REUNIÃO

Encontro reuniu representantes de instituições públicas e privadas. Metodologias inovadoras, educação a distância e saúde mental foram temas em debate

Foto: Audrey Luiza/Secom UnB
Mesa-redonda sobre saúde mental foi uma das atividades do Fórum. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

A Universidade de Brasília sediou nesta semana o primeiro evento regional de 2019 do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação (ForGRAD). O encontro reuniu pró-reitores (que na UnB são chamados de decanos) de instituições de ensino superior públicas e privadas e de institutos federais do Centro-Oeste. Direcionados pela temática Desafios para a educação superior: construindo um ambiente educacional integrado, os gestores trocaram experiência sobre soluções e desafios comuns às instituições.

 

“Uma grande preocupação do ForGRAD é o diálogo com os pró-reitores sobre o lado humano do alunado. Este fórum nos proporcionou refletir sobre a questão e nos abriu caminhos para adotarmos atitudes diferenciadas e mais humanas em nossas instituições”, avaliou a vice-presidente do ForGRAD Nacional, Maria Alice de Melo Fernandes, ao parabenizar a UnB pelas temáticas trabalhadas no encontro.

 

Decano de Ensino de Graduação da UnB e coordenador do ForGrad – Região Centro-Oeste, Sérgio de Freitas destacou que o encontro fortalece a “troca de ideias não só com os pares próximos, mas com outros gestores”. Para o decano, “o diálogo sobre problemas comuns vistos por diversos ângulos é muito enriquecedor e a diversidade de opinião agrega na construção da temática”.

 

BALANÇO – Palestras e mesas-redondas pautaram diálogos sobre educação a distância, instrumentos de avaliação de cursos, políticas de formação docente, metodologias inovadoras na educação superior e saúde mental. O evento aconteceu na segunda-feira (1º) e terça-feira (2), no auditório do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT), campus Darcy Ribeiro.

A vice-presidente do ForGRAD, Maria Alice de Melo Fernandes, e o decano Sérgio de Freitas avaliam que o fórum fortalece laços entre as instituições. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Convidado da mesa-redonda sobre saúde mental, o psiquiatra Arthur Hirschfeld Danila, do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), alertou que condições, como privação de sono e estresse, são comuns nas rotinas de universitários e atuam como fatores de risco para desencadear doenças como depressão.

 

“A depressão é a segunda causa de morte na faixa etária de 15 a 29 anos no mundo. Só perde para causas externas, que são situações como acidentes e homicídios. Talvez os senhores não tivessem conhecimento de quão prevalente é esse quadro”, informou o psiquiatra. “Entretanto, 96,8% dos suicidas tinham, no momento do ato, uma condição psiquiátrica tratável. Ou seja, o suicídio pode ser evitado”, completou.

 

O psiquiatra compartilhou estratégias adotadas pela FMUSP para promover qualidade de vida e saúde mental dos estudantes da unidade. “Construímos uma rede com várias instâncias para que o estudante possa escolher em qual porta se sente mais à vontade para bater”, explicou em referência ao NAE

 

O debate somou informações sobre assédio sexual, com a participação Diana Guimarães Azin, da Procuradoria Federal junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (Ifce). “Temos realizado um programa de prevenção e combate ao assédio sexual. Atuamos para desconstruir convicções equivocadas, como a de que a vítima é a responsável por formalizar a denúncia. Todo servidor público tem o dever de denunciar uma infração quanto tiver conhecimento”, alertou a procuradora-chefe da unidade.

 

Segundo Azin, o assédio sexual é “uma realidade presente em instituições de ensino do país e que não tem sido enfrentada”. “Temos muitos jovens com depressão e ideação suicida, e o assédio sexual é uma causa grave. É dever da escola cuidar dos jovens e protegê-los contra qualquer situação que atinja sua dignidade física e psíquica”, reforçou.

 

Ela informou que a Procuradoria-Geral Federal está elaborando um material formativo e cursos a distância de curta duração que serão oferecido às instituições de ensino para que capacitem seus servidores. “Para se acabar com o assédio sexual deve existir uma decisão política institucional de tolerância zero a esse tipo de prática”, garantiu Azin.

Psiquiatra Arthur Hirschfeld (USP) e psicólogo Ileno Izídio (UnB) falaram sobre saúde mental. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Docente do Instituto de Psicologia da UnB, Larissa Polejack compartilhou que a promoção da qualidade de vida e da saúde mental é uma diretriz prioritária na instituição. “Na UnB a promoção da saúde e qualidade de vida tem sido tratada enquanto projeto institucional, e não como ação isolada de uma unidade”, informou a psicóloga, que está à frente da Diretora de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária do Decanato de Assuntos Comunitários (DAC), criada há dois meses. 

 

O debate foi mediado pelo psicólogo e decano do DAC, Ileno Izídio da Costa. “Todo dia deveríamos cuidar uns dos outros e das nossas relações. É isso que nos caracteriza como humano. Por isso, saúde mental é responsabilidade de todos nós, porque demanda cuidarmos do outro”, completou o decano.

 

Ao final do fórum, os pró-reitores redigiram a Carta de Brasília – ForGRAD Regional Centro-Oeste, versão 2019. O documento será entregue na edição nacional do ForGrad e reúne apontamentos dos pró-reitores do Centro-Oeste a serem apresentados no fórum nacional e, posteriormente, ao Ministério da Educação.

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