Importância da representatividade é destaque de palestra promovida pelo Conselho de Direitos Humanos em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros

 

Espaço e protagonismo de mulheres negras na ciência e na arte foi o assunto principal de mesa-redonda realizada nesta quinta-feira (22) pelo Conselho de Direitos Humanos da Universidade de Brasília (CDHUnB), em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab/Ceam).

O debate no anfiteatro 9 contou com a participação de Marjorie Chaves, doutoranda em Política Social pela UnB e vice-coordenadora do Observatório da Saúde da População Negra, de Ana Luísa Moreira, coordenadora-geral de Serviços Especializados a Famílias e Indivíduos da Secretaria Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e de Cristiane Sobral, atriz, escritora e mestra em Artes pela UnB.

Mulheres negras ainda são minoria entre professoras universitárias, mas Marjorie Chaves defendeu o lugar – e a importância da produção – delas na Universidade. “Certos estigmas nos dão um lugar de desprestígio na sociedade”, analisa.

Há mais de dez anos na UnB, Marjorie conta que seu percurso acadêmico é semelhante ao de muitas estudantes na pós-graduação, que têm dificuldade ao procurar orientadores ou referências bibliográficas de autores negros quando escolhem um tema com recorte racial.

A questão é ainda pior quando a busca é por autoras negras. Marjorie aponta que elas pouco aparecem na pesquisas por literatura científica de feminismo, fato que prejudica a produção científica. “Somos colocadas de forma menos importante, a legitimidade do nosso conhecimento é questionada”, diz.

Apesar das poucas mudanças observadas pela estudante da pós-graduação durante sua trajetória, ela reconhece que a Universidade tem evoluído ao ser forçada a tratar o tema por influência de mobilização discente.

TOCAR NO ASSUNTO – “Porque as pessoas se incomodam quando eu falo de raça?”, questiona Ana Luísa Moreira. Para ela, as mulheres negras têm sua humanidade negada pela objetificação e hiperssexualização, e por consequência têm o acesso a certos espaços negado. Em seu ponto de vista, essa exclusão se estende a mulheres indígenas, ribeirinhas e ciganas.

Ao se deparar com a baixa representatividade no ramo, Cristiane Sobral, atriz e diretora teatral, decidiu criar uma companhia de teatro para que meninas e meninos negros tenham espaço na arte. O Teatro Negro é uma manifestação de criadores preocupados em aumentar a participação de artistas negros na cena brasileira.

Como atriz, ela já se sentiu incomodada por ser lembrada apenas para interpretar personagens no período da escravidão. “Diziam que era a personagem perfeita para mim, e não me chamavam para papéis situados fora desse contexto”, relata.

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