RECONHECIMENTO

Docente aposentada do Serviço Social acumula experiências em ensino, pesquisa, extensão e gestão universitária

 

Ao lado da reitora Márcia Abrahão, Denise Bomtempo recebeu, emocionada, o diploma de emérita. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“Não se trata apenas de reconhecimento, mas de um convite a permanecer na instituição.” Foi assim que Denise Bomtempo Birche de Carvalho recebeu o título de Professora Emérita pela Universidade de Brasília, honraria aprovada na 450ª reunião do Conselho Universitário (Consuni), em abril de 2018. A solenidade aconteceu no auditório da Reitoria, na tarde desta quinta-feira (25).

 

Natural de Patos de Minas, Denise Bomtempo atuou como assistente social do Governo do Distrito Federal antes de ingressar como professora da UnB, tendo se dedicado à instituição por 24 anos e acumulando quatro décadas de experiência profissional. Aposentada desde 2017, a docente orienta atualmente alunos de pós-graduação e ainda atua na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

A relação da pesquisadora com a UnB teve início ainda na graduação, quando optou pelo curso de Serviço Social, porque queria “estudar sobre as causas da pobreza no país e entender as razões da profunda divisão social existente no Brasil”. Prova disso foram os inúmeros programas e iniciativas que desenvolveu ao longo de sua carreira, destacando a preocupação em atender crianças e adolescentes em situação de rua.

 

Denise fez questão de agradecer a generosidade de sua indicação pelo Instituto de Ciências Humanas (IH). “Apesar de tudo, a vida é muito bonita, como já dizia Gonzaguinha. É muito bom estar aqui recebendo essa homenagem”, expressou. Ela também disse que espera continuar contribuindo com a instituição. 

Carolina Cassia Bastos Santos, professora da Ufam, apresentou a trajetória de vida da homenageada aos presentes. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Ex-docente do IH da UnB, a professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Carolina Cassia Bastos Santos proferiu o discurso de apresentação da homenageada. Mais do que colega de profissão, Carolina guarda uma relação muito próxima com a homenageada e destacou o incentivo aos estudos e a orientação no mestrado.

 

“O ponto de vista de Denise é sempre para o futuro, numa perspectiva progressista e plural. Apresenta projetos ousados e trabalha incansavelmente para alcançar seus objetivos”, relatou. Os anos 1990 e 2000 foram o período de maior produtividade acadêmica da pesquisadora, especialmente na temática de álcool e outras drogas no Serviço Social. Hoje, ela se dedica aos estudos sobre as políticas internacionais e as influência dos organismos internacionais no combate às drogas.

 

VEIA GESTORA – Tendo ingressado como professora da UnB em 1993, logo Denise Bomtempo tornou-se pioneira ao assumir a condição de chefe e coordenadora de estágio no Departamento de Serviço Social (SER). “Foi na posição de chefia que ela me mostrou o quanto se pode liderar com gentileza e que para avançar é preciso criatividade e inovação”, contou Carolina Bastos.

 

Com a fusão da Associação Brasileira de Serviço Social (Abess) e do Centro de Estudos e Pesquisas em Serviço Social (Cedepss), a docente assumiu a primeira gestão da coordenação nacional da pós-graduação da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss). O nome da revista da associação foi ideia dela – Temporalis – que definiu como “aquela que marca o tempo”.

 

Além disso, também foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Política Social, diretora do Instituto de Ciências Humanas, participou de diversas frentes na Capes e assumiu a gestão de programas nacionais da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas no ano de 2005. 

Familiares de Denise Bomtempo cumprimentaram a nova emérita. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“Era imprescindível ocupar o espaço de gestão universitária para que o projeto ético político profissional do Serviço Social desse o seu recado, e Denise tinha clareza disso”, compartilhou a relatora.

 

Entre 2009 e 2012, Denise assumiu outro importante desafio em sua carreira como decana de Pesquisa e Pós-Graduação. Em sua gestão, realizou o I Seminário de Avaliação da Pós-Graduação da UnB, evento inédito na história do decanato.

 

Em 2013, foi novamente convidada ao cargo de decana, só que dessa vez na área de Assuntos Comunitários. “A presença de um profissional de Serviço Social significava a continuidade de importantes projetos para repensar os programas de assistência, reorganizar as diretorias e incluir as políticas de diversidade”, destacou Carolina, sobre o mandato que foi até 2016.

 

HOMENAGENS – A comitiva de recepção foi formada por familiares da agraciada e representantes do SER: o marido Mauro Birche de Carvalho, os filhos Giordano Bruno e Carolina Bomtempo, a professora emérita da UnB Potyara Amazoneida, a servidora técnico-administrativa Domingas Carneiro e a ex-aluna Maria Teresinha da Silva.

 

Para a reitora Márcia Abrahão, quem está sendo homenageada é a UnB, por contar com mais uma importante figura no rol de professores eméritos. “Eu sou testemunha da capacidade de trabalho, brilhantismo e garra da professora Bomtempo”, elogiou. Márcia sublinhou ainda que a solenidade de emérito é uma das cerimônias mais bonitas do mundo acadêmico, junto com a colação de grau.

 

RECONSTRUÇÃO – A mais nova professora emérita lamentou a recente perda do acervo da Abepss, cuja sede, no ICC, foi atingida por alagamentos causados por forte chuvas na Asa Norte. “Solidarizo-me com toda a comunidade universitária. É uma perda de danos não só materiais como imateriais, devido à importância histórica de documentos de mais de 80 anos.” 

A mesa da cerimônia foi formada pela diretora do IH, Neuma Brilhante, pela reitora Márcia Abrahão e pela professora emérita Denise Bomtempo. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Além disso, Denise Bomtempo aproveitou para falar sobre o momento político e econômico do país, que tem levado as instituições de ensino superior a enfrentar questionamentos e ameaças. “Nunca imaginei que a minha geração, que viveu a ditadura e passou por muitas adversidades de vários governos, voltasse a vivenciar um período tão difícil”, comentou.

 

Na visão da assistente social, alegar que as universidades públicas não produzem pesquisa é desconhecer o processo de construção histórica da produção científica no país. “Precisamos valorizar a função social da universidade”, frisou. Ela recordou o teor de uma faixa colocada por alunos quando ainda estudava na UnB: “A violência é a resposta de quem não tem argumentos”.

 

A diretora do IH, Neuma Brilhante, também reforçou o discurso da homenageada. “O momento é muito preocupante, mas precisamos ampliar esse espaço e não retroceder”, alegou.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.