EXTENSÃO

Faculdade de Medicina oferece curso para educadores que trabalham com crianças de até seis anos. Objetivo é integrar áreas para promover qualidade de vida e prevenir doenças

 

Professoras da rede pública na abertura do curso de extensão Desenvolvimento Infantil para Educadores da Primeira Infância. Atividade começou em outubro e prevê mais sete encontros até maio de 2019. Foto: Arquivo pessoal

 

Estudos comprovam que a qualidade da educação infantil interfere diretamente na formação cognitiva, social e saudável da criança. Pensando nisso, o Laboratório de Psiquiatria e Humanidades da Faculdade de Medicina (FM) da UnB oferece, pela primeira vez, um curso sobre desenvolvimento infantil para professores da rede pública do Distrito Federal. A ideia dos encontros presenciais mensais é unir conhecimento científico às rotinas pedagógicas para melhorar os relacionamentos no ambiente educacional.

 

Segundo Tatiana Valverde, professora da FM e idealizadora do evento, os educadores recebem pressões de todos os lados e, muitas vezes, não têm aporte para lidar com situações complexas. “Discutir o desenvolvimento emocional infantil é apontar caminhos para o professor fortalecer o convívio afetivo com as crianças, buscar práticas pedagógicas que valorizem os vínculos e saber como agir perante casos críticos”, explica a psiquiatra, especialista em infância e adolescência.

 

Com todas as 50 vagas já preenchidas, o curso começou no último dia 10 de outubro, com palestra sobre educação infantil, saúde e desenvolvimento humano. A pedagoga Silvana Palhano esteve na abertura, elogiou a atividade e a disponibilidade dos palestrantes. Com a inscrição garantida, pretende levar as experiências para o dia a dia de sua escola.

 

“Ter contato com o conhecimento acadêmico de outras áreas, como a Medicina, nos ajuda a pensar em atividades de apoio ao professor, no relacionamento com as famílias e no próprio desenvolvimento das crianças”, relata. Silvana trabalha no Centro de Educação Infantil do Núcleo Bandeirante, auxiliando outros educadores em práticas pedagógicas voltadas a alunos com deficiência, autismo ou transtornos funcionais, como hiperatividade e déficit de atenção.

“Saúde e educação andam juntas. Precisamos de saúde para aprender. E qualidade educacional proporciona melhores níveis de saúde”, diz Tatiana Valverde. Foto: Arquivo pessoal

 

Os próximos encontros vão debater desenvolvimento físico e neurológico da criança; linguagem; saúde emocional do educador; relações, apego e socialização; importância do brincar; birras e agressividade; e violência contra a criança. Cada tema será abordado por especialistas. As discussões na Faculdade de Ciências da Saúde (FS) serão feitas uma vez por mês, entre outubro deste ano e maio do ano que vem, sempre aos sábados. Apenas os inscritos podem participar.

 

Moderadora de uma das atividades, a professora Fátima Vidal, da Faculdade de Educação, falará sobre a importância do brincar e como transformar a escola infantil num espaço que estimule coragem, criatividade, autonomia, solidariedade e respeito às diferenças. “Precisamos resgatar nossas próprias infâncias, a centralidade das brincadeiras, o fazer com o outro. Pensar numa escola que se constitui pelo trabalho coletivo, pelo reconhecimento de seus colegas, pelo reconhecimento do planeta e suas naturezas”, resume a docente.

 

O quadro técnico do curso inclui docentes e profissionais que atuam nas áreas de psiquiatria, psicologia, fonoaudiologia, nutrição, pediatria, fisioterapia, entre outros. “É um trabalho caracterizado pela interdisciplinaridade, um rico espaço de discussão que valoriza integralmente a prioridade absoluta da infância”, comenta Fátima Vidal.

 

A grande procura pelo curso superou a expectativa da organização, que pretende usar a atividade como um modelo para planejar novas ações e buscar parcerias institucionais para desenvolver um programa mais amplo que contemple o tripé saúde, educação e desenvolvimento infantil.

 

“Nos dois primeiros dias de inscrições, recebemos mais de duzentos e-mails com pedidos de participação. Temos todas as regionais de ensino do Distrito Federal representadas e o compromisso das inscritas é atuar como multiplicadoras das discussões que serão feitas”, aponta Tatiana Valverde. Ainda não há previsão de novas turmas.

Karen Ignacio, Tatiana Valverde, Louyse Silva e Luana Sobral: curso de extensão proporcionou a descoberta de novas abordagens. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

OPORTUNIDADE – Participar da organização do curso de extensão também foi uma experiência positiva para as alunas de Medicina envolvidas na gestão do evento. “Não era algo que eu esperava, estou achando ótimo. É uma oportunidade para entrar em contato com temas que nunca estudei e com especialistas destas áreas”, relata Karen Ignacio, estudante do segundo semestre.

 

No quinto semestre da graduação, Louyse Silva destaca o contato com a execução de atividades de planejamento e execução dos encontros. “Foram boas para aprimorar habilidades de relacionamento interpessoal, proatividade e me ajudar a decidir se quero seguir esse caminho durante minha formação.”

 

Para Luana Sobral, que também está no quinto semestre, voltar o olhar ao desenvolvimento natural da criança está sendo um grande aprendizado. “Muitas vezes, a Medicina foca nas patologias. Esse curso mostra o lado natural e orgânico do ser humano."

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