OPINIÃO

 

Ricardo Farret é arquiteto pela FAU/UFRGS (1962), mestrado (1978) e doutorado (1983) em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade da Califórnia/Berkeley, foi professor (em regime DE) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB até 1995. Ainda hoje atua em grupo de pesquisa na área de Análise Espacial Urbana e participa de bancas de mestrado e doutorado na UnB e outras universidades. 

Ricardo Farret

 

Na oportunidade das comemorações do cinquentenário do Centro Olímpico, quando vários depoimentos estão sendo postados no portal da UnB, parece-me oportuno preencher uma lacuna nessas manifestações: incluir as dimensões urbanística e arquitetônica de sua história. Com isto, mais do que uma gratificação pessoal, presto uma justa homenagem póstuma ao meu colega da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e coautor desses projetos, Márcio Villas Boas, recentemente falecido.


Cabe lembrar que, desde a sua fundação, os projetos de arquitetura das edificações do campus da UnB são elaborados por professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Marcio e eu Ingressamos como docentes da FAU, em outubro de 1968, e no ano seguinte, assumimos a responsabilidade pela elaboração do Plano Urbanístico do Centro Olímpico e dos projetos de arquitetura das suas instalações: Faculdade de Educação Física (FEF), Quadra Coberta Multiuso, Conjunto Aquático, Clube Social, quadras de basquete, pista de atletismo e campos de futebol, além de um Ginásio de Esportes, com capacidade para 10 mil espectadores, sendo que este, não construído, seria executado em parceria com o Governo do Distrito Federal para usufruto da cidade.


Na origem do CO, Oscar Niemeyer deixou registrada nada mais que uma indicação da sua localização, à beira do Lago, na área frontal à Praça Maior, o que foi oficializado pelo Plano Diretor do Campus, elaborado em 1969. A partir dessa indicação, Marcio e eu, em um ano de trabalho, elaboramos os projetos acima citados, alguns simultaneamente ao início das obras, num frenético e gratificante processo de trabalho, ao mesmo tempo em que outros colegas elaboravam os projetos da Biblioteca Central, Reitoria, Restaurante, Residências Estudantis, Faculdade de Tecnologia e Faculdade de Ciências da Saúde. Sempre com a assessoria de professores das áreas envolvidas (no caso da FEF, em momentos diferentes, dos professores Bettero e Alexandre).


Anos depois, creio que em 2010, já aposentados, fomos chamados pelo Ceplan/UnB para elaborar o Plano de Modernização Urbanística do Centro Olímpico da UnB, quando, já oficializado o cancelamento da construção do Ginásio de Esportes, foram incorporados ao programa os seguintes projetos: a ampliação da FEF, hotel para professores visitantes e um abrigo-garagem para equipamentos destinados aos esportes náuticos. Ainda nesta ocasião, fomos procurados pela Asfub para desenvolver o projeto do Clube Social, projeto este elaborado, inclusive com a previsão de restaurante e uma “praia artificial” para o lazer da comunidade da UnB. Obra não executada.


Como parêntese, nessa ocasião, descobrimos, quase por acaso, que boa parte da área do CO tinha sido apropriada por um professor, creio que da Biologia Vegetal, como “reserva natural de pesquisa”, à época sem qualquer institucionalidade na UnB! Como não era uma área necessária ao programa proposto, esta apropriação foi por nós respeitada, mais por prudência que por convicção! Ainda no campo da “arqueologia urbanística”, outra surpresa havia ocorrido em 1969, na área destinada ao futuro CO- então um respeitável matagal quando “descobriu-se” o esqueleto de uma obra inacabada, posteriormente identificada, ao que parece, como a futura sede da Escola Superior de Guerra!

 

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