DIVERSIDADE

Estudo é estratégico para proteger e divulgar a existência dos sítios religiosos da capital federal

 


Seguidores de religiões de matriz africana marcaram presença no lançamento de pesquisa desenvolvida na UnB. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

 

Nos terreiros imperam amor, fé, cultura e respeito. Agora, mais de 230 sítios religiosos de matriz afro-brasileira do Distrito Federal possuem endereço e existência cadastrada no Mapeamento dos Terreiros do Distrito Federal. A pesquisa inédita é fruto do trabalho desenvolvido pelo Centro de Cartografia Aplicada (CIGA) da UnB, através do Projeto Geoafro, em parceria com a Fundação Palmares.

 

A entrega oficial do documento reuniu diversas autoridades religiosas, políticas e seguidores do Candomblé e da Umbanda no auditório do Museu Nacional de Brasília nesta quinta-feira (3). Pouco antes do início da solenidade, um ritual simbólico de lavagem aconteceu no lado externo da construção.

 

“O Brasil de matriz africana deixado como invisível, vai ser visível!", declarou com ênfase o professor da UnB e coordenador do Geoafro, Rafael Sanzio. "Esse mapa não é meu, é de todos vocês, que agora possuem um endereço registrado e ocupam oficialmente o seu próprio lugar no espaço geográfico. E este é apenas o primeiro passo para o fim da discriminação”, completou, emocionado. O docente foi bastante aplaudido.

 

Segundo a pesquisa, a maioria dos sítios religiosos do Distrito Federal é de Umbanda, matriz afro-brasileira (57,8%), em seguida predomina o Candomblé, de matriz africana (33,5%). Apenas 8,9% coadunam ambas as religiões. Ceilândia é a região administrativa com mais registros, somando 43 terreiros (18,6% do total). Gama, Santa Maria, Sobradinho e Sobradinho II apresentam, cada uma, 15 sítios religiosos.

 

O estudo aponta também que 87,8% dos terreiros se concentram nos espaços urbanos. Mesmo assim, o quantitativo total registrado pelo Projeto Geoafro ficou abaixo do esperado, uma vez que muitos terreiros se deslocaram para a região do entorno do DF. Alguns por causa da especulação imobiliária, outros pela intolerância contra religiões de matriz africana. 

Decano do DAC, André Reis representou a Reitoria no lançamento da pesquisa de Mapeamento dos Terreiros do DF. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

 

CERIMÔNIA – O decano de Assuntos Comunitários da UnB, André Reis, representou a Reitoria na ocasião. Ele expressou o orgulho da Universidade em participar de forma ativa deste marco. “A UnB é povo, é terra, é tradição. Mas sem a luta de vocês no dia a dia nada disto seria possível. Estaremos a postos para ajudar no que for preciso em termos de ensino, pesquisa e extensão”, disse.

 

Além da entrega do mapeamento, alguns acordos foram assinados na cerimônia. Entre eles, destaca-se a adesão do Governo de Brasília ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), principal medida no sentido da regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial. O DF é a quarta unidade federativa a incorporar resoluções para a promoção de igualdade social.

 

“Esse mapeamento é fundamental para que o governo saiba como garantir segurança aos terreiros, para estes exercerem sua cultura e religiosidade. Não podemos tolerar qualquer tipo de promoção de intolerância racial e religiosa. Nosso país é rico por sua diversidade, que deve ser reconhecida e valorizada”, destacou o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg.

 

O encerramento da festividade ficou por conta da cantora Dhi Ribeiro. A artista preencheu o auditório com sua voz e energia, ritmadas em grandes canções nacionais, como Milagres do Povo, de Caetano Veloso, e Canto das Três Raças, eternizado na voz de Clara Nunes.

 

 

*Estagiário de Jornalismo na Secom/UnB.

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