INTERNACIONAL

Programação cultural marca comemorações pelos cem anos do líder político que se notabilizou pela luta contra a segregação racial na África do Sul 

 

Observado pelo ministro Nkosinathi Mthethwa e pelo professor Pio Penna Filho, embaixador Joseph Mashimbye destacou experiências pessoais vividas no apartheid. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Para o povo sul-africano, o mês de setembro marca um tempo de celebração dos aspectos culturais de seu país. As comemorações envolvem performances musicais, linguísticas, históricas, gastronômicas, e acontecem em todo o mundo. Nesta semana, foi a vez de Brasília, com destaque para a UnB. Na quinta-feira (13), o auditório do Instituto de Relações Internacionais (Irel) da Universidade recebeu o ministro de Artes e Cultura da África do Sul, Nkosinathi Mthethwa, e o embaixador do país no Brasil, Joseph Mashimbye. O encontro teve como tema fundamental os cem anos de Nelson Mandela.

 

"Graças a ele e aos que lutaram ao seu lado, hoje posso andar de queixo erguido”, enfatizou o embaixador, referindo-se à luta pelo fim da segregação racial liderada por Madiba (apelido dado a Mandela por conta do clã do qual era originário). Um dos espectadores que lotaram o auditório do Irel, o aluno de Relações Internacionais Rawlings Onserio endossou a importância do ex-presidente sul-africano para a liberdade. “Como africano, fico agradecido. Sou do Quênia, mas a luta de Mandela impactou todo o continente e a forma como os africanos são vistos”, afirmou. 

 

Durante o evento, o ministro Nkosinathi Mthethwa apresentou aos presentes o histórico da luta travada por Mandela contra o apartheid – regime segregacionista que vigorou na África do Sul entre 1948 e 1994. Neste tempo, os cidadãos eram divididos em grupos de acordo com sua cor de pele e isso determinava o uso de áreas públicas e residenciais, trânsito pelo país e acesso a serviços básicos de educação e saúde. Uma das legislações do regime proibiu casamentos mistos, em 1949. No ano seguinte, a Lei da Imoralidade tornou crime relações sexuais entre pessoas de raças diferentes.

 

“Meu filho nasceu dois anos antes do fim do apartheid. Minha esposa é branca, então ele era um crime. Imaginem, o nascimento de uma criança ser um crime?”, contextualizou o embaixador Mashimbye, adicionando ao relato histórico sua experiência pessoal. “Mandela nos inspira à luta pela reversão de efeitos da injustiça social com coragem, compromisso com valores, respeito e amor”, acrescentou o ministro Mthethwa.

 

Após as falas dos representantes sul-africanos e do diretor do Irel, Pio Penna Filho, o público pôde fazer perguntas sobre o legado de Mandela. O papel de Winnie Mandela, esposa de Madiba, e a importância dos caminhos abertos pelo líder em sua luta foram alguns temas abordados.

 

O evento foi uma parceria entre a embaixada sul-africana, o Irel e a Assessoria de Assuntos Internacionais (INT) da UnB. Além da exposição oral, uma mostra de filmes foi exibida na sexta-feira (14). O grupo sul-africano Thee Legacy – de música Isicathamiya, estilo de canto tribal que também é identificado como a capella, sem acompanhamento instrumental –, abrilhantou a festividade no auditório do Irel.

Grupo Thee Legacy faz da música um instrumento para espalhar mensagens de amor e união. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

CULTURA QUE UNE – A importância da música sul-africana para a aproximação dos povos foi um ponto destacado pelo ministro Nkosinathi Mthethwa. “É uma forma de expressão tradicional que une as pessoas além das fronteiras. Uma linguagem universal”, disse.

 

“Buscamos levar amor, coragem e a importância desses valores, assim como Mandela. Nosso país é multicultural e somos todos seres humanos, acima de tudo”, disse Jabulani Mthembu, fundador do Thee Legacy.

 

Para o grupo, que está junto há cinco anos, a presença em espaços como a UnB é uma oportunidade de intercâmbio cultural. “As pessoas ficaram muito animadas e imagino que a maioria não conhecia nenhum grupo de música sul-africana”, opinou Khanyisani Mazibuko, integrante do grupo.

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