UnB.FUTURO

Em palestra à comunidade universitária, pedagogo português convocou o público a resgatar os ideais de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro

 

José Pacheco na abertura das atividades da Comissão UnB.Futuro. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

"A situação educacional só pode mudar se a escola, o poder público e a universidade andarem juntas. É preciso, de uma vez por todas, religar essas três esferas.” A conclusão é do educador português José Pacheco, que palestrou a acadêmicos, docentes e gestores da Universidade de Brasília, na última sexta-feira (18), dando início às atividades da Comissão UnB.Futuro para o segundo semestre letivo.

Defensor de um novo conceito de escola, José Pacheco afirmou que "é preciso superar o modelo educacional do século XIX, ultrapassado e ainda vigente no país e em tantos lugares do mundo". Para trazer ao diálogo exemplos de experiências inovadoras, o especialista falou sobre a escola Projeto Âncora, instituição de ensino fundamental em Cotia, São Paulo; e a Escola da Ponte, instituição de ensino básico da rede pública portuguesa, que tem o educador como um de seus idealizadores.

Segundo Pacheco, as saídas para as dificuldades do sistema educacional brasileiro estão na própria nação. “Encontrei no Brasil as melhores propostas educacionais do mundo. Em nenhum outro lugar do mundo vi uma produção acadêmica de tanta qualidade. Mas também encontrei aqui muita miséria. É um país de contradições”, enfatizou o palestrante sobre o potencial que há nas universidades brasileiras.

O educador convidou os participantes do evento a resgatar os ideais dos fundadores da UnB. “Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro pensaram a Universidade de Brasília a partir da indignação que tinham, à época, com o sistema educacional brasileiro”, relembrou Pacheco. E complementou: “Há muito para mudar, e só não vai mudar se não fizermos nada”.

Coordenador do Núcleo de Estudos do Futuro (n-Futuros) da UnB e professor emérito, Isaac Roitman destacou que o encontro cumpriu seu papel “como uma fogueira, espalhando o fogo de ideias inovadoras e inspirando a Universidade em novas parcerias”. O docente reforça que a universidade é responsável pela formação dos professores, condição indispensável para uma educação de qualidade, e que, também por isso, ela deve se preocupar com a educação desde a primeira infância.

INOVAÇÃO – Inspirados na concepção de escola em comunidade de José Pacheco e com o apoio do educador, um coletivo de professores da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) atua, há cerca de três anos, na elaboração do projeto Comunidade de Aprendizagem do Paranoá (CAP). Entre as propostas da iniciativa está a criação de uma escola pública ofertando o Ensino Fundamental I para a comunidade do Paranoá Parque (setor habitacional do programa Morar Bem do Governo de Brasília).

Professora da SEEDF e integrante do coletivo de professores do projeto CAP, Renata Resende foi convidada para apresentar a iniciativa durante o evento da UnB.Futuro. De acordo com a professora, o projeto foi acolhido pela SEEDF e pela Regional de Ensino do Paranoá, e a previsão é de que a escola seja inaugurada em 2018. “Trabalhamos com uma proposta pedagógica inovadora, cujo projeto leva em conta os interesses do aluno, em um diálogo intenso com a comunidade”, detalhou.

Decana Maria Emília Walter (centro) demonstrou interesse em apoiar projeto desenvolvido no âmbito da SEEDF. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Respondendo ao apelo do educador José Pacheco para que a Universidade esteja ativa no tripé escola-poder público-universidade, a decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter, sinalizou o interesse da UnB em apoiar o projeto CAP. “Temos uma possibilidade real de contribuir com uma iniciativa inovadora que efetivamente gere transformação para a comunidade. Enquanto decanato, vamos elaborar uma estratégia de apoio ao projeto", garantiu Maria Emília.

Em agradecimento à presença do educador no evento, a decana destacou que "o atual momento de crise e grandes cortes orçamentários é também uma oportunidade para repensar modelos estabelecidos e vislumbrar novos caminhos".

A COMISSÃO – Com a visão de construir um modelo de universidade compatível com as demandas e a realidade da atual sociedade brasileira, a UnB.Futuro busca refletir, propor e discutir ideias e ações para alcançar essa missão. Ao longo do semestre, são realizadas reuniões para debater temas ligados a educação, cultura, ciência e tecnologia. De acordo com o tema proposto em cada encontro, um especialista no assunto ministra conferência introdutória, que abre a discussão para toda a comunidade acadêmica. O próximo encontro está previsto para setembro, com data a ser divulgada em breve.

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