GESTÃO 2016/2020

Superintendente Elza Noronha aponta nova fase para o Hospital Universitário após o contrato firmado junto à Secretaria de Saúde do Distrito Federal

 

Para abordar os desafios e as perspectivas de diferentes unidades acadêmicas e administrativas, a Secretaria de Comunicação entrevista gestores da Universidade de Brasília. A superintendente do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Elza Noronha, detalha os projetos a partir da contratualização com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), firmada no começo do ano. 

 

A professora Elza Noronha é a nova superintendente do HUB. Foto: Luís Gustavo Prado/Secom UnB

 

Hospital Universitário há 27 anos, o HUB é administrado desde 2013 pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A instituição foi criada em 2011 para modernizar a gestão dos hospitais universitários federais. A partir do pacto com a Ebserh, mudanças foram feitas no sistema de contratação para o Hospital. Trabalham atualmente no HUB 2.100 profissionais, sendo 1.304 empregados públicos vinculados à Ebserh e 796 servidores públicos.

 

A escolha do superintendente do HUB é prerrogativa da administração da Universidade, conforme estabelecido no contrato entre as partes. Em março, a professora Elza Noronha foi empossada no comando do hospital. Especialista em medicina tropical, Elza teve o nome indicado de forma unânime pelo conselho da Faculdade de Medicina da UnB, confirmado pelas faculdades de Ciências da Saúde (FS) e de Ceilândia (FCE) e oficializado pela reitora Márcia Abrahão.

 

CONTEXTO ATUAL – Hoje, o HUB possui 247 leitos ativos. De janeiro a outubro de 2016 foram realizados 160 mil consultas ambulatoriais; 28 mil consultas de pronto atendimento; 8 mil internações; 48 mil atendimentos odontológicos; 4 mil cirurgias e 990 mil exames complementares. “O HUB é considerado como um hospital de médio porte. Toda a questão de repasse de verba do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) tem a ver com essa classificação. Para sermos de grande porte, teríamos de atender mais de 400 leitos. Ainda assim, a gente atende média e alta complexidade”, explica a superintendente.

 

Em janeiro, o HUB firmou contrato com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). “Trata-se de acordo para garantir repasse financeiro para o que produzimos em cuidados: as internações, as operações, a UTI. Isso tudo é remunerado pelo serviço público. O Ministério da Saúde paga via gestor local. Para o HUB receber, temos de dizer o que o hospital é, como se organiza, o que pode produzir. O gestor diz se está bom, se o atende e recebemos os recursos com base nessa pactuação. Existe um acordo firmando o que oferecemos e a partir disso somos avaliados”, explica Elza Noronha. A vigência do contrato é de 12 meses, podendo ser prorrogado até o limite de 5 anos.

 

A gestora cita ainda o impacto do acordo sobre as atividades didáticas do HUB. “O Hospital Universitário vem atuando, até então, como um cenário de ensino para os estudantes da UnB. Outros estudantes vinham em projetos muito pontuais. Com a contratualização, a gente se corresponsabiliza a ser cenário para estudantes da rede pública. Como esses alunos têm acesso à rede como um todo, aqui teriam acesso a alguns serviços que não existem na rede. Estamos fazendo todo o redesenho de nossa estrutura de ensino, organizando o número de vagas, para que a gente possa ter possibilidade de atender a todos, democraticamente. Queremos reforçar o papel do Hospital no ensino”, detalha a gestora.

 

"Para a lógica do serviço de saúde, o que temos é alta complexidade. Temos oncologia, unidade coronariana, UTI neonatal. Precisamos nos integrar com a rede pública para oferecer outros cenários de ensino para o estudante. Hoje temos trabalhado mais a integração com a Região Leste, formada por Paranoá, Itapoã, São Sebastião e Jardim Botânico. É importante, porque temos a inserção dos estudantes, tanto de medicina quanto das outras áreas da saúde, desde o início do curso. O aluno tem contato com a comunidade e com o serviço de saúde, desde a unidade básica até a mais alta complexidade. Isso garante a formação de alunos com responsabilidade sanitária, mas almejamos expandir, atendendo o DF como um todo", acrescenta.

 

Acerca das faculdades de medicina e de saúde da rede privada de ensino, Elza Noronha explica que a Ebserh realiza convênios pontuais com essas instituições. "Facilita a vinda de alguns residentes da rede privada, mas são casos pontuais, não é a política principal." Confira a entrevista:

 

Quais são os desafios do HUB?

 

O primeiro é garantir a inserção na rede, com a contratualização efetiva. Estar preparado para ter gestão de qualidade, para poder oferecer serviço de qualidade. Ou seja, garantir que temos os insumos na hora certa e conseguir produzir o cuidado com a qualidade que a população precisa. Com esse desafio, outro vem junto: o Hospital realmente se constituir, em primeiro lugar, como um cenário para o ensino, para atender às necessidades das grandes faculdades relacionadas à saúde e, num segundo momento, ampliar isso para outras faculdades e institutos. O hospital é uma empresa complexa que pode oferecer cenário para todas as formações. O terceiro desafio é ter gestão adequada da infraestrutura. Ainda temos muita deficiência, tanto na estrutura predial quanto na questão de equipamentos. Precisamos resolver isso para que a instituição realmente se coloque como centro de excelência, focado cem por cento no SUS, e para que esteja plenamente contratualizada com a rede de atenção.

 

Qual é a grande dificuldade do Hospital?

 

A gestão de pessoas. Vivemos um grande conflito em função da reestruturação do HUB, com a contratação da Ebserh. A força de trabalho fica dividida em dois grandes grupos: aquele que é regido pela Lei 8.112/1990 e aquele que está submetido ao regime celetista. Então, como trabalhar os direitos, a legislação, para dois corpos diferentes que estão trabalhando no mesmo local, com as mesmas condições de trabalho? Isso gera um pouco de tensão. Talvez esse seja o primeiro grande desafio que enfrentamos. Estamos nos organizando para conseguir atender as pessoas nas suas necessidades, fazer valer a legislação e conseguir trabalhar com esses olhares diferenciados. Queremos ver as pessoas em sua diversidade, mas que elas estejam trabalhando em um projeto comum, com processo de trabalho comum. Esse é o grande desafio.

 

Como a redução do orçamento da UnB impacta o HUB?

 

O nosso orçamento vem do Ministério da Educação (MEC), via Ebserh. Temos uma dupla orçamentação: do MEC e da contratualização, que vem do Ministério da Saúde, via Secretaria de Saúde do DF. Nós já estamos vivenciando o corte. Quando assumimos aqui, toda parte de recursos humanos, gestão e financiamento do pessoal de apoio (higienização e lavanderia, por exemplo) era financiada pelos recursos do MEC. Já tínhamos um plano de corte. Não tem como a gente não se alinhar. Estamos reduzindo e esperamos equilibrar essa questão com a contratualização. Nossa condição é a mesma de todas as instituições públicas: tentando organizar para fechar a conta.

 

O que precisa ser cortado?

 

Estamos trabalhando corte nas firmas terceirizadas. Já foi feito na parte da vigilância patrimonial, porque, na realidade, o levantamento desse contrato foi feito em outra realidade do hospital. Como agora estamos replanejando, dizendo exatamente o tamanho que a gente é, então houve necessidade de cortar. Outros serviços também, como o de lavanderia. O hospital, na contratualização, foi estimado com um número de leitos bem maior do que a gente tem, então estamos revendo esse contrato de lavanderia, que também é terceirizado. E fazemos estudo em outras áreas, por exemplo, a de alimentação. O hospital oferece alimentação para servidores e para todos os acompanhantes. A normatização de como será ofertada é algo que deveremos enfrentar. É claro que os pacientes são prioridade. Mas precisamos analisar se deve ser oferecida para todos os acompanhantes, por exemplo. Precisamos fazer um estudo. Essas questões oneram mais. Não estamos deixando de fazer o que temos de fazer. Estamos identificando onde os contratos estão com certa gordura. Esses contratos são feitos a partir de estimativas referentes ao metro quadrado para limpar ou ao número de leitos. Tínhamos feito estimativa para 404 leitos, mas hoje, efetivamente, nossa capacidade é de 247 leitos funcionando. E não temos pretensão de ofertar 400 leitos, então dá para reajustar esses contratos terceirizados. Existe uma série de cortes internos também, como no transporte e racionalização do uso do combustível.

 

Quais são as expectativas acerca da Reitoria?

 

Temos muitas. Até porque viemos indicados pela reitora Márcia Abrahão, com muitas tarefas. Ela deixou bem clara, durante a campanha, a importância de reforçar o HUB como uma instituição que é pertencente à UnB. Este momento que vivenciamos é de contratação da Ebserh, que é uma parceria. Mas a Universidade não abre mão de ser responsável pelo Hospital. Precisamos da Universidade para fomentar as grandes políticas internas. Muitas políticas são fomentadas a partir da sede central da Ebserh, porque temos hoje uma rede enorme de hospitais. São 39 na rede, com capacidade de fazer gestão compartilhada. Isso ajuda, mas nós precisamos das políticas que vêm da Universidade. As tecnologias, tudo isso que precisa partir da UnB, dessa corresponsabilização. Estamos trabalhando em várias frentes para fortalecer essa parceria.

 

Considerando o Plano Diretor Estratégico, que é de 5 anos, como você imagina o Hospital ao final desse período?

 

Imagino um hospital com força de trabalho estabelecida, trabalhando em união. Vejo um hospital bem melhor do ponto de vista da estrutura física. Espero não ter os esqueletos de obras. No nosso PDE consta a necessidade de, pelo menos, tirar do esqueleto os prédios que estão em construção. E que estejamos produzindo cuidado naquilo que a rede precisa. Imagino muitos estudantes, cenário de ensino funcionando bem, não só para as faculdades de saúde, como também de outras áreas, como arquitetura, computação, engenharias.

 

 

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