CINEMA

Aberto ao público, evento tem exibições nos dias 26 e 27, nos campi Darcy Ribeiro e de Planaltina. Cineasta indígena boliviano Ivan Molina é convidado 

  

Durante a Semana Universitária, a Universidade de Brasília exibe a I Mostra Audiovisual Indígena (Maia), realizada em parceria com a Associação Cultural dos Realizadores Indígenas (Ascuri). O evento acontece em dois blocos, com a abertura na quinta-feira (26), no anfiteatro 9, do campus Darcy Ribeiro, e encerramento na sexta-feira (26), no campus de Planaltina. Ao todo serão exibidos oito curtas-metragens, a partir das 15h, e dois longas-metragens, com início às 19h. A participação é livre.

 

"Teremos oportunidade de assistir a produções genuinamente indígenas e isso nos oferece uma janela para perceber o mundo de outra forma”, ressalta a docente Mônica Nogueira, coordenadora do Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT) da UnB e uma das idealizadoras da Maia. Ela enfatiza que a mostra contribui “para entender outras experiências históricas e também a situação dramática que muitos povos indígenas estão passando" e que isto "tem muito potencial para a produção de conhecimento na Universidade".

 

A iniciativa foi idealizada a partir da dissertação de mestrado do recém-egresso do MESPT e coordenador de estratégias da Ascuri, Gilmar Galache. Entre as referências apontadas em sua pesquisa, constam mais de 70 produções audiovisuais indígenas. “Com a Maia, pretendemos compartilhar um pouco do cinema indígena, exibindo uma seleção que abarca desde as primeiras filmagens até as produções mais atuais”, compartilha Galache, pertencente ao povo Terena. O evento exibirá produção de autoria indígena e não indígena.

 

Criador da Escuela de Cine y Arte da Bolívia (ECA), o cineasta boliviano e membro do povo Quechua Ivan Molina é convidado especial da mostra e estará presente nos dois dias do evento. Com mais de 20 anos como documentarista, Molina vai compartilhar com o público sua experiência na área. Durante a mostra, Molina e Galache vão dialogar com o público sobre a parceria que tem aproximado a produção audiovisual indígena do Brasil e da Bolívia. 

 

"Molina é o mentor deste movimento binacional de produção indígena, envolvendo índios da Bolívia e, no Brasil, do Mato Grosso do Sul. Aprendemos muito com sua produção audiovisual e, desde 2007, temos aprimorado uma metodologia que se adequa às particularidades brasileiras”, conta Galache. O encerramento da mostra acontece com a exibição de Qamasa, longa-metragem do cineasta boliviano.

 

Para o coordenador de Extensão da Faculdade UnB Planaltina e também idealizador da Maia, Rafael Villas Bôas, a iniciativa evidencia a importância da pesquisa que tem sido realizada na UnB. "Os filmes ocidentais frequentemente retratam estes povos de maneira pitoresca. Na produção audiovisual indígena, estes sujeitos passam a ser protagonistas da obra, apresentando suas tradições e culturas a partir de seu próprio olhar", avalia o doutor em Literatura Brasileira pela UnB e em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo (USP).

 

Villas Bôas enfatiza que essa produção possui uma função pedagógica e também de resistência na perpetuação da cultura e da identidade desses povos. "Estamos efetivamente abrindo novos campos de estudo para responder a demandas desses sujeitos históricos, que antes eram apenas objetos de pesquisadores do mundo urbanizado.”

 

Confira abaixo a programação da I Mostra Audiovisual Indígena da UnB:

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.