Marcapasso ressincronizador melhora a contração muscular do coração e a qualidade de vida do paciente

Foto: Ascom/HUB

 

A caminhada de 400 metros entre a casa onde mora o aposentado Carlos Jorge da Silva e o mercado mais próximo é suficiente para deixá-lo cansado, realidade que deve mudar nas próximas semanas. Diagnosticado com insuficiência cardíaca, ele foi o primeiro paciente do Hospital Universitário de Brasília (HUB) a realizar o implante do marcapasso chamado ressincronizador, procedimento cirúrgico que começou a ser oferecido pela instituição em setembro, mês em que se comemora o Dia Mundial do Coração (29).

 

Ainda em recuperação, Carlos está com a consulta de retorno agendada e iniciará o acompanhamento na Unidade Cardiovascular do hospital. “Tenho certeza que minha vida vai mudar depois dessa cirurgia. Já estou até parando de beber e de fumar. Depois de ter tido seis infartos e passar por várias cirurgias de pontes de safena, espero agora ficar mais tempo longe dos hospitais”, relata.

 

Devolver ao coração a força de contração necessária para que o paciente possa realizar atividades simples do cotidiano, como passear, praticar exercício físico e trabalhar. Esse é o resultado esperado após o implante do marcapasso ressincronizador. No caso de Carlos, o tratamento também deve estabilizar a frequência cardíaca, que estava baixa.

 

O cirurgião cardiovascular Marcus Vinicius Santos explica que esse tipo de marcapasso ajuda a sincronizar a contração muscular por meio da estimulação elétrica, resultando em melhor desempenho cardíaco. “O ressincronizador estimula o coração em vários pontos. Para isso, são inseridos no órgão três eletrodos que se ligam a um gerador, com bateria e um pequeno aparelho que funciona como um computador para regular os batimentos”, descreve.

 

Segundo Marcus Vinicius, o procedimento é indicado para aproximadamente 20% dos pacientes com insuficiência cardíaca, a principal causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS). Para receber indicação é preciso se enquadrar em alguns critérios clínicos, como a ausência de resposta ao tratamento medicamentoso.

 

“Após o implante, em 80% dos casos há significativa melhora clínica e de qualidade de vida, com diminuição do cansaço, da falta de ar e do inchaço nos membros inferiores e no abdômen, causados pela insuficiência cardíaca”, explica o médico.

 

Outro benefício da cirurgia é a redução da mortalidade - até 50% dos pacientes diagnosticados com a doença podem morrer em um ano. De acordo com o chefe da Unidade Cardiovascular, Daniel Vasconcelos França, o procedimento apresenta baixo risco de complicações e os benefícios são grandes. “O tratamento previne uma das principais intercorrências dos pacientes com cardiopatias graves, como a parada cardíaca, e evita a morte súbita”, afirma.

 

Hervaldo Sampaio Carvalho, superintendente do hospital, destaca a importância do tratamento para a população do Distrito Federal. “As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em nossa cidade e no país. A partir de agora, o HUB passa a contribuir para o SUS do DF e entorno no melhor atendimento a esses pacientes”.

 

O PROCEDIMENTO - Considerado de alto custo, o implante do marcapasso ressincronizador leva em torno de 3 horas e é realizado na sala de hemodinâmica. O paciente recebe anestesia geral e fica internado de três a quatro dias após a cirurgia. O HUB tem a capacidade de atender aproximadamente 28 pacientes por mês para implante de marcapassos em geral, incluindo o ressincronizador.

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