OPINIÃO

 

Rafael Litvin Villas Bôas é professor do campus de Planaltina da UnB e do PPG em Artes Cênicas do IdA/UnB. É diretor da UnBTV desde fevereiro de 2021.

 

 

Maurício Neves coordena a equipe de Edição, Pós-Produção e Arte e é graduado em Audiovisual pela Faculdade de Comunicação da UnB. É diretor substituto da UnBTV.

Rafael Litvin Villas Bôas e Maurício Neves

 

A UnBTV comemora, na data de 21 de novembro de 2024, o aniversario de 18 anos. A efeméride enseja comemoração e reflexão. Como foi possível, em um cenário tão marcado pelo monopólio de emissoras privadas de TV, que uma TV universitária pudesse nascer e crescer, a despeito das adversidades orçamentárias e políticas?

 

Primeiro, porque o movimento que lutou pela democratização da comunicação conseguiu conquistas no legislativo, como a Lei do Cabo, que obrigou as plataformas de TV a cabo a comportar canais públicos, dentre eles o canal universitário do DF, operado pela UnBTV, desde 2006.

 

Em segundo lugar, porque existiu tenacidade, resiliência, e muito espírito de iniciativa da equipe que criou a UnBTV. A dinâmica estabelecida no Centro de Produção Cultural e Educativa (CPCE), criado em 1986, era de atuação como produtora audiovisual, responsável por grande acervo de documentários e gravações para a memória da UnB, do DF e de diversos biomas e povos indígenas brasileiros. A guinada para a TV a cabo exigiu o esforço para organizar uma linha de produção permanente, atual e convergente com as demandas de divulgação do ensino, pesquisa e extensão da UnB.

 

Na medida em que crescia e se tornava conhecido o repertório de programas da UnBTV, a comunidade acadêmica passou a entender que o modo de operação não era o de uma produtora à disposição para produção de vídeos institucionais e de projetos, e passou a contribuir com sugestões de pautas, com agendamento de transmissões para eventos de médio e grande porte, e a se disponibilizar para conceder entrevistas para a equipe da UnBTV. Pois os mais antigos da equipe lembram da época que era frequente docentes do quadro negarem entrevistas para a UnBTV mas aceitarem sempre os convites das TVs comerciais de grande porte.

 

Foi durante a pandemia que os serviços prestados pela UnBTV se tornaram ainda mais notados e visualizados, como as transmissões das reuniões de conselhos superiores. Entre 2020 e 2021 foram produzidos cem episódios do boletim semanal UnBTV, um programa de telejornalismo dividido em blocos, com dados sobre a Covid no DF, reportagens sobre projetos da UnB, agenda cultural, etc.

 

A UnBTV se considera uma TV Escola, pela quantidade de profissionais que formamos ao longo de quase duas décadas, e pela forma como trabalhamos com os estudantes. Foi percebendo essa característica, e somando a necessidade crescente de letramento midiático e na linguagem audiovisual que nós criamos a Escola de Formação em Audiovisual da UnBTV. Por meio dela abrimos turmas de formação, formadas por estudantes selecionados em editais, para os projetos “Meu primeiro curta” e “DF em Tela”, de capacitação básica no ciclo de produção do audiovisual, culminando em cinco curta-metragens, no caso do primeiro, e em dezenove vídeos sobre a atuação da UnB nas regiões administrativas do DF e nos pólos de extensão da UnB na Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE), no caso do segundo. A EFA-UnB também atua em parcerias ofertando treinamento, capacitação ou formação para turmas do Pibid e do Residência Pedagógica, com o DEG, e estamos em tratativas com a Procap para ofertar cursos modulares para técnicos e docentes.

 

Cientes de que uma equipe de trinte e sete profissionais é pequena para o conjunto das demandas de cerca de 138 cursos de graduação, uma centena de cursos de pós-graduação e das unidades administrativas e da reitoria, adotamos a estratégia de produção em rede para que equipes dos decanatos e grupos das unidades de ensino se comprometam conosco no planejamento e na produção dos programas construídos coletivamente. Dessa forma criamos com o Decanato de Extensão da UnB o “Radar da Extensão”, com o Programa de Iniciação Científica o “Fazendo Ciência, Formando Cientistas”, com a Faculdade UnB Planaltina o “Universidade para quê?”, com o Instituto de Relações Internacionais o “Vasto Mundo”, com o Decanato de Ensino e Graduação o “Se Liga no PAS” e com a Faculdade de Comunicação o “IA Agora” sobre inteligência artificial.

 

E no âmbito cultural buscamos fortalecer a participação da UnBTV como aparelho cultural do Distrito Federal difusor da produção artística da cidade e da UnB por meio dos programas musicais “Exclusiva” e “(Em)Cantos”, de literatura “Tirando de Letra”, de artes visuais “Esboços”, de cinema produzido no DF “Quarta Cine Candango” e em breve estreiaremos o programa “Todo Chão é Palco”. Além de atuar na difusão, com estes programas e com mostras temáticas, fomentamos a produção por meio da EFA-DF e da organização do Festival de Cinema Universitário de Brasília, que neste ano acontecerá entre 2 a 4 de dezembro, juntamente com o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e com debates na Faculdade de Comunicação da UnB.

 

O desafio de sobreviver como TV universitária é grande em um contexto de crescimento das plataformas de streaming e de diminuição do público de TV a Cabo. Por isso ingressamos na rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), ampliamos as parcerias com a EBC e a TV Brasil, e com outras TVs para buscar o almejado canal aberto e a abertura da Rádio UnB. Com a ABTU e o Cogecom da Andifes lutamos pela revogação do decreto presidencial que proíbe a contratação de profissionais de comunicação para que possamos recompor nosso efetivo e ampliá-lo.

 

Convidamos a comunidade da UnB para conhecer nossa nova sede, no edifício que dividimos com o Parque Tecnológico da UnB, e para participar conosco da construção da imagem audiovisual de tudo aquilo que pensamos e fazemos na Universidade de Brasília!

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