UnB 55 ANOS

João Augusto de Lima Rocha considera a instituição “o maior projeto da intelectualidade brasileira”. Para ele, o coração de Anísio ainda pulsa na UnB

Anísio Teixeira discursa na inauguração da UnB, em 1962, no Auditório Dois Candangos (FE). Foto: Cedoc/Arquivo Central UnB

 

Como parte das comemorações pelos 55 anos da Universidade de Brasília, o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) João Augusto de Lima Rocha esteve no Auditório Dois Candangos da Faculdade de Educação (FE) na última segunda-feira (17). Biógrafo de Anísio Teixeira, o docente detalhou a trajetória do pensador baiano que inspirou o processo de criação da UnB.

Em entrevista à Secretaria de Comunicação, o docente – conterrâneo e amigo de Anísio Teixeira – falou sobre as ideias inovadoras difundidas pelo educador, cuja influência está intimamente ligada à história da Universidade.

Qual foi a maior contribuição de Anísio Teixeira na concepção da Universidade de Brasília?

João Rocha: Começa pela nomeação, por Juscelino Kubistchek, para que Anísio organizasse o plano educacional de Brasília. Esse projeto envolvia não só a Universidade, como também toda a estrutura da educação da capital. Na instauração da UnB, a participação de Anísio Teixeira foi de suma importância. Ele era um dos principais conselheiros de Darcy Ribeiro. A intelectualidade de Anísio e o seu amor à educação faziam com que ele se mantivesse sempre à disposição para apresentar soluções inovadoras aos assuntos relacionados à educação. Ele era um visionário e um apaixonado. Planejava as coisas a longo prazo, sempre. A UnB é o maior projeto da intelectualidade brasileira. Ele previu e realizou isso. Então, passados todos esses anos, o coração de Anísio ainda pulsa em todos os cantos desta Universidade. Ele é o verdadeiro espírito da Universidade de Brasília.

Quais mudanças propostas por ele ainda vigoram na educação brasileira?

JR: Aqui em Brasília o conceito de Escola Classe surgiu como um espaço de educação integral. Isso faz parte do legado de Anísio. A concepção de educação de qualidade e acessível a todos, sem que haja distinções de classes sociais, permanece como uma das marcas dele para a educação no Brasil. Ainda hoje, todos os educadores brasileiros consideram esses valores muito relevantes. Além disso, ele foi presidente da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência]. Anísio tinha na pesquisa científica um dos valores mais marcantes e que fazem de uma universidade um espaço de conhecimento destacado positivamente.

Passados 46 anos do desaparecimento de Anísio, qual mensagem permanece?

JR: Ainda me lembro de quando recebi a informação de que Anísio foi preso e levado para um quartel da Aeronáutica no Rio de Janeiro. Nessa operação, ocorrida em 1971, o plano da ditadura militar era matar todos os intelectuais brasileiros de maior destaque. Anísio desapareceu nessa ocasião. Ele pagou o preço por sonhar e lutar por um país melhor e mais justo. Sinceramente, poucos amaram o Brasil como ele.

João Augusto de Lima Rocha esteve na UnB no último dia 17 para falar sobre Anísio Teixeira. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

INSPIRAÇÃO – A vida e a obra do educador Anísio Teixeira são fontes inspiradoras para as novas gerações. Marilenna Soares, de 23 anos, é estudante de Pedagogia. Ela assistiu à palestra de João Rocha e considera fundamental que a Universidade de Brasília mantenha viva a ideologia renovadora do educador.

“A importância de termos, na origem da UnB, uma figura de destaque como Anísio Teixeira é de um significado enorme. Ele pensava a educação como uma forma de promoção do crescimento intelectual do indivíduo e, por consequência, o desenvolvimento da sociedade. Anísio estava muitas décadas à frente do seu tempo. Tenho muito orgulho de estudar numa Universidade idealizada por ele”, diz.

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