CINEMA

Universidade integra programação, com participação nas mostras e atividades formativas, além de realizar primeira edição do Festival Universitário de Cinema

 

Captura de tela do curta-metragem Habilitado para morrer, selecionado na Mostra Brasília. Foto: Divulgação/Pupila Audiovisual

 

Entre os dias 15 e 24 de setembro, a capital federal recebe o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Considerado um dos mais importantes eventos do cinema no país, o festival completa 50 anos com programação espalhada por 11 regiões do Distrito Federal. A UnB tem parte nesta história como berço do evento. Fundador do antigo curso de Cinema da Universidade, Paulo Emílio Salles Gomes participou da concepção do festival. Hoje, o ex-professor dá nome a medalha concedida em homenagem a cineastas. Desta vez, a honraria será destinada ao renomado diretor Nelson Pereira dos Santos, também ex-professor da UnB.

 

A exemplo das participações ao longo de décadas, a Universidade está presente na programação de 2017. Além de integrar mostras e ceder seu espaço para atividades formativas, promove a estreia do I Festival Universitário de Cinema de Brasília (FestUniBrasília). Iniciativa que tem como objetivo estreitar laços entre a UnB e o festival nacional, criando um espaço onde cineastas em formação tenham suas produções exibidas e reconhecidas no circuito.

 

Organizado por professoras do curso de Audiovisual, em parceria com o Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual (Forcine), o evento paralelo ocorre nos dias 16 e 17 de setembro, a partir das 10h, no Cine Brasília. Para esta primeira edição, foram recebidas 279 inscrições. No fim, somente 20 curtas-metragens, produzidos por universitários de sete estados brasileiros e do Distrito Federal, foram selecionados por docentes e cineastas egressos da UnB para compor a atividade.

 

Os três melhores serão premiados com o Troféu Candango e poderão ser exibidos no Congresso do Forcine, no dia 20 de setembro, em Foz do Iguaçu.

 

>> Confira a lista dos selecionados para o I FestUniBrasília

 

Érika Bauer, uma das coordenadoras do FestUniBrasília e docente da UnB, afirma que a proposta surgiu da intenção de retomar as origens do Festival de Brasília junto à Universidade e promover um espaço que perdure nas próximas edições. “Esse espaço traz aos alunos a possibilidade de se atualizarem, de fazerem intercâmbio com outras escolas e de perceberem que suas ideias de cinema podem dialogar com as ideias de outros colegas”, diz.

 

A UnB estará representada no Festival Universitário com três filmes. Dirigida pelo estudante Bruno Victor e pelo já graduado em Audiovisual Marcus Azevedo, Afronte é uma docuficção (gênero híbrido entre documentário e ficção) que retrata a transformação e empoderamento de um jovem negro e gay, morador da periferia do Distrito Federal. Ela também estará na Mostra Brasília. A saga de um morador de rua contra a utopia de Brasília é tema do curta-metragem O homem que não cabia em Brasília, com direção e roteiro do egressso Gustavo Menezes.  

 

A outra caixa, realizado por Amanda Devulsky em 2015, quando ainda era aluna da Universidade, também entra no páreo. O filme experimental traz uma investigação acerca de imagem, feminilidade e colonialismo. Amanda já participou da Mostra Brasília em 2014, com o premiado Querido capricórnio e, neste ano, está também confirmada na Mostra Competitiva, como editora do curta Mamata. Ela acredita que o FestUniBrasília é importante espaço para experimentação. “Desde que eu era aluna da UnB, conversávamos sobre essa necessidade de se ter um festival universitário. É fundamental para Brasília”, considera.

 

Os realizadores dos filmes selecionados participarão de uma conversa, com a presença de estudantes e professores da UnB, nos dias 18 e 19 de setembro, no auditório da Faculdade de Comunicação (FAC). Na ocasião, eles abordarão temas que conectam suas obras, como linguagem, identidade e territorialidade. As produções também serão reprisadas na mesma data, às 14h30, na Faculdade de Planaltina (FUP).

Dácia Ibiapina (de blusa branca) durante as filmagens do documentário Carneiro de ouro, que estará na Mostra Competitiva. Foto: Divulgação

 

VETERANA – Outra produção da casa disputa premiações nas mostras Brasília e Competitiva. Trata-se do curta-metragem Carneiro de ouro, dirigido pela professora do curso de Audiovisual Dácia Ibiapina.

 

Resultado de sua pesquisa de pós-doutorado, realizada na Universidade Federal do Piauí, em 2014, o documentário aborda o trabalho do cineasta Dedé Rodrigues, do município de Sussuapara, no Piauí, em seu coletivo de cinema. A proposta inicial era realizar uma série documentária para a televisão, com apoio do Fundo Setorial do Audiovisual, que abordasse as produções de baixo orçamento realizadas por grupos de cineastas independentes na região de Picos, interior do Piauí.

 

“Existem pessoas fazendo filmes onde a gente menos espera e de forma autônoma em relação às políticas públicas de fomento ao audiovisual. É um cinema comunitário”, afirma a docente. O episódio piloto da série, ainda em desenvolvimento, foi readaptado para ganhar o formato de curta-metragem. “É uma alegria, mas também uma grande responsabilidade dirigir o único curta de Brasília na Mostra Competitiva”, completa.

 

Dácia coleciona algumas participações no festival. Três de seus filmes já foram exibidos no evento, dois deles com premiações: em 2013, melhor montagem, com o curta O gigante nunca dorme, e em 2012, o prêmio Conterrâneos, com Entorno da beleza. Neste ano, ela também participa da coordenação do FestUniBrasília.

 

Carneiro de ouro estará em cartaz no Cine Brasília, no dia 22 de setembro, às 18h30, pela Mostra Brasília, e às 21h, pela Mostra Competitiva.

 

ESTREIA – Pela primeira vez, uma empresa júnior da UnB é selecionada para exibir na Mostra Brasília, espaço de incentivo às produções locais. A Pupila Audiovisual, da Faculdade de Comunicação (FAC), fará sua estreia em um festival de grande porte com um curta-metragem que mistura gêneros como suspense, comédia e ação. Habilitado para morrer narra a história de dois detetives que investigam o assassinato de um mafioso, chefe do Detran. A sessão será no dia 20 de setembro, às 18h30, no Cine Brasília.

Estudantes da empresa júnior Pupila Audiovisual comemoram primeira participação em grande festival de cinema com o curta Habilitado para morrer. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

A inspiração para a narrativa veio da experiência da roteirista e estudante de Audiovisual Cecília Bastos. Projetado primeiramente como vinheta do Festival de Curtas dos Calouros (Fecuca), promovido semestralmente pela empresa júnior na UnB, o material acabou ganhando também o formato de filme. “Eu acabei me apaixonando pela história. Não queria que ela morresse no Fecuca”, comenta Cecília.

 

O curta teve apoio da FAC para sua realização, mas foi concebido exclusivamente por estudantes – foram cerca de 40 participantes que se revezaram nas diversas funções. Três meses de gravação em locações na própria Universidade e um orçamento de apenas R$ 750 foram suficientes para que a equipe, já acostumada a trabalhar com poucos recursos, obtivesse o bom resultado. “Não esperávamos nunca que isso chegaria ao Festival de Brasília”, afirma o diretor e estudante Rafael Stadniki.

 

A Mostra Brasília irá premiar os melhores filmes escolhidos pelos júris técnico e popular com o troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal, com direito a R$ 240 mil distribuídos em premiações. O vencedor na categoria Melhor Filme receberá o Prêmio Petrobras de Cinema, no valor de cem mil reais.

 

HOMENAGEM – Crítico literário, poeta, escritor e educador. Todas essas expressões podem ajudar a entender quem foi o professor Cassiano Nunes, que dá título ao documentário Viva Cassiano, exibido como parte da Sessão Especial: Poesia Viva, em 23 de setembro, no Museu da República. 

 

"Teremos um debate com sorteio de livros após a exibição", adianta Maria de Jesus Evangelista, curadora do espaço Cassiano Nunes, na Biblioteca Central (BCE) da UnB. O acervo com obras do docente, que morreu em 2007, está disponível para consultas na BCE durante o ano inteiro.

 

Confira outros filmes de egressos e homenageados da UnB que serão exibidos no festival:

Arte: Igor Outeiral/Secom UnB
ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.