Maria Hosana Conceição
Desde a pandemia da covid-19, a Universidade de Brasília (UnB) tem experimentado uma transformação significativa em suas práticas acadêmicas e administrativas. Ferramentas digitais impulsionaram essa evolução, mas a próxima fronteira tecnológica já está à nossa porta: a Inteligência Artificial (IA). Será que estamos prontos para integrar a IA de forma estratégica em nosso ensino, pesquisa e gestão universitária?
As plataformas que transformaram nosso trabalho
Ferramentas tecnológicas como o Office 365 têm sido indispensáveis no dia a dia acadêmico. O Microsoft Teams, por exemplo, revolucionou a forma como realizamos reuniões, defesas de TCC e de mestrado, e atendemos estudantes por meio de seu chat. No entanto, a integração da IA poderia aprimorar essas ferramentas, automatizando tarefas administrativas, analisando padrões de engajamento em reuniões e até sugerindo formas de melhorar a interação com os participantes.
Na graduação da Faculdade de Ciências e Tecnologias em Saúde (FCTS), FCE/UnB, o Aprender 3, do Moodle, tem sido um suporte essencial para as aulas presenciais. Com a IA, essa plataforma poderia ir além: identificar dificuldades de aprendizagem específicas para cada estudante, oferecer conteúdo personalizado e criar trilhas de estudo baseadas em suas necessidades individuais.
Além disso, o Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA/UnB) tem passado por constantes aperfeiçoamentos desde 2020. A integração da IA nesse sistema poderia automatizar relatórios, detectar padrões em dados institucionais e sugerir estratégias para otimizar a gestão acadêmica. Já no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), a IA poderia agilizar ainda mais os processos administrativos, como prever gargalos em fluxos de trabalho e oferecer soluções proativas para sua resolução.
A sobrecarga do trabalho híbrido
Apesar dessas inovações, vivemos uma sobrecarga de tarefas. Não conseguimos desconectar nossas atividades online enquanto voltamos a um ensino predominantemente presencial na graduação e na pós-graduação. Essa sobreposição tem gerado cansaço e dúvidas sobre como otimizar nosso tempo e garantir a qualidade das nossas atividades. Nesse cenário, a IA surge como uma aliada em potencial, podendo assumir tarefas rotineiras e liberar docentes, técnicos e gestores para atividades de maior valor acadêmico.
Socrative e IA: avaliação inovadora e inteligente no ensino da Química Orgânica
Entre as inovações tecnológicas que estamos adotando, destaca-se o uso do Socrative na disciplina de Química Orgânica para o curso de Farmácia da FCTS. Atualmente, essa ferramenta permite criar e aplicar provas interativas com resultados instantâneos. Porém, ao integrar IA ao Socrative, seria possível analisar automaticamente os resultados das avaliações, identificar padrões de aprendizado e sugerir intervenções pedagógicas específicas. Além disso, a IA poderia ser utilizada para gerar questões personalizadas com base no histórico de desempenho dos estudantes, tornando o processo avaliativo ainda mais dinâmico e adaptado às necessidades individuais. Essa funcionalidade não apenas economizaria tempo, mas também elevaria a qualidade do ensino e do aprendizado.
A Inteligência Artificial e a avaliação docente pelos discentes
Outro ponto que merece atenção é como a IA pode contribuir na avaliação docente pelos discentes. Ferramentas de IA poderiam processar os dados das avaliações institucionais de forma mais robusta, identificando padrões e oferecendo insights valiosos sobre o impacto do trabalho dos professores. Com algoritmos avançados, seria possível personalizar relatórios que combinassem feedback qualitativo e quantitativo, sugerindo melhorias pedagógicas e antecipando necessidades de capacitação. Ao integrar essas funcionalidades às plataformas existentes, como o SIGAA e o Aprender 3, a UnB poderia criar um ecossistema acadêmico mais eficiente, onde o feedback dos estudantes não apenas beneficiaria os docentes, mas também aprimoraria a experiência de ensino e aprendizagem como um todo.
Inteligência Artificial: tão forte quanto nós
A UnB já deu passos importantes ao integrar plataformas digitais, mas talvez seja a hora de dar o próximo passo: adotar ferramentas de IA para aliviar a carga administrativa, facilitar a gestão acadêmica e melhorar a experiência de ensino e aprendizagem. Implementar essas tecnologias exige investimento, treinamento e uma reflexão ética sobre sua aplicação, mas os benefícios podem ser substanciais. Com a IA, podemos sonhar com uma universidade que, além de tecnológica, seja mais humana, reservando aos professores, técnicos e gestores mais tempo para o que realmente importa: o ensino, a pesquisa e a transformação social.
Afinal, o futuro do ensino superior passa, inevitavelmente, pela inteligência artificial. Estamos prontos para abraçar essa revolução?
Referência
OPENAI. ChatGPT: Assistente virtual baseado em IA para geração de textos. Disponível em: https://openai.com/. Acesso em: 30 nov. 2024.
ATENÇÃO – O conteúdo dos artigos é de responsabilidade do autor, expressa sua opinião sobre assuntos atuais e não representa a visão da Universidade de Brasília. As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seu conteúdo.