Elizabeth Ruano-Ibarra
Fundado em 28 de novembro de 2014, enquanto espaço acadêmico dedicado aos estudos de gênero, por iniciativa discente do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Brasília (UnB), se institucionalizou ao interior do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação nas Américas (CEPPAC), instância existente desde 1997 e que, desde 2017, passou a nomear-se Departamento de Estudos Latino-Americanos (ELA). Essa iniciativa estudantil de propor a criação do GREIG no ELA/ICS/UnB foi nutrida pelo ativismo feminista da UnB, o qual se reporta, entre outras iniciativas, ao pioneirismo do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (NEPeM), do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam), criado em 1986, liderado pelas professoras Lia Zanotta Machado, Mireya Suárez (1938-2019) e Lourdes Bandeira (1949-2021).
Por sua vez, a criação do GREIG foi concretizada pela confluência da demanda estudantil com o ingresso da professora Delia Dutra no CEPPAC, e teve esta professora como coordenadora precursora. Desde o início de 2018, a coordenação passou a ser compartilhada pelas professoras Elizabeth Ruano-Ibarra e Elaine Moreira. O GREIG é formado por professoras e discentes de graduação e pós-graduação que atendem aos critérios de adesão divulgados no site institucional.
Com ocasião da comemoração da primeira década, refletimos sobre as frentes de trabalho durante os dez primeiros anos. Primeiramente, no GREIG promovemos a paridade de gênero na autoria da bibliografia das disciplinas de graduação e pós-graduação. Esse ativismo ganhou novos contornos após o feminicídio da estudante de graduação Louise Ribeiro (1996-2016) nas dependências do campus sede da UnB, em 2016. Para vivenciar e acolher coletivamente o luto, realizamos aulas abertas nas quais foi recorrente a denúncia da violência epistêmica, especialmente a sub-representação da autoria feminina na bibliografia de referência nos diferentes cursos.
Como exercício autocrítico às professoras coordenadoras do GREIG, confirmamos a reprodução do cânone androcêntrico nas disciplinas sob nossa responsabilidade. A partir disso buscamos pluralizar a bibliografia utilizada nas disciplinas de graduação e pós-graduação combinando-a com pesquisas e publicações sobre androcentrismo canônico, especificamente na bibliografia do curso de graduação em metodologia das ciências sociais e nas disciplinas do pensamento latino-americano na graduação e na pós-graduação.
Como segunda frente de trabalho, para contornar as limitações de financiamento e capacidade de trabalho, o GREIG promove a articulação em rede. Em 2018 articulamos a Rede Feminista dentro de Encontro Latino-Americano de Metodologia das Ciências Sociais (ELMECS), a partir da qual organizamos um dossiê na revista Milcayac da Universidade de Cuyo (Argentina), promovemos parcerias internacionais na forma de participação em bancas de mestrado e doutorado e de disciplinas de pós-graduação, na modalidade híbrida.
Em 2020, participamos da 1ª Conferência da UnB de Combate à Violência de Gênero, que teve como objetivo institucionalizar a política de permanência das mulheres, mitigar a violência de gênero e fortalecer redes e alianças entre instituições e coletivas de ativistas. Em 2022, participamos da formulação do projeto que permitiu a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Caleidoscópio, abrindo a oportunidade de engajamento na sua implementação.
A terceira frente de trabalho do GREIG foi criada em 2019 e se denomina Femifilme. Essa prática didático-pedagógica e ético-política atende ao objetivo de articular os estudos de gênero e os feminismos à extensão universitária. Embora o Femifilme surja situado nas Ciências Sociais, busca sistematicamente o diálogo interdisciplinar, para tanto integra as disciplinas de Pensamento Social e Político Latino-Americano I e II ministradas no programa de pós-graduação em Ciências Sociais (PPG-ECsA/UnB). A quinta edição do Fefimilme acontece em novembro e dezembro de 2024, conforme programação disponível no site do GREIG, e integra as comemorações da primeira década.