INTERNACIONALIZAÇÃO

Três continentes estão representados no programa, que traz candidatos de países em desenvolvimento para cursar graduação na Universidade

Representantes da Associação dos Estudantes Africanos deram dicas baseadas em suas experiências como alunos da UnB. Mais da metade dos africanos matriculados na graduação participam do PEC-G. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

A Universidade de Brasília deu as boas-vindas a estudantes do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) na tarde da última sexta-feira (5). Dos 81 participantes que a UnB recebe em 2019, 63 já estão matriculados em cursos de graduação. Dezoito integram o preparatório para o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), requisito para estudar no país.

 

Durante a recepção no auditório da Reitoria, os novos alunos tiveram a chance de conhecer um pouco mais sobre a instituição com representantes da Assessoria de Assuntos Internacionais (INT), da Biblioteca Central (BCE), do Departamento de Saúde Coletiva (DSC/FS) e do Centro de Convivência Negra (CCN).

 

O coordenador do PEC-G na UnB, Rogério Almeida, explicou ter chamado esses convidados para apresentações baseado em levantamento da INT, que aponta os principais problemas que podem afligir os alunos estrangeiros. “Com muita frequência, os estudantes PEC-G passam por dificuldades como preconceito, problemas financeiros, de adaptação à cultura e à língua e, principalmente, aqueles relacionados aos cuidados com a saúde mental”, enumerou. 

Rogério Almeida, da INT, detalhou que 78% dos estudantes PEC-G são africanos e 21% da América Latina e Caribe. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“A adaptação cultural é um dos grandes desafios para nós, africanos”, reforçou Ariana Rodrigues, da Associação dos Estudantes Africanos na UnB, que também teve a chance de conversar com o recém-chegados durante a recepção.

 

Ela alertou que o choque de cultura pode gerar conflitos, uma vez que jovens africanos que vêm para o Brasil podem não estar familiarizados com formas de interação do local. “Já vi acontecer de rapaz ser acusado de assédio em situações que, no meu país, são costumeiras. A diferença de interpretação disso reside na cultura. Nós precisamos entender, mas os brasileiros também”, ponderou a cabo-verdiana.

 

Alban Zossou, representante de assuntos acadêmicos da associação, recomendou ao público que aproveite as chances e não se limite a frequentar aulas. “Não adianta sair do país só para assistir aula. Aqui tem boas pesquisas e podem ser interessantes para a carreira”, aconselhou.

 

Natural de Cuba, Alejandro Salgado teve como principal motivo para vir ao Brasil a namorada, que já morava no país. “Sempre quis estudar fora e isso ajudou. Procurei a embaixada e me informei sobre o programa”, relatou. Para ele, a formação que terá em Administração será mais ampla. “Em Cuba, o administrador é formado pensando no mercado interno. A visão daqui será mais enriquecedora”, comparou.

 

PROCESSO – Para conseguir uma vaga no PEC-G, os postulantes precisam ser originários de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantenha acordos educacionais, culturais ou científicos. Eles não podem ser detentores de nacionalidade ou vistos brasileiros, nem ter concluído o ensino médio no país. 

Rafael Duarte, do MEC, apresentou dados e reforçou a importância do visto para os estudantes estrangeiros. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Selecionados que chegam ao país precisam ter em mente que o mais importante é manter o visto, como lembrou repetidas vezes o consultor do Ministério da Educação (MEC) Rafael Duarte. Ele foi um dos convidados da INT para esclarecer dúvidas dos estudantes. “Já vi casos de alunos que esqueceram de renovar o visto e foram orientados a pedir asilo para continuar no país”, relatou, lembrando que a manobra não é indicada, já que, sem o visto, a parceria deixa de vigorar.

 

Rafael apresentou dados sobre o PEC-G. A média de concluintes da graduação entre aqueles que ingressam pelo programa é de 78%, enquanto a nacional varia de 60% a 65%. “Não deixem que te façam de vítima. A presença de vocês enriquece nossa educação”, afirmou. Ele lembrou ainda que o tipo de visto desses estudantes permite apenas estudar, não sendo facultado ao estudante ter nenhum vínculo empregatício, no máximo estágio ligado à área de formação.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.