OPINIÃO

Kleber Aparecido da Silva é professor do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas e do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília. Doutor em Estudos Linguísticos pela Unesp – São José do Rio Preto. Coordena o Grupo de Estudos Críticos e Avançados em Linguagens (GECAL) e é bolsista de produtividade em pesquisa pelo CNPq – 2A.  kleberunicamp@yahoo.com.br | kleberaparecidodasilva@gmail.com

Kleber Aparecido da Silva

“Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem;
lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize"

(Boaventura de Sousa Santos)

 

Vivemos em um país que tem o regime democrático como mola propulsora e/ou esteio fundante para o exercício da nossa cidadania. Porém, o que é possível experienciarmos e vermos, seja na vida real e/ou virtual, é a falta de tolerância das pessoas. É possível vermos a intolerância no trânsito, nos berços educacionais e acadêmicos, em outras palavras, a falta de tolerância está em todo lugar. Além disso, é possível observarmos nos discursos e ações das pessoas um ódio ao outro que tem uma visão ou opinião diferente da sua. Aliás, toda esta celeuma que estamos vivendo neste momento sócio-histórico no Brasil tem afetado muito as atitudes das pessoas e que estão perdendo o senso do que é certo ou errado.

 

Até pessoas que tiveram a oportunidade de estudar e/ou de se especializar em locus de ensino e de pesquisa no Brasil e/ou no exterior, tem preconizado nas suas palavras e ações este discurso de intolerância e em muitas vezes o discurso do preconceito que é latente, mas invisibilizado no Brasil. Me pergunto: como agir quando alguém explicita uma opinião diferente da nossa? A resposta é óbvia. Deveríamos respeitar e se for possível contra-argumentar de forma polida, respeitosa. O que vejo hoje é uma contra-argumentação raivosa, despolida, altiva e até certo ponto impositiva. A meu ver, precisamos combater esta ação que tem gerado uma reação de intolerância no Brasil.

 

Isto faz recair, a meu ver, nas instituições familiares e nos berços educacionais e acadêmicos a responsabilidade de propiciar aos seus filhos, no caso da família, ou aos seus alunos e acadêmicos, no caso da escola e da universidade; condições para que estas pessoas (re)construam uma cidadania protagonista, crítica e planetária, concebendo o próximo com a quem deveria “dialogar” (numa perspectiva bakhtiniana) e não apenas tolerar. A tolerância, o livre arbítrio e o respeito aos outros são princípios básicos para o saber dos nossos direitos e para o exercer dos nossos deveres quais cidadãos planetários que pensam, que (re)agem e que concebem o outro como um dos seres capazes de auxiliá-lo/la a encontrar a sua própria completude seja ela social, ideológica e/ou filosófica. Quando isto for feito, estará hasteada a bandeira, que deveria ser a mola propulsora de nossas escolas e universidades: a educação por meio da inclusão e a inclusão por meio da educação. Pense nisto!

 

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