MEIO AMBIENTE

O programa pretende compreender o comportamento humano diante da problemática

No estudo também vão participar a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Universidade de Pernambuco (UPE), a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). Foto: Mozaniel Silva/Secom UnB

 

Criado este ano, o projeto Determinantes Biopsicossociais na Resposta Individual e Coletiva ao Enfrentamento da Emergência Climática tem como objetivo realizar uma investigação sobre a forma que a sociedade lida com as mudanças no clima, causadas pelo aquecimento global.

 

O projeto lançado pela Rede Resiclima terá duração de dois anos e está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 da ONU, responsável pela Ação Contra a Mudança Global do Clima. Participam dos estudos a Universidade de Brasília e mais sete instituições públicas, entre elas, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

 

A ideia para a construção do projeto surgiu do professor do Centro de Biociências da UFPE Ulysses Paulino de Albuquerque, em um grupo composto por pesquisadores interessados em compreender o comportamento humano, através da psicologia evolucionista.

 

O docente Mauro Dias Silva Júnior, do Departamento de Processos Psicológicos Básicos do Instituto de Psicologia (PPB/IP), representa a UnB no programa e aponta a relevância do trabalho que será feito. “Existem vários estudos informando a impossibilidade de lidar com esse tema sem compreendermos a psicologia e o comportamento das pessoas, para que elas mudem e alinhem aos desafios da emergência climática”, frisa.

“Não temos como garantir, mas, com a posse desses dados, podemos chamar a atenção do poder público”, explica o professor Mauro Dias sobre como os resultados da pesquisa podem ser utilizados. Foto: Arquivo Pessoal 

 

DIMENSÕES – O projeto divide-se em três subgrupos, em que cada um possui metodologia e aspecto de investigação específicos. O objetivo é oferecer, na conclusão da pesquisa, uma resposta à comunidade sobre a melhor forma de enfrentar a situação atual.

 

Mauro Dias coordena a divisão encarregada por investigar como as preferências políticas atuam na resposta à emergência climática.

 

Ele explica que a equipe, formada por discentes da UnB, irá analisar, a partir do final deste ano, aspectos sobre as questões socioeconômicas, orientação política e personalidades dos indivíduos.

 

“Quando tocamos em alguns tópicos, eles se tornam politizados facilmente, seja porque as pessoas concordam ou porque algumas duvidam dos dados científicos, da mudança climática e da covid-19 [durante a pandemia causada pelo vírus]. Elas acreditam em fake news, teorias da conspiração”, conta.

 

“Então é importante entendermos quais são as percepções que as pessoas têm em relação ao que está acontecendo e se as preferências políticas delas  o alinhamento mais à direita, à esquerda, conservador ou liberal  as torna mais ou menos favoráveis a reconhecer a emergência climática”, completa.

 

A previsão para o lançamento os primeiros produtos, incluindo artigos científicos publicados em revistas científicas brasileiras e internacionais, é a partir do segundo ano da pesquisa. “Os participantes, ao final, alunos de graduação e de pós-graduação, vão desenvolver dissertação de mestrado e tese de doutorado”, relata o professor Mauro Dias.

 

Ao falar das maneiras que os resultados da pesquisa que coordena podem ser aplicados na vida da população, o professor destaca: “A nossa percepção é moldada por fatores individuais, sociais, culturais, grupais, e um dos objetivos deste subprojeto é conhecer quais são esses fatores e oferecer possibilidades no futuro para dizermos ‘olha, precisamos trabalhar esse aspecto aqui’”.

 

O docente ressalta o objetivo de, durante a coleta de dados, alcançar o maior número de pessoas com uma linguagem acessível. “Nós temos também uma parte que acho importante que é a divulgação científica. Umas das metas do projeto é fazer esse trabalho ser o mais democrático possível”, acrescenta.

 

O professor cita, entre as metodologias de pesquisa, o uso de Big Data (ferramenta de coleta de informações), em uma parte do projeto para analisar posts nas redes sociais e comentários no X (antigo Twitter).

 

“É um trabalho que vai ser interessante, porque não vai ser por meio de formulário, mas com ferramentas disponíveis na internet e, digamos assim, muito próximo ao que a pessoa realmente faz. Ele pode mostrar as tendências das pessoas quando usam o Google para investigar questões sobre a emergência climática”, exemplifica.

 

 *estagiária de Jornalismo na Secom/UnB

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