RIQUEZA DO BIOMA

Pesquisadores estudam aplicações biotecnológicas de plantas nativas. Produção científica sobre o bioma é assunto de reportagem especial de revista da SBPC 

A professora da FS e diretora da SBPC, Laila Espindola, e a estudante Adalgisa Batista atuam juntas em pesquisa com plantas do Cerrado para desenvolvimento de repelente contra o Aedes aegypti. Imagem: Reprodução/SBPC

 

A Universidade de Brasília abriga projetos protagonistas em pesquisas sobre o Cerrado e para a formação de recursos humanos na área. Dois deles foram destaque em reportagem especial em vídeo da revista Ciência & Cultura, publicada em 2023 pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

 

O material conta a história da estudante de Farmácia Adalgisa Batista e apresenta os trabalhos do Laboratório Professor José Elias de Paula, anexo do Laboratório de Farmacognosia (FS), e do Laboratório de Compostos Bioativos e Nanobiotecnologia (LCBNano/IB). Nas unidades, estuda-se o potencial biotecnológico do bioma que ocupa 25% do território nacional.

 

Estudante de Farmácia da Universidade, Adalgisa Batista estagia no Insetário do Laboratório Professor José Elias de Paula. Ela é moradora de Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal, e cresceu em meio ao Cerrado, o que a tornou uma admiradora do ecossistema. “Eu vejo o Cerrado como um bioma muito resiliente. Assim como ele não se curva para a seca, não se curva para a invasão humana. Sempre resistindo”, compartilha.

 

Egressa de escola pública e primeira de sua família a chegar ao ensino superior, hoje, além de admiradora, Adalgisa é também estudiosa da biodiversidade local. “Foi com o laboratório que eu descobri o quão rico é o Cerrado. No momento, estou trabalhando no Insetário, fazendo a disciplina de estágio e cuidando da criação dos mosquitos Aedes aegypti. Atualmente, a gente faz testes com repelentes e larvicidas para essa espécie", comenta sobre sua atuação, orientada pela professora da Faculdade de Ciências da Saúde (FS) e diretora na SBPC, Laila Espíndola.

 

A docente lidera pesquisas para desenvolver um repelente à base de plantas do bioma contra o mosquito da dengue. "A gente vai ao Cerrado, coleta as plantas, separa as diferentes partes, faz um preparo e faz um extrato de planta. Aquele extrato pode conter centenas de substâncias”, explica Laila.

 

Para além de desenvolver ciência, o laboratório é também um espaço de formação de novos pesquisadores. "A Adalgisa é uma excelente aluna, e quando eu me aposentar, ela vai me substituir. Minha missão para servir o meu pais é formar recursos humanos e construir as condições de pesquisa, que é onde fazemos ciência", ressalta a docente.

 

Já Adalgisa, que viveu uma história familiar de superação para a chegada à Universidade e enfrenta desafios cotidianos para seguir nos estudos, vê na educação a oportunidade de mudança de vida. "No futuro, quero continuar aqui, dando aulas”, projeta.

 

Conheça mais sobre a trajetória de Adalgisa na reportagem completa.

 

APLICAÇÕES MEDICINAIS – No LCBNano, são realizados experimentos com óleos do Cerrado – como de pequi, buriti e andiroba –, com uso de nanotecnologia na manipulação de materiais minúsculos, em nanoescala.

Graziella Joanitti coordena o LCBNano, laboratório onde tem sido investigado o potencial biomedicinal de óleos de extratos de plantas do Cerrado. Imagem: Reprodução/SBPC

 

“O que temos feito hoje são nanoestruturas, pacotinhos nanométricos. A gente sabe que óleo não mistura com água, mas colocando o óleo dentro desses 'nanopacotinhos', a gente faz a mágica, que é dispersar óleo em água. Com isso, a gente amplia as aplicações que esse óleo pode ter”, detalha a docente da Faculdade UnB Ceilândia (FCE) e coordenadora do LCBNano Graziella Joanitti.

 

As pesquisas ali desenvolvidas levaram à descoberta dos efeitos do óleo do pequi contra células de câncer de mama. São indícios que podem levar ao tratamento da doença.

 

A ciência desenvolvida na UnB a partir do Cerrado também se alia aos conhecimentos de comunidades tradicionais. Saiba mais sobre este intercâmbio de saberes assistindo à reportagem completa.

 

BIODIVERSIDADE EM RISCO – O tesouro abrigado pelo Cerrado tem sido alvo de constantes ameaças. De agosto de 2022 a julho de 2023, o bioma perdeu 11.011 km² de vegetação nativa, impacto 3% maior em relação à temporada de 2021 a 2022 (10.688 km²), segundo o Prodes Cerrado. Somente nos cinco primeiros meses de 2023, o desmatamento foi 35% maior que no mesmo período de 2022, justamente em áreas de expansão agrícola.

 

“A agricultura, que é hoje o principal vetor de desmatamento do Cerrado, é a atividade econômica que mais depende da natureza. Depende de condições climáticas estáveis, depende de um solo saudável, depende de polinizadores, depende de controladores de pragas. Então a natureza é uma aliada da agricultura”, comenta a professora da UnB e presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Mercedes Bustamante, que categoriza a ação contra o bioma como um tiro no pé.

A docente ressalta o potencial escondido nas plantas nativas do Cerrado. "Essa enorme quantidade de material genético é também uma fonte enorme de moléculas que podem ser exploradas pela indústria farmacêutica, para cosméticos, para benefícios alimentares. Então, temos um enorme potencial que simplesmente queimamos, derrubamos e substituímos por grandes monoculturas", alerta.

 

Quer saber mais sobre as pesquisa da UnB no Cerrado? Confira a reportagem completa abaixo:

 

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*com informações da revista Ciência & Cultura, da SBPC.

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