OPINIÃO

 

Eduardo Oliveira Soares é doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília e servidor do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan) da UnB.

 

 

Alice Rosa Cardoso é arquiteta e urbanista no Centro de Planejamento Oscar Niemeyer da Universidade de Brasília. Doutoranda em Projeto e Planejamento Urbano na UnB.

 

 

 

Eduardo Oliveira Soares e Alice Rosa Cardoso

 

O Campus Universitário Darcy Ribeiro, inaugurado junto com a Universidade de Brasília (UnB) em 1962, integra a área reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), como Patrimônio Cultural Mundial desde 1987. Em 2004, a Unesco também atribuiu a Brasília o título de Cidade Criativa do Design.

 

Muitos têm sido os desafios no âmbito do planejamento físico na Universidade de Brasília. Ao todo são quatro campi e várias unidades dispersas. O seu mais antigo campus – o Darcy Ribeiro – foi previsto desde a concepção da capital. Ele reúne características singulares, como ser um campus-parque em uma cidade-parque. E assim como a cidade, a criação de um campus sem vinculação espacial prévia – como ocorria em outras universidades à época – foi uma oportunidade ímpar e inovadora.

 

Perante o Governo do Distrito Federal (GDF), a UnB detém certa autonomia para definir seus parâmetros urbanísticos e usos. Por isso, internamente e externamente à Universidade, há momentos de pressão e assédio sobre a ocupação de seus terrenos com localização privilegiada e caracterizada pelos fartos espaços livres. Entre as demandas internas recorrentes há pedidos de edificações de uso exclusivo, contrariando a integração que norteou a proposta acadêmica multidisciplinar inicial da UnB e que foi materializada no edifício multiuso do Instituto Central de Ciências (ICC). Eram outros tempos, é bem verdade, porém, na atualidade, entende-se que a variedade de usos favorece o convívio entre os mais diversos tipos de públicos e torna os edifícios mais agradáveis e com maior vitalidade.

 

Assim como nas cidades, interesses de pequenos grupos podem se sobrepor à estrutura de gestão formal da Universidade. Fica a pergunta: Quem realmente faz o planejamento do território universitário? A resposta é, por vezes, amarga. Em alguns momentos da nossa trajetória profissional na UnB, é por meio da mídia que tomamos conhecimento dos rumos do planejamento físico.

 

Em uma instituição com uma comunidade tão numerosa e diversa é um desafio propor soluções que contemplem anseios divergentes. No planejamento deve prevalecer uma visão holística que considere passado, presente e futuro. No dia a dia, percebe-se a urgência de priorizar temas como a acessibilidade, a modernização da estrutura existente, a integração com a cidade, a prestação de serviços com propostas socialmente referenciadas.

 

O processo de produção do mais recente Plano Diretor do Campus Darcy contou com a participação de profissionais do Ceplan e de equipes multidisciplinares envolvendo técnicos, docentes e discentes. A sinergia entre os diversos membros fez com que essa tarefa complexa fosse recheada de momentos de aprendizado, descontração e muito entusiasmo quanto aos desdobramentos.

 

Para o futuro próximo, vislumbramos que documentos como o Plano Diretor sejam efetivos instrumentos de planejamento e gestão territorial, arquitetônica, urbanística e paisagística dos campi e unidades dispersas da UnB. A esperança e o objetivo maior de cada servidor da área de infraestrutura da universidade é que seu trabalho resulte na melhoria do dia a dia da comunidade universitária.

 

O campus Darcy é uma referência de qualidade arquitetônica. Território que serve como base para atividades de estudo, trabalho, pesquisa, lazer, turismo, celebrações, transgressões. Participar dos bastidores da concepção, planejamento, projeto, construção e manutenção desse território é uma grande responsabilidade, mas também um privilégio. Entre momentos luminosos e sombrios, há de se saudar os bastidores da UnB.

 

E há de se saudar a iniciativa do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (USP) – Casa de Dona Yayá que selecionou o artigo “Memórias, vivências, futuros do planejamento físico na Universidade de Brasília” para o III Seminário Patrimônio Cultural Universitário promovido pelo Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (USP). Nele, há a versão completa de uma narrativa em primeira pessoa de quem está nos bastidores da gestão universitária e tem a incumbência de propor melhorias relacionadas ao patrimônio arquitetônico, urbanístico, paisagístico e natural da Universidade de Brasília. O evento trouxe também relevantes artigos sobre a Universidade de Brasília e outras instituições.

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