobre.... Na sexta-feira (10), Ellen Oléria, Sinara Gumieri e Melissa Assunção irão trazer os temas Corpo, vivência e feminicídio para a sala de referências da biblioteca. "A BCE tem buscado se inserir em discussões da atualidade. Somos um espaço coletivo de produção e compartilhamento do conhecimento e para isso não podemos estar dissociados da realidade. É fundamental que ela assuma seu protagonismo no fomento ao debate de ideias e temas de relevância social", explica Fernando Leite, diretor da BCE.

 

>> Confira aqui a programação da BCE

 

Ana Flávia Kama, bibliotecária e uma das organizadoras do evento, comenta que as vivências que essas mulheres trazem para o debate são essenciais para abordar as várias faces do cotidiano feminino. “Elas trazem representatividade do que é ser mulher no Brasil. São pessoas que têm muita experiência de vida e foram convidadas por representarem cada uma a sua realidade”, finaliza.

 

MENSAGEM DA REITORA – Primeira mulher à frente da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão saudou a comunidade acadêmica por ocasião do Dia Internacional da Mulher. Acesse aqui a mensagem da reitora.

 

>> 'Ni Una Menos': 8 de março, Dia Internacional da Mulher – Artigo de Lourdes Bandeira

>> Dia Internacional da Mulher: o dia do NÃO? – Artigo de Cristina Stevens

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